Desde 1986, a revista britânica “The Economist” utiliza o chamado Índice Big Mac para determinar a paridade do poder de compra (PPP) em mais de 100 países. O objetivo é comparar o custo de vida dos cidadãos por meio de alguns índices econômicos, como o PIB e a taxa cambial em relação ao dólar norte-americano, considerando o preço do famoso lanche do McDonald’s.
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O resultado mais recente desse cálculo, divulgado no mês passado, revelou que o Brasil tem o Big Mac mais caro do mundo. Considerando a atual desvalorização do real frente ao dólar e o PIB per capita, o lanche para os brasileiros deveria custar 41% menos do que os R$ 16,50 cobrados atualmente nos restaurantes da rede.
Se o levantamento da “The Economist” usa o valor do Big Mac, que é tabelado, apenas entre países, como determinar qual cidade brasileira tem o maior ou menor poder de compra? Nosso país, de proporções continentais, conta com uma enorme diversidade – inclusive do ponto de vista econômico. Para fazer uma comparação entre o custo de vida nas capitais brasileiras, o site de empregos Adzuna se inspirou no estudo da “The Economist” e criou seu próprio balizador: o índice Açaí, um produto brasileiríssimo.
Os critérios avaliados para compor o Índice Açaí
Como a fruta é cultivada apenas nos estados do Amazonas, Pará, Amapá, Maranhão, Rondônia, Acre e Tocantins, a polpa do açaí é congelada e então transportada para todo o país. Portanto, diferente do preço tabelado do Big Mac – que é comercializado pelo mesmo estabelecimento no país todo -, o açaí pode variar bastante de preço.
A Adzuna levantou a média de preço do creme de açaí na tigela de 300 ml nas capitais brasileiras para descobrir onde o produto é mais caro e mais barato. Para a paridade do poder de compra entre as 27 capitais do país, utilizou o próprio banco de dados de sua ferramenta de busca de empregos para determinar os salários médios nas cidades.
Como não há taxa cambial para comparar preços na mesma moeda e o salário mínimo tem base nacional, foi analisada a quantidade de vagas e a média salarial em cada capital. Em seguida, determinou-se quanto tempo o trabalhador leva para receber o equivalente ao custo da mesma quantidade de açaí em sua cidade, considerando a média salarial encontrada.
Veja, na galeria de fotos a seguir, os resultados do levantamento:
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iStock Onde se paga e se trabalha menos por açaí
Como o açaí é cultivado e produzido na região norte, não é surpresa que o produto seja mais barato por lá. A capital do Acre, Rio Branco, é onde se encontra o menor preço do país: R$ 7,50 pela tigela de 300 ml de açaí.
A cidade Rio Branco também se destaca pelo poder de compra, mesmo sendo a segunda capital com menos vagas de emprego ofertadas no site da Adzuna (à frente apenas de Boa Vista). A média salarial é uma das mais altas do Brasil: R$ 2.181. Considerando o custo do açaí e o salário médio, o trabalhador rio-branquense precisa de apenas 33 minutos trabalhados para saborear seu creme na tigela. Mesmo tempo necessário para o trabalhador em Macapá que, apesar de pagar mais pelo açaí (R$ 8,90), tem média salarial basicamente igual a de Rio Branco.
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iStock Nordeste tem o açaí mais caro…
Estava achando que o Índice Açaí revelaria preços mais altos na região sudeste? Enganou-se. A média de preço mais alta do Brasil está, na verdade, em Fortaleza, onde se paga R$ 17,60 pela tigela de 300 ml da iguaria.
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iStock … e a menor média salarial do país
O estudo ainda revela um outro dado negativo no nordeste: é a região com a menor média salarial do Brasil. Por isso, o trabalhador de Fortaleza precisa trabalhar 1h45min para conseguir comprar o açaí mais caro do país – 3 segundos a menos do que o trabalhador de Maceió, que leva o maior tempo de todas as capitais.
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iStock Recife tem média salarial alta
A exceção fica com Recife, que apesar de ainda ter uma média de preço alta para seu açaí (R$ 14), tem a maior média salarial de todas as capitais: R$ 2.747. Sendo assim, o trabalhador de Recife precisa de 49 minutos trabalhados para comprar seu açaí, enquanto o paulistano leva 1h01min.
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iStock Rio de Janeiro: onde o produto é mais consumido
Apesar de o Rio de Janeiro ser o maior consumidor de açaí do país, o preço não varia muito em relação à média nacional de R$ 12,60, que é aproximadamente a praticada na maioria das capitais da região sul e sudeste.
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iStock Comparação internacional
Assim como o Índice Big Mac, o objetivo do Índice Açaí é analisar de forma despretensiosa o poder de compra no Brasil. Aliás, se aqui temos o sanduíche mais caro do mundo, a tigela de açaí nos outros países tem preço médio de US$ 12 – ou R$ 45, no câmbio atual -, R$ 32 a mais do que a média nacional. Portanto, pelo menos ainda temos o açaí mais barato do mundo.
Onde se paga e se trabalha menos por açaí
Como o açaí é cultivado e produzido na região norte, não é surpresa que o produto seja mais barato por lá. A capital do Acre, Rio Branco, é onde se encontra o menor preço do país: R$ 7,50 pela tigela de 300 ml de açaí.
A cidade Rio Branco também se destaca pelo poder de compra, mesmo sendo a segunda capital com menos vagas de emprego ofertadas no site da Adzuna (à frente apenas de Boa Vista). A média salarial é uma das mais altas do Brasil: R$ 2.181. Considerando o custo do açaí e o salário médio, o trabalhador rio-branquense precisa de apenas 33 minutos trabalhados para saborear seu creme na tigela. Mesmo tempo necessário para o trabalhador em Macapá que, apesar de pagar mais pelo açaí (R$ 8,90), tem média salarial basicamente igual a de Rio Branco.