Inspirada nas ideias do Nobel da Paz Muhammad Yunus, a aceleradora de negócios sociais Bemtevi fechou o primeiro semestre de 2018 com R$ 1,7 milhão captado e investido em quatro empresas – entre elas a Pano Social, que produz tecidos a partir de algodão orgânico utilizando a mão de obra de ex-detentos, dentro da proposta de ressocialização dessas pessoas, e a da designer Flávia Aranha, que criou um núcleo de tingimento natural de tecidos usando sementes brasileiras, técnica com baixo impacto ambiental. O Banco Acreditar, de Pernambuco, com foco em microcrédito, e a Asid, consultoria especializada em treinamento para empresas que querem contratar pessoas com deficiência, completam o portfólio.
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Detectar negócios no chamado setor 2.5 (entre empresas de impacto e ONGs) e aproximá-los de investidores é uma das abordagens da aceleradora, que utiliza mecanismos financeiros inovadores para apoiar os empreendimentos. “A Bemtevi capta recursos junto a investidores, especialmente pessoas físicas, que concordam em receber os recursos de volta depois que as empresas que receberam os aportes ganharem consistência”, explica Fernando Simões Filho, sócio-fundador do Bemtevi e membro do conselho de administração do Grupo JSL, gigante do segmento de logística.
Após quatro anos, o dinheiro investido retorna, mas os juros e a correção monetária não, pois são “trocados” pelos benefícios sociais e ambientais trazidos pelos negócios apoiados, explica Simões. Ele dirige a Bemtevi com Eduardo Pedote (ex-Vicunha) e Ricardo Mastroti (ex-Aracruz). A aceleradora também está estruturando um FDIC (fundo de recebíveis) para financiar negócios sociais e uma plataforma de investimentos com base em crowdfunding, que devem entrar em operação até o fim de 2018.