Depois de muito vaivém, o dólar terminou o dia (30) em baixa ante o real, sob influência do noticiário político positivo, embora a formação da taxa Ptax de final de mês, no dia seguinte, e alguma cautela com o mercado externo tenham interferido no movimento durante a sessão.
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A moeda norte-americana recuou 0,40%, a R$ 3,6906 na venda, depois de marcar a mínima de R$ 3,6782 e a máxima de R$ 3,7366. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 0,40%.
“Trouxe tranquilidade a fala sobre Previdência, BC, permanência do Ilan. Mas amanhã tem a formação da taxa Ptax [de fim de mês] e na sexta-feira (2) o payroll [relatório do mercado de trabalho dos Estados Unidos], com o Brasil fechado”, destacou o superintendente da Corretora Correparti, Ricardo Gomes da Silva, mencionando o feriado de Finados na sexta-feira. A Ptax é uma taxa usada na liquidação de diversos derivativos cambiais.
Logo cedo, os investidores já digeriam a informação de que Bolsonaro vai conversar com o governo do presidente Michel Temer na próxima semana para discutir projetos que possam ser aprovados ainda este ano no Congresso Nacional, incluindo a reforma da Previdência.
Em entrevista na véspera, Bolsonaro afirmou ainda que irá tentar impedir que o Congresso aprove neste ano medidas chamadas pautas-bomba – projetos que elevam despesas ou renúncias fiscais –, para que não afetem ainda mais as contas públicas.
Já o futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, negou hoje que o governo planeje vender as reservas internacionais, a não ser no caso de um “ataque especulativo” que fizesse o dólar atingir o patamar de R$ 5.
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Também defendeu a permanência de Ilan Goldfajn como presidente do Banco Central, embora isso ainda não esteja definido, e que o BC deve ser independente e ter mandato não coincidente com o do presidente da República.
Na reta final da sessão, a informação de que o novo governo vai reduzir o número de ministérios para 15 ou 16 e unir a Fazenda com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e com o Planejamento, ajudou a garantir o fechamento em queda para o dólar.
“O comprometimento com a agenda econômica e priorização da mesma é um forte sinal na direção do mercado, mesmo que a execução disso ainda seja complexa em 2018”, destacou a corretora XP em relatório.
O mercado também esteve de olho na possibilidade de o Senado votar o projeto de lei da cessão onerosa, de acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo” de hoje.
A expectativa sobre a rolagem do vencimento de dezembro de swaps cambiais tradicionais – equivalente à venda futura de dólares – trouxe alguma cautela aos investidores mais cedo.
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“O volume é expressivo. O BC tem anunciado sua intenção de rolar geralmente no final do mês. Como o dólar caiu bastante esse mês, há a dúvida sobre se haverá ou não rolagem integral”, disse o gestor de derivativos de uma corretora estrangeira.
No mês até a véspera, o dólar acumulava queda de 8,22% ante o real.
Em dezembro, vencem US$ 12,217 bilhões em swaps cambiais. Além disso, no dia 5 de novembro vencem US$ 900 milhões em linha, que o mercado acredita que o BC pode deixar vencer.
Hoje ainda, o BC vendeu 6.530 contratos de swap cambial tradicional, concluindo a rolagem dos US$ 8,027 bilhões que vencem em novembro.
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas, tendo atingido uma máxima de 16 meses em meio a sinais de que a economia dos Estados Unidos está crescendo mais que a de seus pares. Ante as emergentes, no entanto, o dólar operava majoritariamente em queda.