Reid Hoffman é mais conhecido como cofundador da LinkedIn, mas também atua em investimentos de risco por meio da Greylock Partners, empresa do Vale do Silício que aposta no Airbnb, entre outras companhias.
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Em entrevista realizada por e-mail, Hoffman revela pela primeira vez que destinou US$ 1,5 bilhão de sua fortuna a investimentos de impacto, por meio de entidades filantrópicas (especificamente fundações e fundos assessorados por doadores). Isso faz dele um dos maiores investidores de impacto nos dias atuais.
Ele define o investimento de impacto como “qualquer um feito com o objetivo de melhorar a humanidade de forma progressiva”. Como a FORBES não conta a filantropia como parte do patrimônio líquido das pessoas, a redução da fortuna de Hoffman foi de US$ 1,5 bilhão, o suficiente para ele sair do ranking The Forbes 400 deste ano.
Veja a seguir trechos da entrevista com Hoffman:
FORBES: O que você procura quando faz um investimento de impacto?
Reid Hoffman: Sempre procuro as mesmas razões. Primeiro, busco empreendedores com uma visão ousada e a longo prazo, além da resiliência e criatividade para levar sua ideia ao mercado. Em segundo lugar, gosto de oportunidades e modelos que têm potencial para formar uma escala maciça. Isso pode resolver as necessidades de milhões de pessoas? Bom, então eu procuro insights e vantagens exclusivas. A abordagem deles envolve essa escala de maneira sustentável? Quando os empresários possuem um argumento persuasivo com essas características, estou dentro. Coloco dinheiro em uma organização com o objetivo de que ela se torne autossustentável logo em seguida. Nesse caso, o status fiscal do destinatário não é importante: o eventual retorno sobre o “investimento” é o impacto sustentado dessa organização.
F: Por que investimento de impacto? Quais empresas que você já apoiou?
RH: Penso em todos os meus investimentos que não são de risco como sendo de impacto, porque o objetivo principal é sempre melhorar fundamentalmente a humanidade de alguma forma. Geralmente, invisto em algumas categorias diferentes: apoio esforços para construir e dimensionar a tecnologia de base que, acredito, poder fornecer suporte para a inovação nas próximas décadas. Alguns exemplos são o Mozilla e o OpenAI. Também apoio pessoas que trabalham com inovações em universidades e ONGs, incluindo Stanford, UCSF, MIT, Chan-Zuckerberg Initiative Biohub e Oxford Foundry. Investi em organizações como Segovia, Lxmi, Kiva e Callisto, que constroem soluções tecnológicas para lidar com problemas como a pobreza e a violência sexual. Fiz investimentos em fundos como Endeavor Catalyst, The Rise Fund e The Rise of the Rest Fund, que estão direcionando seus recursos para fomentar o empreendedorismo como uma grande alavanca de melhoria da vida das pessoas. E fiz investimentos em organizações dedicadas ao apoio ambiental, como a Breakthrough Energy Ventures. Nos últimos anos, fiquei muito preocupado com a saúde da nossa democracia aqui nos Estados Unidos. Consequentemente, aumentei substancialmente o meu nível de atividade para promover uma democracia saudável e uma cultura de participação cívica. Também aumentei minhas doações políticas. Meus investimentos recentes nessa área incluem Change.org, uma plataforma de petições global; CrowdPac, uma plataforma de crowdfunding que permite que novos candidatos participem das eleições; Cortico, que busca um jornalismo de verdade; e Popvox, que constrói ferramentas para conectar melhor legisladores e constituintes. Também apoiei bolsas de estudo para os DREAMers, que os ajuda a pagar pela faculdade (os DREAMers são jovens do programa de Ação Diferida para Chegadas de Infância, que protege os imigrantes sem documentos que chegam aos EUA ainda quando crianças).
Às vezes, faço doações mais tradicionais. Há casos em que esse é um uso importante do capital, como a Segunda Colheita de Alimentos, no Vale do Silício, ou o alívio internacional de crises, mas para essas também precisamos de investimentos a longo prazo, para soluções que abordem as causas e possam ajudar a evitar futuras crises.
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F: Quando você começou a fazer investimentos de impacto?
RH: Meu objetivo sempre foi ajudar na evolução que eu gostaria que a humanidade tivesse. Quando comecei a trabalhar, não tinha capital de sobra, então, eu imediatamente me juntei a algumas diretorias sem fins lucrativos para ajudar. Essas diretorias refletiam as habilidades que eu tinha. Um exemplo é a OpenVoice, organização sem fins lucrativos que ajuda adolescentes de todas as rendas a encontrar seu lugar de fala. Após a venda do PayPal para o eBay, em 2002, eu tinha capital para começar a investir. Nesse momento, juntei-me aos conselhos da Mozilla e da Kiva para começar a trabalhar tanto na liberdade na internet quanto no empoderamento econômico nos países em desenvolvimento. E comecei a olhar para os investimentos de impacto.
F: Quanto dinheiro você já investiu até agora?
RH: Até o momento, coloquei um total de US$ 1,5 bilhão em investimentos de impacto, por meio de fundações e fundos assessorados por doadores.
F: Você mede os impactos sociais ou ambientais de seus investimentos? Se sim, como faz isso?
RH: Em alguns casos tenho uma análise nítida entre meu investimento e o impacto que ele terá. Por exemplo, “custa US$ 2.000 para salvar uma vida” ou “custa US$ 5.000 por tonelada métrica de carbono removida da atmosfera”. Portanto, nos casos em que esse tipo de análise se aplica, procuro criar um bem social mensurável.