No último dia 22 de outubro, um explosivo foi encontrado na casa de George Soros, no condado de Westchester, em Nova York. Um funcionário descobriu o pacote e chamou a polícia. O bilionário não estava em casa.
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George Soros é um grande ativista e filantropo, que já destinou grande parte de sua fortuna no apoio a causas liberais e que tem sido difamado pela direita ideológica dos Estados Unidos. Para um porta-voz de sua fundação, Open Society Foundations, a explicação para o incidente se deve à conjuntura política.
“A retórica odiosa que domina a política nos EUA e em tantos países ao redor do mundo gera extremismo e violência”, afirmou o porta-voz. “Neste clima de medo, falsidades e crescente autoritarismo, a simples expressão de suas opiniões pode atrair ameaças de morte.”
No Twitter, Soros foi falsamente ligado à caravana de pessoas da América Central que atravessam o México rumo aos EUA.
Soros fugiu de seu país natal, a Hungria, em 1946, após a Segunda Guerra Mundial. Ele trabalhou como porteiro ferroviário e garçom para conseguir uma vaga na universidade London School of Economics. Mais tarde, mudou-se para Nova York, onde trilhou seu caminho para Wall Street e começou seu primeiro fundo de cobertura, o Quantum Fund, com US$ 12 milhões. Em 1992, ele teve um papel importante na desvalorização da libra e supostamente obteve um lucro de US$ 1 bilhão. Assim, Soros ficou conhecido como o homem que quebrou o Banco da Inglaterra.
O bilionário, desde então, doou bilhões para promover os direitos humanos e a democracia em todo o mundo, por meio de sua fundação. Ele também tem apoiado uma série de grupos liberais, incluindo a Planned Parenthood, a American Civil Liberties Union e a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Intersexuais. Na esfera política, tem sido um grande doador para candidatos do Partido Democrata, como John Kerry, Barack Obama e Hillary Clinton.
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Aos 88 anos, Soros é um dos maiores filantropos da América. Ao longo de sua vida, já doou US$ 32 bilhões para entidades filantrópicas, o que o coloca atrás apenas de Bill Gates (que doou US$ 35,8 bilhões) e Warren Buffett (US$ 35,1 bilhões).
O volume de doações em relação ao seu patrimônio líquido faz com que o bilionário tenha destinado mais dinheiro do que qualquer outro membro atual da lista Forbes 400: 79% de sua fortuna foi direcionada para a caridade. Ele aumentou suas doações nos últimos anos e, em 2017, anunciou que havia transferido US$ 18 bilhões para a Open Society Foundations. Isso afetou seu patrimônio, que chegou a US$ 23 bilhões na época e agora vale cerca de US$ 8,3 bilhões.
Desde 1993, a Open Society Foundations já distribuiu mais de US$ 14 bilhões, em grande parte, para grupos que promovem os direitos humanos básicos e os princípios de um governo democrático, como a Anistia Internacional e a ONU Mulheres. Em 2016, o imigrante Soros disse que US$ 500 milhões seriam destinados a ajudar refugiados, particularmente, aqueles que chegam à Europa.
Soros também se colocou no centro das guerras culturais dos Estados Unidos, ao doar para grupos que apoiam o aborto, promovem os direitos LGBT e buscam refrear os abusos cometidos pela polícia.
Como resultado, foi criticado por muitos à direita por manejar sua enorme fortuna para realizar uma agenda de esquerda. Ele também virou assunto de uma série de teorias da conspiração. No início deste mês, o presidente dos EUA, Donald Trump, tuitou que as pessoas que protestavam contra a nomeação do jurista Brett Kavanaugh para a Suprema Corte haviam sido pagos por Soros para fazer isso. No fim do mês de outubro, o congressista republicano Matt Gaetz sugeriu que Soros pagava uma caravana de imigrantes que vinham de Honduras aos EUA. Além disso, a atriz Roseanne Barr acusou Soros de colaborar com grupos nazistas. Um porta-voz do bilionário negou todas as alegações.
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Os ataques provavelmente não abalarão Soros. “Meu sucesso no mercado financeiro me deu um grau maior de independência do que a maioria das outras pessoas possui. Isso permite que eu possa me posicionar sobre questões controversas. Na verdade, isso me obriga a fazer isso”, escreveu o bilionário certa vez.