O Banco Votorantim fechou parceria com a fintech de origem israelense Weel para operar desconto de duplicatas para empresas pequenas e médias, reforçando a aproximação entre bancos e plataformas independentes para operar no crédito.
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Pelo acordo, o Banco Votorantim entra com funding e a Weel com um modelo de análise de risco de crédito de um banco de dados de 400 mil empresas no Brasil.
Fundada em 2014 em Tel Aviv pelos brasileiros radicados em Israel Simcha Neumark e Shmuel Kalmus, e pelo norte-americano Russell Weiss, a Weel oferece antecipação de recebíveis a empresas com um faturamento anual de uma faixa média de R$ 500 mil a R$ 3 milhões.
Os sócios no negócio estimam que existam no país cerca de 600 mil empresas com esse perfil, movimentando cerca de R$ 80 bilhões por ano com antecipação de duplicatas.
“Esse público está desassistido, especialmente em regiões mais distantes das grandes cidades, porque os grandes bancos só têm braços para atender empresas maiores”, disse o presidente da Weel, Simcha Neumark.
Como faz uma avaliação mais detalhada de risco – usando até 15 mil informações – do que as que são realizadas por bancos, a fintech afirma oferecer taxas de antecipação individualizadas, dependendo do perfil dos emissores das duplicatas.
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Como isso lhe garante uma taxa de inadimplência de ao redor de 1%, cerca de um quarto da média do mercado, a Weel afirma antecipar os recursos a taxas também bastante inferiores às praticadas pelo mercado, que chegam a ser maiores do que 5% ao mês, e em minutos, mesmo em dias sem expediente bancário.
No ano passado, a fintech antecipou cerca de R$ 150 milhões, usando recursos de investidores. Com o início da aliança com o Banco Votorantim, esperada para entrar em atividade dentro de dois a três meses, o ritmo de expansão dos desembolsos, que vem crescendo cerca de 30% mês a mês, tende a acelerar, disse Neumark, presidente da Weel.
A fintech tem 85 funcionários, sendo 45 em São Paulo. Ainda em 2019, planeja começar a operar também no Chile e no México.
A parceria envolveu uma rodada de investimentos de US$ 6 milhões na Weel liderada pelo Banco Votorantim, da qual também participaram os fundos de capital de risco Monashees e Mindset Ventures, que já eram sócios da fintech.
O banco aproveitou a oportunidade para substituir seu sistema interno de checagem e monitoramento de duplicatas para passar a usar o da Weel.
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“Consideramos fazer nosso próprio negócio de antecipação eletrônica de recebíveis, mas percebemos que não era o melhor caminho”, disse à Reuters o diretor de corporate e banco de investimento do Banco Votorantim, Ricardo Fajnzylber.
O movimento reforça o esforço de grandes bancos do país para ampliar a oferta de crédito, que encolheu por cerca de três anos na esteira da forte recessão econômica. Considerado de risco mais elevado, o financiamento a pequenas e médias empresas foi um dos que caíram mais forte.
A Reuters publicou ontem (16) que investidores estão montando centrais para registro de títulos de pequenas empresas, em um marco regulatório liderado pelo Banco Central ilustrado pelas chamadas duplicatas eletrônicas.
A parceria do Banco Votorantim com a Weel mostra também a crescente aproximação dos grandes bancos de varejo com as fintechs, que se multiplicaram no país com oferta do produtos financeiros isentos de tarifas e com juros bem inferiores aos praticados no mercado.
Banco do Brasil e Bradesco fizeram parcerias semelhantes com fintechs por meio do CBSS, outro banco que controlam em sociedade, oferecendo recursos para empréstimos ao varejo. O próprio Banco Votoratim, que tem o BB como sócio, fechou no ano passado acordo do mesmo tipo com a fintech Neon.