Se você espera conseguir uma editora para publicar um livro utilizando apenas sua conta no Instagram, a boa notícia é que você não precisa alcançar a marca de Kim Kardashian, de 124 milhões de seguidores, para conseguir o feito. A plataforma de compartilhamento de fotos se tornou uma fonte de livros e uma porta de entrada para a publicação para muitos perfis que começaram como um capricho ou um esboço de criatividade.
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Dê uma olhada na lista de contratos da Publishers Marketplace e você encontrará inúmeros adjetivos, como “influenciador do Instagram”, “artista do Instagram” e “poeta do Instagram”. Livros têm sido vendidos com base nas mais diversas contas da rede social, desde o “We Should All Be Mirandas”, do usuário @everyoutfitonsatc, inspirado no filme “Sex and the City”, até “Bento Power”, da fotógrafa japonesa @shisodelicious, e “Baseball Card Vandals”, do perfil homônimo voltado para os fãs de baseball. No entanto, é necessário ter algumas coisas em mente para tentar fechar um acordo.
Veja, na galeria de fotos abaixo, o que é preciso saber para publicar um livro usando um perfil do Instagram:
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Getty Images Quantos seguidores são necessários para conseguir um contrato
Apesar de um bom número de seguidores ajudar a estabelecer sua audiência, da mesma forma que artigos virais se tornaram livros, não há um número mágico que colocará seu livro instantaneamente nas prateleiras das livrarias. Segundo Rachel Vogel, uma agente literária da Dunow, Carlson & Lerner Literary Agency, editores e agentes levam em consideração mais do que apenas o número de seguidores do perfil.
Isso faz sentido, já que é fácil simplesmente clicar em um botão após ver uma única foto intrigante de um usuário na rede social. A decisão de comprar o livro é mais complicada, e cara. “O conteúdo precisa ser independente. Nos últimos anos, ficou claro que nem toda página de sucesso no Instagram se traduz em vendas de livros”, afirma Rachel. “Fotografia de animais atingiu um ápice fantástico, graças ao livro ‘Underwater Dogs’, mas, com o passar do tempo, as pessoas começaram a ficar entediadas desse assunto e as vendas caíram”, conta.
Se você estiver pensando que o seu número de seguidores não vai servir para conseguir o contrato, esse não é necessariamente o caso. Rachel explica qual é o papel de ter uma audiência no Instagram, ao avaliar a proposta para um acordo. “Perfis no Instagram que conseguem acordos para publicar livros têm seguidores que fazem mais do que apenas sorrir ao ver as fotos postadas. Esses perfis encontram seu conteúdo republicado por outros usuários e compartilhado por pessoas que nem estão no Instagram. Esses são os sinais de que um livro do Instagram sairá da internet para as prateleiras das lojas”, afirma.
Segundo Jen Bilik, CEO e fundadora da editora Knock Knock, o Instagram é atualmente a maior fonte de talentos. A Knock Knock, que, além de publicar livros, cria itens de presente, tem diversas publicações baseadas em perfis da rede social, incluindo “Shit Gardens”, de fotografia de jardinagem, “Groomed”, com fotos engraçadas de cachorros, e “50 Totally Stupid Real-Life Reasons to Work Out by Stupid Fit Couple”, sobre bem-estar e exercícios físicos.
Embora a plataforma seja um solo fértil para a publicação de livros, Jen ressalta que não se trata de números para conseguir a atenção de alguém. “A Knock Knock procura por conteúdo de qualidade, em vez de apenas uma comunidade de seguidores, afinal, estamos criando um livro, e não um feed de uma rede social”, explica a editora. “Não dá para prever quais perfis conseguem virar um livro bem-sucedido. Nós descobrimos que a taxa de conversão de seguidores para vendas de livros não está sempre relacionada à taxa de engajamento. Não dá para prever quando os usuários comprarão os livros.”
Jen enfatiza que não há um número específico de seguidores pelo qual procuram, e o que mais conta são “ideias, vozes, criatividade e capacidade”. Ela diz que, apesar de ser mais seguro de um ponto de vista do marketing quando um autor tem mais seguidores (o que, para a Knock Knock, são cerca de 50 mil), eles estão interessados em perfis com um número menor de seguidores, mas cujo trabalho combine com a sensibilidade da empresa. Um exemplo é o “50 Totally Stupid Real-Life Reasons to Work Out by Stupid Fit Couple”, cujo perfil, na época do lançamento do livro, tinha 8 mil seguidores. Atualmente, o perfil tem 12 mil.
Nem todo livro baseado em uma conta do Instagram tem um aspecto visual elaborado. Poetas também têm utilizado a rede social para construir sua audiência e se transformar em escritores. “Um grande número de seguidores pode colaborar, mas não é essencial”, afirma Kirsty Melville, presidente e editora da Andrews McMeel Publishing, em entrevista à FORBES. “Nós temos uma poeta que tinha menos de 2 mil seguidores quando assinamos com ela. Fizemos isso por causa da qualidade do material e do título, que é muito forte”, acrescenta. Para Kirsty, conteúdo de qualidade e um engajamento forte têm a mesma importância na hora de avaliar os perfis. “A comunidade de um poeta costuma apoiar bastante e, se esses fãs estão engajados o suficiente para comentar e compartilhar, isso geralmente leva a boas vendas.”
É importante pontuar que nem toda conta bem-sucedida no Instagram vale para a publicação de um livro. O que pode funcionar no feed da rede social pode não ser tão coerente, engraçado ou interessante quando impresso no papel. “Livros exigem um princípio mais organizado do que um perfil na rede social”, diz Jen. “Enquanto um perfil precisa de uma visão, uma sensibilidade e uma personalidade, um livro precisa de uma razão mais narrativa para existir.”
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Getty Images Usuários podem conseguir acordos mesmo quando não esperam
Emma Lee é a usuária que atende pelo pseudônimo “Hidden Heartbreak” no Instagram, perfil que atualmente tem 117 mil seguidores, e a autora do livro homônimo, publicado pela Andrews McMeel Publishing. Emma criou o perfil em fevereiro de 2017, em busca de um lugar para divulgar seu trabalho artístico sobre a dor do término de um relacionamento, sem a intenção de fazer um livro. “Eu só queria um espaço para me expressar, para exercitar minha criatividade e trabalhar minhas emoções”, comenta a autora à FORBES. “Eu escolhi o Instagram simplesmente por estar mais voltada para um aspecto visual.”
Apesar de Aaron Denius, uma das metades do casal do livro “Stupid Fit Couple”, já ser um escritor e roteirista, quando ele começou o perfil com sua namorada, Karley Philips, eles não tinham um livro em mente. “Nós só estávamos em busca de uma motivação para ficar em forma e, ao mesmo tempo, compartilhar as nossas personalidades bobas. Percebemos que havia várias contas voltadas para o bem-estar que tinham uma abordagem séria, ignorando a diversão”, conta, em entrevista. Quando a editora Knock Knock fez a proposta para a publicação de um livro, eles logo imaginaram dez possibilidades diferentes, o que resultou no “50 Totally Stupid Real-Life Reasons to Work Out”.
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Getty Images Quanto material inédito é necessário para um livro
Um aspecto fundamental que você precisa saber para conseguir um contrato é que não poderá reutilizar todo o material já publicado no seu perfil do Instagram. A autora Emma Lee estima que 75% do seu livro é inédito. Ela teve seis meses para criar cerca de 150 desenhos novos. Com um prazo determinado para a entrega do livro, pode ser que o ritmo de suas publicações na rede social diminua, seja para tirar fotos ou fazer desenhos. Resumindo, é necessário ter um planejamento.
Você também precisa estar preparado para ser flexível no que diz respeito ao título do livro e ao perfil no Instagram. Quando a agente literária Erin Hosier, da Dunow, Carlson & Lerner Literary Agency, vendeu a obra de Molly Schiot sobre a história de atletas pioneiras para a editora Simon & Schuster, o perfil da autora se chamava Butch History. Elas decidiram mudar o nome da conta para @theunsungheroines, para representar melhor o conteúdo do livro, que foi intitulado “Game Changers: The Unsung Heroines of Sports History” (“Mudando o Jogo: As Heroínas Ocultas na História dos Esportes”, em tradução livre).
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Getty Images Como fazer a proposta para seu livro inspirado no Instagram
Se você quer ser representado por um agente literário, é preciso oferecer mais do que uma simples planilha de dados, embora também precise dela. Para uma proposta de livro inspirada no Instagram, a agente Rachel Vogel afirma que vai querer saber seu número atual de seguidores, o crescimento desse número por mês e a prova de que seu público está fazendo mais do que simplesmente clicar no botão de curtir, marcando amigos nos comentários ou perguntando se você vai lançar um livro. Da mesma forma que acontece com qualquer proposta de livro, você precisará mostrar como planeja aproveitar sua plataforma, e não apenas mostrar que ela existe. “Eu também estou interessada em saber qual é a visão para o livro”, diz. “Se é um perfil de fotografias, então, como você pretende apresentá-las de uma maneira diferente de sua página na rede social? Como você vai levar as pessoas a pagarem entre US$ 15 e US$ 25 pelo livro?”.
Quantos seguidores são necessários para conseguir um contrato
Apesar de um bom número de seguidores ajudar a estabelecer sua audiência, da mesma forma que artigos virais se tornaram livros, não há um número mágico que colocará seu livro instantaneamente nas prateleiras das livrarias. Segundo Rachel Vogel, uma agente literária da Dunow, Carlson & Lerner Literary Agency, editores e agentes levam em consideração mais do que apenas o número de seguidores do perfil.
Isso faz sentido, já que é fácil simplesmente clicar em um botão após ver uma única foto intrigante de um usuário na rede social. A decisão de comprar o livro é mais complicada, e cara. “O conteúdo precisa ser independente. Nos últimos anos, ficou claro que nem toda página de sucesso no Instagram se traduz em vendas de livros”, afirma Rachel. “Fotografia de animais atingiu um ápice fantástico, graças ao livro ‘Underwater Dogs’, mas, com o passar do tempo, as pessoas começaram a ficar entediadas desse assunto e as vendas caíram”, conta.
Se você estiver pensando que o seu número de seguidores não vai servir para conseguir o contrato, esse não é necessariamente o caso. Rachel explica qual é o papel de ter uma audiência no Instagram, ao avaliar a proposta para um acordo. “Perfis no Instagram que conseguem acordos para publicar livros têm seguidores que fazem mais do que apenas sorrir ao ver as fotos postadas. Esses perfis encontram seu conteúdo republicado por outros usuários e compartilhado por pessoas que nem estão no Instagram. Esses são os sinais de que um livro do Instagram sairá da internet para as prateleiras das lojas”, afirma.
Segundo Jen Bilik, CEO e fundadora da editora Knock Knock, o Instagram é atualmente a maior fonte de talentos. A Knock Knock, que, além de publicar livros, cria itens de presente, tem diversas publicações baseadas em perfis da rede social, incluindo “Shit Gardens”, de fotografia de jardinagem, “Groomed”, com fotos engraçadas de cachorros, e “50 Totally Stupid Real-Life Reasons to Work Out by Stupid Fit Couple”, sobre bem-estar e exercícios físicos.
Embora a plataforma seja um solo fértil para a publicação de livros, Jen ressalta que não se trata de números para conseguir a atenção de alguém. “A Knock Knock procura por conteúdo de qualidade, em vez de apenas uma comunidade de seguidores, afinal, estamos criando um livro, e não um feed de uma rede social”, explica a editora. “Não dá para prever quais perfis conseguem virar um livro bem-sucedido. Nós descobrimos que a taxa de conversão de seguidores para vendas de livros não está sempre relacionada à taxa de engajamento. Não dá para prever quando os usuários comprarão os livros.”
Jen enfatiza que não há um número específico de seguidores pelo qual procuram, e o que mais conta são “ideias, vozes, criatividade e capacidade”. Ela diz que, apesar de ser mais seguro de um ponto de vista do marketing quando um autor tem mais seguidores (o que, para a Knock Knock, são cerca de 50 mil), eles estão interessados em perfis com um número menor de seguidores, mas cujo trabalho combine com a sensibilidade da empresa. Um exemplo é o “50 Totally Stupid Real-Life Reasons to Work Out by Stupid Fit Couple”, cujo perfil, na época do lançamento do livro, tinha 8 mil seguidores. Atualmente, o perfil tem 12 mil.
Nem todo livro baseado em uma conta do Instagram tem um aspecto visual elaborado. Poetas também têm utilizado a rede social para construir sua audiência e se transformar em escritores. “Um grande número de seguidores pode colaborar, mas não é essencial”, afirma Kirsty Melville, presidente e editora da Andrews McMeel Publishing, em entrevista à FORBES. “Nós temos uma poeta que tinha menos de 2 mil seguidores quando assinamos com ela. Fizemos isso por causa da qualidade do material e do título, que é muito forte”, acrescenta. Para Kirsty, conteúdo de qualidade e um engajamento forte têm a mesma importância na hora de avaliar os perfis. “A comunidade de um poeta costuma apoiar bastante e, se esses fãs estão engajados o suficiente para comentar e compartilhar, isso geralmente leva a boas vendas.”
É importante pontuar que nem toda conta bem-sucedida no Instagram vale para a publicação de um livro. O que pode funcionar no feed da rede social pode não ser tão coerente, engraçado ou interessante quando impresso no papel. “Livros exigem um princípio mais organizado do que um perfil na rede social”, diz Jen. “Enquanto um perfil precisa de uma visão, uma sensibilidade e uma personalidade, um livro precisa de uma razão mais narrativa para existir.”