De fraudes de e-mail a ransomwares, o cibercrime pode assumir muitas formas. Nos últimos anos, a criptomoeda tornou-se o detergente preferido dos criminosos para lavagem de dinheiro. A informação do ano passado é que US$ 5,2 bilhões foram lavados por meio de criptomoedas apenas na Europa. Como resultado, tem havido uma chamada de governos de todo o mundo para introduzir regulamentos anti-lavagem de dinheiro criptografado.
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Como casos desta natureza continuam ocorrendo, os investidores estão ficando cansados de investir em criptomoedas. Nos últimos meses, a valorização do mercado em questão caiu impressionantes 75%. Para que isso mude, é preciso implementar regulamentações que impeçam que cibercriminosos lavem dinheiro por meio da mercado de criptografia.
Por que quem lava dinheiro faz uso das criptomoedas?
As criptomoedas têm níveis baixos de regulamentação e não são ministradas por uma autoridade central, o que significa que as transações não podem ser monitoradas de perto. Isso as torna um refúgio para atividades criminosas em todo o mundo.
Com o aumento da globalização, as criptomoedas também se tornaram atraentes graças à sua capacidade de transportar facilmente milhões através das fronteiras sem detecção. As transações não exigem nomes reais, por isso é fácil para um criminoso permanecer não identificado à medida que ele se movimenta e usa criptografia. A Autoridade Bancária Europeia (EBA) explicou que os ativos criptografados geralmente estão fora do escopo dos regulamentos financeiros da UE, por isso é difícil criar um contexto em torno de movimentações individuais.
Com a crescente popularidade dos mercados peer-to-peer (sistema de informática que elimina a necessidade de um servidor central), como o Silk Road e o AlphaBay, os cibercriminosos têm comprado e vendido moedas virtuais enquanto permanecem anônimos. Sem estar perto de rastrear a fonte para os ganhos ilícitos, os governos e as agências de aplicação da lei não podem evitar essa atividade.
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Também existem outras plataformas peer-to-peer, como Uber e Airbnb, exploradas por cibercriminosos. Escondidos entre uma riqueza de transações honestas, criminosos inovadores são capazes de lucrar criando perfis de motoristas falsos, enquanto os reais podem explorar outras tecnologias, como aplicativos fakes de GPS, para aumentar as tarifas. A prática global do uso da web significa que os lavadores de dinheiro podem facilmente esconder seus lucros ilícitos entre os legítimos, bem como mover discretamente esses pagamentos para além das fronteiras.
O que a criptografia pode aprender com a regulamentação financeira tradicional?
É certo que os sistemas bancários tradicionais também têm dificuldades quando se trata de deter as transações ilícitas, especialmente com o aumento da tecnologia, que resultou em processos mais complexos de lavagem de dinheiro.
No entanto, os desenvolvimentos tecnológicos também aumentaram a eficácia dos sistemas de combate à lavagem de dinheiro, ao ajudar as instituições financeiras a identificarem comportamentos criminosos em suas redes. À medida que as agências atualizam seus sistemas de monitoramento transacional com tecnologias de detecção mais rigorosas, há um avanço na captura de bandidos.
A União Europeia tomou, recentemente, medidas para garantir que as trocas criptografadas tenham que cumprir as regulamentações da entidade contra a lavagem de dinheiro, como qualquer outra moeda ou transação.
A lavagem de dinheiro é uma questão extremamente complexa e difícil de identificar. Como os bancos tradicionais estão na linha de fogo por perderem capital para a atividade criminosa, é importante focar no mercado de criptografia e introduzir regulamentações mais rigorosas neste espaço.
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Embora a criptografia tenha um grande potencial, até que instituições financeiras, mercados e governos tomem medidas abrangentes e colaborativas para estreitar as fronteiras e impor regulamentações mais rigorosas no espaço criptográfico, moedas virtuais continuarão a ser contaminadas por atividades ilegais, o que coloca seu valor de mercado em situação vulnerável.