A CSN ainda tem mais de R$ 3 bilhões, de um total de R$ 5 bilhões, para levantar este ano por meio de venda de ativos e operações financeiras, em uma estratégia para reduzir o nível de endividamento do grupo de siderurgia e mineração.
LEIA MAIS: Lucro líquido da CSN dispara no 4º tri: 370% maior
Além dos recursos, o plano da CSN para reduzir até o fim do ano sua alavancagem para três vezes a dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) inclui expectativas de crescimento da demanda por aço no Brasil. Esse quadro, inclusive, motivou o grupo a anunciar hoje (21) uma alta de 10% a 15% em seus preços de aços vendidos no Brasil a partir de 25 de março.
“Nosso compromisso de desalavancagem vai ser alcançado. Esses R$ 3 bilhões vão ser viabilizados de alguma forma, seja via operação financeira ou venda de ativos ou ambos”, disse o presidente-executivo da CSN, Benjamin Steinbruch, em teleconferência com analistas.
“E com melhores volumes [de vendas de aço e minério de ferro], tenho certeza que vamos surpreender com a entrega daquilo que nos foi desafiado pelo mercado, ou seja, nos aproximar de 2,5 vezes a dívida líquida sobre Ebitda”, afirmou o executivo, apesar da meta oficial da CSN ser de três vezes.
A empresa, que alguns anos atrás atingiu um arriscado nível de alavancagem de 8,5 vezes, vem desde então renegociando dívidas, vendendo ativos e investindo em melhoria de suas operações. A companhia terminou 2018 com uma relação de dívida de 4,55 vezes depois de vender usinas nos Estados Unidos e renegociar débitos junto ao Banco do Brasil e Caixa.
Segundo o diretor financeiro, Marcelo Ribeiro, os ativos que estão na mira de venda da CSN neste ano incluem a usina alemã SWT, que está em fase de propostas vinculantes, uma negociação de venda antecipada de minério de ferro (streaming) e as ações preferenciais que detém da rival Usiminas.
“Neste universo de opções, podemos levantar R$ 3 bilhões para alcançarmos a meta de 3 vezes”, disse Ribeiro, sem dar detalhes sobre quais operações a CSN vai efetivamente realizar para cumprir o objetivo.
Ontem (20), a siderúrgica anunciou contrato com a Glencore para um período de cinco anos de fornecimento de 22 milhões de toneladas de minério de ferro, avaliado em US$ 500 milhões.
SAIBA TAMBÉM: CSN promete tratar 100% dos rejeitos a seco em 2019
OPERACIONAL
Diante das expectativas de retomada da economia, a CSN espera elevar suas vendas de aço este ano em pelo menos 10% no Brasil, após alta de 17% em 2018, disse o diretor comercial Luis Fernando Martinez. Para isso, a empresa pretende redirecionar ao mercado interno parte de suas exportações, disse o executivo.
Depois de ver um arrefecimento na demanda por aço no início do ano, Martinez avalia que uma recuperação deve começar a aparecer após o Carnaval. “O setor automotivo continua esperando 10% de crescimento em 2019… O segmento de bens de capital espera alta de 5% a 7% e a construção civil aguarda de 2% a 3%”, disse Martinez.
Ao comentar a decisão de reajuste de preços de aço no fim de março, após um aumento de 6% a 8% em janeiro, o executivo afirmou que o setor siderúrgico vive atualmente com preços no mercado interno abaixo do nível internacional. O chamado “prêmio”, segundo ele, está negativo em 7% a 12% entre os distribuidores de aço plano no país.
“Temos uma situação perfeita de oferta e demanda para melhorar nossa rentabilidade”, disse Martinez, referindo-se a cortes temporários de capacidade produtiva da indústria este ano, algo que inclui, além da CSN, a Gerdau, que informou mais cedo que vai parar o alto forno de sua usina em Ouro Branco (MG) para manutenção também por 60 dias.
Esta manutenção no forno da CSN está incluída na projeção de investimento de R$ 1,5 bilhão a ser desembolsado pela companhia neste ano, disse o diretor financeiro, Marcelo Ribeiro. Ele acrescentou que os desembolsos de 2020 devem ficar acima deste ano, dependendo do sucesso no processo de desalavancagem. Em 2018, a CSN investiu R$ 1,32 bilhão.
Às 14h33, as ação da CSN eram destaque de alta do Ibovespa, avançando 5,1%, impulsionadas pelo resultado do quarto trimestre e pelo anúncio do acordo com a Glencore, antecipado pela Reuters.