O dólar avançava ante o real na manhã de hoje (6), acompanhando o movimento contra moedas emergentes, após um discurso de Estado da União do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que não trouxe grandes surpresas, mas levantou o temor de uma nova paralisação do governo no país.
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Às 10h34, a moeda avançava 0,80%, a R$ 3,6959 na venda, depois de encerrar na véspera (5) com recuo de 0,17%, a R$ 3,6664. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,7%.
Em seu discurso de Estado da União na noite de ontem, Trump não ofereceu grandes surpresas, mas não recuou sobre o muro na fronteira com o México, exercendo ainda mais pressão para que parlamentares aprovem o financiamento.
Isso trouxe temores de uma nova paralisação no governo dos EUA, com Trump pedindo que os democratas e os republicanos encontrem um acordo até o prazo final de 15 de fevereiro.
“O mercado fica receoso de uma paralisação em breve… Havia alguma expectativa de alívio no tom que tange a essa exigência de financiamento para o muro”, afirmou o operador de câmbio da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado. “Isso, de certa forma, preocupa grande parte do mercado. Porque se ficar essa rigidez dos dois lados, estaremos caminhando para uma nova paralisação”, avaliou.
O mercado também aguardava o tradicional discurso em busca de comentários específicos sobre os acordos comerciais entre EUA e China. O presidente não entrou em detalhes, reiterando apenas que um acordo com Pequim só será possível se o outro lado concordar com uma “mudança estrutural real”.
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Do lado doméstico, o foco segue na reforma da Previdência. Ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o governo busca uma economia de pelo menos R$ 1 trilhão em 10 anos.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por sua vez, afirmou que o texto não pode ir direto ao plenário da Câmara dos Deputados, mas que mesmo assim há possibilidade de aprovação pelo Congresso até julho.
Guedes reforçou que a palavra final partirá do presidente Jair Bolsonaro, que ainda se recupera da cirurgia de reversão da colostomia em São Paulo.
“Sem uma evolução efetiva [de Bolsonaro], as coisas não vão andar. Isso também pode estar atrasando um pouco e o mercado está tendo que segurar as pontas”, afirmou Machado.
O Banco Central realiza nesta sessão leilão de até 10,33 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares para rolagem do vencimento de março, no total de US$ 9,811 bilhões.