A Roche está comprando a especialista em terapia genética Spark Therapeutics por US$ 4,3 bilhões, depois que os desenvolvimentos nessa área convenceram a farmacêutica suíça a “intensificar”, disse hoje (25) o presidente-executivo Severin Schwan.
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A farmacêutica vai pagar US$ 114,50 por ação para a Spark, mais de duas vezes o preço de fechamento da empresa norte-americana em 22 de fevereiro, para uma carteira que inclui um tratamento de cegueira que tem aprovação norte-americana e europeia, e outros projetos para hemofilia e distúrbios neurodegenerativos como a doença de Huntington.
A Roche, com sede em Basileia, está comprando a Spark ao mesmo tempo em que rivais como a Novartis também se movem agressivamente em direção à terapia genética, segmento no qual os tratamentos para doenças raras e hereditárias comandam alguns dos mais altos preços da medicina. A terapia de cegueira da Spark, denominada Luxturna custa US$ 850 mil por paciente.
“Estamos observando esse espaço há algum tempo. Simplesmente sentimos que agora é a hora certa de avançar”, disse Schwan à Reuters em uma entrevista. “O encaixe da Spark e da Roche é realmente excelente. Ela nos fornece um amplo portfólio e expertise em toda uma cadeia de valor.”
Schwan está contando com novos medicamentos, incluindo terapias genéticas, para ajudar a compensar as perdas de US$ 21 milhões por ano em patentes em seu trio de remédios contra o câncer, Rituxan, Herceptin e Avastin, que enfrentam a concorrência de cópias mais baratas.
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A Roche, maior fabricante de remédios contra o câncer, chegou atrasada à imuno-oncologia, onde o Keytruda, da Merck, está se tornando o protagonista e eclipsou o próprio produto da Roche, o Tecentriq, que busca aproveitar o sistema imunológico do corpo para combater o câncer.
Analistas do Bank Vontobel disseram que o acordo com a Spark dá à Roche uma plataforma comprovada para comercialização de terapias genéticas, mas não veio sem riscos – incluindo ser batida no mercado por rivais com tratamentos semelhantes em planejamento.
As ações da Spark, com sede na Filadélfia, subiram cerca de 30% este ano. Os papeis da empresa norte-americana caíram no ano passado depois que dois dos 12 pacientes apresentaram uma resposta imunológica desfavorável quando tratados com uma dose mais alta de terapia de hemofilia da SPK SP-8011.