Por mais de três décadas, Donald Trump pressionou a Forbes por uma melhor colocação no ranking anual das pessoas mais ricas da América. Mas o presidente não estava sozinho nisso. Seu ex-advogado, Michael Cohen, testemunhou ontem (27) sobre o ex-chefe no Congresso.
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Entre os muitos assuntos que deveriam ser abordados sobre o presidente, está como Donald Trump manipulou estimativas de seu patrimônio ao longo dos anos. “Com minha experiência, Trump inflou seus ativos quando isso serviu aos seus propósitos, como tentar ser listado entre as pessoas mais ricas da Forbes, e desinflou seus bens para reduzir impostos imobiliários”, diz uma cópia antecipada do testemunho escrito de Cohen divulgado pela “Politico Magazine”.
É um assunto que Cohen conhece bem, já que teve lugar garantido na primeira fila durante a longa cruzada de Trump para parecer mais rico do que realmente é. Em 2012, Cohen, Trump, o diretor financeiro de longa data Allen Weisselberg e um outro executivo do conglomerado do presidente se reuniram com um repórter da Forbes para tentar superestimar os dados apurados, segundo anotações feitas na época. Em 2015, apenas alguns meses depois de Trump lançar sua campanha, Cohen foi um de seus vários subordinados que conversaram com a FORBES sobre os números.
Mas a saga Forbes-Trump remonta a muito antes disso. “Procure saber sobre Donald Trump nos círculos imobiliários de Nova York”, começa o primeiro perfil completo publicado pela revista, em fevereiro de 1983, “e você se arrependerá de ter perguntado”, continua. “Vai descobrir como Trump, aos 36 anos, certamente o mais notável magnata de Nova York, é uma criação de sua própria propaganda.”
Trump e seu pai, Fred, um grande construtor no Brooklyn e no Queens, apareceram na lista Forbes 400 em 1982, com uma fortuna combinada de US$ 200 milhões. O então futuro presidente protestou que isso não era tudo. “Donald reivindica US$ 500 milhões.”
Em pouco tempo, Trump começou a pressionar para ser listado sozinho, ou seja, sem o pai, que permanecia ativo no negócio da família. Em 1984, ele ligou para o ex-repórter da Forbes, Jonathan Greenberg, fingindo ser um funcionário da Trump Organization chamado John Barron. “Deixe eu dizer qual é o problema, só para você entender”, começou Trump, soando perfeitamente à vontade em fingir sua identidade. “A maioria dos ativos foi consolidada para [Donald] Trump, por isso, você precisa retirar Fred Trump.”
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A Forbes, então, retirou Trump pai do ranking e começou a listar o filho sozinho. Donald permaneceu na lista até 1990, quando uma avalanche de dívidas desabou sobre ele. Confiante de que seu patrimônio líquido era de US$ 500 milhões, na melhor das hipóteses, a Forbes o retirou da lista. Fiel à sua personalidade, o atual presidente continuou insistindo que acumulava “US$ 4 bilhões ou US$ 5 bilhões” e repreendeu a revista publicamente por desvalorizar sua fortuna em um artigo para o “Los Angeles Times Syndicate” intitulado “Forbes faz vingança pessoal”. Silenciosamente, ele entregou uma autoavaliação mais honesta em um documento sigiloso arquivado na Comissão de Controle de Cassinos de Nova Jersey, admitindo que sua fortuna totalizava US$ 3,6 bilhões em ativos e US$ 3,4 bilhões em dívidas – o que significa que seu patrimônio líquido era de apenas US$ 200 milhões.
O gosto por mentiras logo se tornou parte de sua reputação. “Eu não sou Donald Trump”, disse o bilionário californiano David Murdock à Forbes em 1997. “Ele diz que tem US$ 1 bilhão quando tem US$ 2.”
Nem sempre, mas em algumas ocasiões, Trump aparentemente reduziu o valor de seus ativos para evitar impostos. Quando o atual presidente e seus irmãos herdaram a maior parte do negócio imobiliário de seu pai, em 1997, alegaram em documentos fiscais que as ações valiam US$ 41 milhões, embora acabassem por vendê-las mais de 16 vezes acima do real valor.
Se Trump está exagerando ou minimizando suas riquezas, só o cenário que julga ideal para o momento pode dizer. Perguntado sobre o motivo das mentiras acerca de sua fortuna, Trump admitiu à Forbes durante sua campanha: “Foi bom para o financiamento”.
Trata-se de boa política também, pelo menos aos olhos do presidente. No dia em que Scott Walker abandonou a corrida presidencial, Trump dedicou quase duas horas para falar com a Forbes – e passou boa parte do tempo mentindo sobre sua fortuna, como sempre fez. Ele alegou, por exemplo, que os lucros da Trump Tower eram de US$ 90 milhões, quase seis vezes mais do que seus credores informaram que realmente eram. E ele se gabava de todos os 3 mil metros quadrados de sua cobertura, embora os registros de propriedades afirmassem serem apenas mil.
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“Estou na corrida pela presidência”, disse Trump. “Eu valho muito mais do que vocês estimaram. Eu não pareço bom, para ser honesto. Quero dizer, eu vou parecer melhor se minha fortuna for de US$ 10 bilhões e não de US$ 4 bilhões.”
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