A CCR teve prejuízo no quarto trimestre, refletindo os efeitos combinados de despesas extraordinárias devido a um acordo de leniência e a pressão nas receitas devido aos efeitos da greve dos caminhoneiros. A empresa de concessões de infraestrutura anunciou nesta quinta-feira que teve prejuízo líquido de R$ 307,1 milhões no período, ante lucro de 329,1 milhões um ano antes. Em bases comparáveis, excluindo novos negócios, a CCR teve lucro de R$ 356,9 milhões, recuo anual de 21,1%. Numa mão, a companhia teve as receitas impactadas pelos efeitos da decisão do governo de isentar eixos suspensos de caminhões da cobrança de pedágio, como consequência da greve dos caminhoneiros, em maio passado, que paralisou o país. A receita líquida total subiu 10,5%, a R$ 2,23 bilhões, com inclusão de novos negócios. Na mesma base, a receita subiu 3,1%, para R$ 2,08 bilhões.
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O tráfego consolidado das rodovias administradas pela empresa subiu 0,4%, excluindo os efeitos das isenções dos eixos suspensos. De acordo com a companhia, essa trajetória de lenta recuperação seguiu no começo de 2019, refletindo a gradual recuperação da economia brasileira.
Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da CCR, Arthur Piotto Filho, discussões sobre um reequilíbrio contratual para uma compensação às concessionárias devido à perda de receita com a insenção estão em andamento com o governo, mas ainda não há previsão de quando acontecerá.
Além disso, a CCR teve aumento do endividamento em parte devido a maiores investimentos. No trimestre, foram investidos R$ 539,7 milhões em concessões atuais, além de consumo de caixa para pagar outorga de concessões que venceu no período.
O resultado operacional da companhia medido pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado diminuiu 56,8% ano a ano, para R$ 535,3 milhões. E o Ebitda em bases comparáveis subiu 3,6%, para R$ 1,28 bilhão.
A CCR fechou 2018 com alavancagem financeira medida pela relação dívida líquida/Ebitda de 2,8 vezes, acima do índice de 2,3 vezes um ano antes.
Segundo Piotto Filho, embora a empresa esteja atenta ao calendário de leilões de infraestrutura e a oportunidades de compras de ativos, incluindo de gestão de rodovias, aeroportos e mobilidade urbana, o cenário base para 2019 é de redução dos níveis de endividamento da CCR.
A empresa participou sem sucesso do leilão de aeroportos na sexta-feira passada, quando foram arrematadas as concessões de 12 terminais. A CCR disputou o lote Nordeste, vencido pela espanhola Aena. E o lote Sudeste foi vencido pela Zurich.
O executivo disse ainda que a CCR não vai disputar o leilão de concessão da ferrovia Norte-Sul, previsto para acontecer no dia 28 de março.
A CCR também fechou em março acordo de leniência com Ministério Público Federal no Paraná, no âmbito da investigação de denúncias de que uma subsidiária da empresa, a Rodonorte, pagou propina ao governo paranaense para obter ajustes contratuais. A CCR prometeu pagar R$ 750 milhões até 2021.
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