O dólar subia ante o real na manhã de hoje (28), tendo superado o patamar de R$ 4 logo na abertura, com tensões políticas entre Executivo e Legislativo de volta ao foco, o que eleva a preocupação em relação à reforma da Previdência.
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Às 10:33, a moeda norte-americana avançava 0,19%, a R$ 3,9621 na venda, tendo batido a marca de R$ 4,0165 logo nos primeiros negócios. O dólar fechou pela última vez em R$ 4 em outubro do ano passado. Na véspera, a moeda teve alta de 2,27%, a R$ 3,9545 na venda. O dólar futuro caía cerca de 0,8% nesta quinta-feira.
A tensão política que já se prolongava desde a semana passada se deteriorou de vez no fim da quarta-feira (27), depois que o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) voltaram a trocar farpas publicamente.
Em entrevista à TV Bandeirantes no fim da tarde, Bolsonaro disse que Maia estaria “abalado por motivos pessoais”, em possível referência à prisão do ex-ministro Moreira Franco, padrasto de sua esposa, na semana passada.
Maia rebateu, afirmando que “abalados estão os brasileiros, que estão esperando desde 1º de janeiro que o governo comece a funcionar”, acrescentando que o presidente está “brincando de presidir o Brasil”.
“Estamos num cenário muito ruim de forma geral, o dólar chegando a R$ 4 indica que o mercado coloca em dúvida a possibilidade de uma reforma da Previdência dada essa crise política que foi instalada”, afirmou a estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte.
“O que vemos desde o meio da semana passada, e o que ficou escancarado nesses últimos dias, é que falta de fato ao governo a articulação política”, ponderou a estrategista.
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Somando ao mau humor, mais cedo o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que não tem apego ao cargo ao ser questionado se deixaria o posto caso a reforma da Previdência trouxesse uma economia menor do que a almejada.
Segundo Fernanda, a percepção geral ainda é de aprovação da Previdência, embora já seja aventada a possibilidade de que o texto só chegue ao fim da tramitação no ano que vem.
“Acho que ainda assim a gente aprova a reforma, mas vai ser muito mais suada do que pensávamos que seria. Imaginava que teria volatilidade, mas de jeito algum da forma que está”, explicou.
O cenário externo também influencia nas negociações locais, com o dólar avançando cerca de 0,4% ante uma cesta de moedas diante da maior aversão ao risco.
Cada vez mais bancos centrais estão se unindo ao Federal Reserve em adotar posturas “dovish” (suave), o que reforça preocupações sobre a saúde da economia global em geral.
Para amenizar a pressão no dólar e colocar dinheiro novo no mercado, o Banco Central anunciou que realizará nesta quinta-feira leilão de até 1 bilhão de dólares em operação de venda de moeda com compromisso de recompra.
O BC também fará leilão de até 14,43 mil swaps cambiais tradicionais, correspondentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de abril, no total de US$ 12,321 bilhões.
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