Resumo da notícia:
- A Sorrento Therapeutics acusou Patrick Soon-Shiong de adquirir de seu portfólio um medicamento contra o câncer que concorreria diretamente com um de seus produtos e impedi-lo de chegar ao mercado;
- Com a estratégia, o bilionário teria conseguido manter sua própria criação contra a doença, o Abraxane, livre de grande grande concorrência. A ação judicial alega que um novo concorrente teria sido “financeiramente devastador” para Soon-Shiong;
- O processo também alega que, uma vez que Soon-Shiong ganhou o controle da droga, ele organizou um esquema para receber de volta os US$ 90 milhões que pagou à Sorrento em 2015;
- A empresa farmacêutica pediu uma indenização de mais de US$ 1 bilhão por fraude e violação de contrato.
A biofarmacêutica Sorrento Therapeutics acusou o bilionário Patrick Soon-Shiong de comprar de seu portfólio os direitos sobre um medicamento contra o câncer que concorreria, diretamente, com um de seus produtos. Após a negociação, Soon-Shiong teria impedido o medicamento de chegar ao mercado, segundo uma queixa civil registrada ontem (3) no Tribunal Superior de Los Angeles.
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Em 2015, a NantPharma, uma das várias subsidiárias da rede de empresas Nant, de Soon-Shiong, pagou à Sorrento Therapeutics US$ 90 milhões em dinheiro, além de concordar em pagar US$ 1,2 bilhão em quantias adicionais se certos marcos regulatórios fossem alcançados para adquirir os direitos da droga contra o câncer Cynviloq. Na época da aquisição, o Cynviloq havia participado de vários testes clínicos para demonstrar a bioequivalência a um medicamento inventado pelo bilionário contra a doença – o Abraxane. Em 2010, Soon-Shiong vendeu a fabricante da Abraxane, a Abraxis, para a Celgene em um negócio de US$ 4,5 bilhões em ações e dinheiro.
Em vez de levar o Cynviloq pelo restante do processo regulatório e depois colocar o produto no mercado, o processo da Sorrento alega que Soon-Shiong comandou um esquema para adquirir o medicamento e descontinuá-lo. Com a manobra, o bilionário manteve uma concorrência segura para o Abraxane. A queixa da Sorrento alega que o bilionário não solicitou as aprovações da Food and Drug Administration (FDA), deixou críticos lapsos de patente e “demonstrou zero interesse em alcançar os consentimentos que as partes haviam acordado em seu contrato de venda”.
Embora Soon-Shiong não possuísse mais o Abraxane na época da aquisição do Cynviloq, ele ainda era o maior acionista individual da Celgene. Um novo concorrente no mercado teria sido “financeiramente devastador” para o bilionário, alega a ação.
Soon-Shiong tem um patrimônio estimado de US$ 7,1 bilhões e, apesar de suas compras recentes de ativos, como o “Los Angeles Times”, a Forbes estima que uma parte significativa de sua fortuna – cerca de US$ 1,5 bilhão – está em suas ações da Celgene. Em 3 de janeiro, após as notícias dos planos da Bristol-Myers Squibb de adquirir a Celgene, a riqueza de Soon-Shiong saltou, pelo menos, US$ 194 milhões em um único dia de negociação.
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O processo também alega que uma vez que Soon-Shiong passou a deter o controle do Cynviloq, ele organizou um esquema separado para receber de volta os US$ 90 milhões que pagou à Sorrento em 2015. Ao mesmo tempo em que o acordo do medicamento estava sendo firmado, a Sorrento e outra das empresas de Soon-Shiong, a NantCell, criaram uma joint venture chamada NANTibody voltada para tratamentos de imunoterapia contra o câncer. A Sorrento colocou US$ 40 milhões – dos US$ 90 milhões que recebeu da NantPharma – neste negócio. Dois anos depois, Soon-Shiong e o diretor jurídico Charles Kim, que também foi nomeado como réu no processo atual, assinaram um “acordo secreto” para movimentar quase a quantia inteira da Sorrento, de US$ 40 milhões, da NANTibody para a NantPharma, sem o conhecimento da companhia.
Separadamente, segundo um documento da Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos, a Sorrento Therapeutics também apresentou uma demanda de arbitragem na American Arbitration Association, em Los Angeles, contra a NantPharma e Patrick Soon-Shiong. A empresa farmacêutica pediu uma indenização de mais de US$ 1 bilhão por fraude e violação de contrato.
O porta-voz de Soon-Shiong e da NantPharma não respondeu imediatamente ao pedido da Forbes para comentar o processo.
A rede de relações comerciais de Shiong é enorme. Em janeiro, ele compareceu à conferência de investidores do J.P. Morgan Healthcare, em São Francisco, para fazer uma apresentação sobre a NantCell, que emitiu um comunicado apenas alguns dias antes afirmando que havia recebido US$ 30 milhões em financiamento da Celgene. A Sorrento Therapeutics menciona em sua denúncia que também é acionista de 2,8% da NantCell e alega que sua participação vale US$ 105 milhões.
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Anos atrás, Soon-Shiong expôs sua visão de como pretendia unir dados, genômica e novas drogas para melhorar amplamente o tratamento do câncer. A realidade ainda não alcançou sua expectativa. Em janeiro, sua empresa de capital aberto, a NantHealth, apresentou uma declaração à Comissão de Títulos e Câmbio alegando que corria o risco de ser retirada da Nasdaq. De acordo com o documento, a Nanthealth tem 180 dias úteis, ou até 15 de julho, para aumentar o preço de suas ações, ou então será excluída da bolsa inteiramente. Desde que a empresa entrou com o pedido, os papéis subiram mais de US$ 1 por 11 dias consecutivos entre 7 e 21 de março, mas caíram para US$ 0,93 no dia 22 e ficaram abaixo de US$ 1 desde então.
No mês passado, Soong-Shiong também injetou US$ 39 milhões de seus próprios recursos em sua empresa NantKwest, em uma iniciativa para estimular o desenvolvimento de um tratamento contra o câncer.
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