O dólar fechou em firme alta ante o real hoje (16), acima da marca de R$ 3,90, no maior patamar do mês, amparado pelo fortalecimento da moeda norte-americana no exterior e pelo cenário de persistentes ruídos políticos locais.
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O dólar negociado no mercado interbancário subiu 0,85%, a R$ 3,9018 na venda. É o maior nível para um fechamento desde 29 de março (R$ 3,9154).
Na B3, a referência do dólar futuro tinha alta de 0,83%, a R$ 3,9075.
O real teve no dia o segundo pior desempenho numa lista de 33 moedas frente ao dólar, à frente apenas do peso argentino. O dia foi de queda generalizada para divisas de emergentes, diante da percepção de que a economia norte-americana segue melhor, o que respalda migração de investimentos para os EUA em detrimento de países como o Brasil.
O índice do dólar frente a uma cesta de moedas subia 0,14% no fim da tarde. A moeda norte-americana ganhava 0,7% contra o peso colombiano e 0,6% ante o ringgit malaio.
“Todas as moedas estão sofrendo hoje, mas a volatilidade do real segue mais alta, e isso está totalmente ligado à incerteza sobre a reforma da Previdência”, disse o estrategista para América Latina do Crédit Agricole, Italo Lombardi. “Quanto mais demora a aprovação, maior o risco de o texto ficar ainda mais diluído”, alertou.
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A volatilidade implícita de um mês para o real subiu para 13% ao ano, no quarto dia seguido de alta e ao maior nível desde 8 de abril. Como comparação, a volatilidade implícita para o peso mexicano está na casa de 8,9%.
A piora relativa da taxa de câmbio local se deu em meio ao entendimento de que a articulação pela reforma da Previdência segue frágil e confusa, num momento em que o governo volta a sentir pressão dos caminhoneiros.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem defendido uma reforma que economize pelo menos R$ 1 trilhão ao longo de uma década, mas alguns no mercado já veem como mais provável valores entre R$ 500 bilhões e R$ 600 bilhões.
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, deputado Felipe Francischini (PSL-PR), disse que ainda decidirá se o texto da reforma pode ser votado nesta semana. Com isso, ignorou acordo fechado entre lideranças na véspera – incluindo o líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO) – que prevê a votação na CCJ apenas na próxima semana.
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O mercado aguarda ainda para esta terça-feira informações sobre a reunião entre o presidente Jair Bolsonaro, ministros e o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.
O JPMorgan manteve estimativa para o dólar em R$ 3,90 no fim do ano, mas elevou recentemente para R$ 3,80 a previsão para a moeda norte-americana ao fim do segundo trimestre. O banco ainda vê chance majoritária de aprovação da reforma, o que ampara a visão “otimista” para a divisa brasileira.
“O investimento direto segue forte compensando integralmente o déficit em conta corrente. Além disso, o Banco Central tem protegido o câmbio de grande depreciação com o estoque de swaps cambiais”, afirmaram analistas do banco em nota a clientes.
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