A Cielo teve no primeiro trimestre outra rodada de forte queda do lucro, refletindo o prolongado declínio das margens e o aumento das despesas com marketing e pessoal para tentar reagir à concorrência cada vez mais feroz no mercado brasileiro de cartões.
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Maior empresa de meios eletrônicos de pagamento do país, a Cielo anunciou hoje (23) que teve lucro líquido de R$ 548,5 milhões de janeiro a março, uma queda de 45% ante mesma etapa do ano passado.
O resultado operacional da companhia controlada por Bradesco e Banco do Brasil, medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) foi de R$ 820,7 milhões de janeiro a março, queda de 34% sobre um ano antes. A margem Ebitda despencou 15%, para 29,6%.
Embora o volume financeiro das transações processadas por meio de terminais da companhia tenha crescido 3% ano a ano, para R$ 155,78 bilhões, a receita líquida caiu 0,4%, para R$ 2,77 bilhões.
Os números são revelados no momento em que a concorrência no mercado de adquirência, que já vem pressionando a Cielo nos últimos anos diante da entrada de inúmeros novos concorrentes, teve uma guinada desde a semana passada, quando sua maior rival Rede, do Itaú Unibanco, zerou as taxas para antecipar o pagamento de recebíveis a lojistas. Outras, como Safrapay e PagSeguro, anunciaram medidas como redução de tarifas e pagamento instantâneo. Enquanto isso, a fintech Trust optou por aumentar volume de crédito.
Essas iniciativas têm pesado em particular nas receitas da Cielo com antecipação de recebíveis, que no primeiro trimestre tiveram um declínio de 34,8%, a R$ 302 milhões.
Em outra frente, os gastos totais da companhia subiram 22,4% no comparativo anual, para R$ 2,19 bilhões, refletindo gastos maiores com marketing e com a contratação de equipe comercial para enfrentar a concorrência crescente.
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Esse conjunto e a expectativa de analistas do setor de que a companhia seguirá como principal alvo da concorrência no setor têm castigado as ações da Cielo, que já perderam metade do valor nos últimos 12 meses.
Após ter passado anos se concentrado em grandes clientes, diante de uma concorrência mais agressiva das novas adquirentes pelos pequenos e médios clientes, a Cielo tem voltado mais recentemente a ampliar sua base de terminais, sob liderança do presidente-executivo Paulo Caffarelli, que assumiu o comando no final do ano passado.
Assim, a chamada base ativa de clientes fechou março com 1,211 milhão, alta de 5,7% em um ano, enquanto a base ativa de terminais subiu 20,1%, a 1,916 milhão.