Resumo:
- O Grupo Zap anuncia o modelo instantâneo de comprador doméstico i-buyer no Brasil;
- Sob o novo formato, empresas digitais avaliam e compram propriedades que serão renovadas e colocadas de volta para venda;
- A Zap tem planos de dobrar sua força de trabalho e movimentar o mercado imobiliário local.
O Grupo Zap busca uma oportunidade de bilhões de dólares ao introduzir o modelo instantâneo de comprador doméstico (i-buyer) no Brasil, com planos de quase dobrar sua força de trabalho e melhorar os recursos de análise de dados para suportar o novo negócio.
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Com o Grupo Globo, um dos maiores conglomerados de mídia da América Latina, como acionista majoritário e empresas como Monashees e Kaszek Ventures, a Zap possui os dois maiores mercados imobiliários do Brasil e fornece uma série de serviços baseados em dados para o setor.
Sob o modelo i-buyer, empresas digitais avaliam e compram propriedades que serão renovadas e colocadas de volta no mercado. Atualmente, as líderes do setor incluem as norte-americanas Open Door e Zillow, sendo a última a maior operadora, com uma meta de receita de três a cinco anos de incríveis US$ 22 bilhões.
Ao introduzir essa abordagem no Brasil, a Zap pretende movimentar o mercado imobiliário local. Os dados da própria companhia sugerem que as transações no país encolheram entre 30% e 40% desde o último pico em 2014 à medida que os proprietários de imóveis esperam, atualmente, 468 dias em média para a venda.
A empresa investirá R$ 100 milhões (US$ 25 milhões) em cerca de 200 aquisições de imóveis em grandes centros urbanos no Brasil nos próximos 12 meses. Uma vez que o modelo i-buyer estiver operando em larga escala, a Zap espera obter uma fatia de mercado de 10% dos negócios imobiliários do país, atualmente estimada em cerca de R$ 200 bilhões por ano.
Além de trazer mais liquidez para o setor, atualmente estagnado no país, a Zap espera que esse formato ajude a lidar com a complexidade e a falta de transparência associadas a tais transações.
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“Enquanto mercados como os Estados Unidos têm [dados transacionais imobiliários] prontamente disponíveis, essas informações são limitadas e fragmentadas no Brasil. Isso cria dificuldades para compradores e vendedores no momento de definir o preço certo, então as negociações são longas e prolongadas”, diz o CEO da empresa Lucas Vargas.
“O Brasil também é um mercado muito incipiente quando se trata de empréstimos hipotecários, que são oferecidos por grandes bancos a taxas muito altas. Portanto, há uma demanda reprimida de pessoas querendo comprar, porém incapazes de fazê-lo”, ele adiciona.
Vargas acredita que a abordagem do i-buyer juntamente de outros fatores, como o surgimento de mais ofertas de crédito, impulsionará um crescimento significativo no mercado imobiliário brasileiro. As atuais 500 mil transações anuais devem subir para mais de 1 milhão na próxima década.
Diferentemente das empresas dos EUA, que eliminam os intermediários ao interagir diretamente com compradores e vendedores, a Zap apresentará a abordagem por meio de um teste em seis bairros de São Paulo em parceria com agentes imobiliários e corretores independentes para entrar na plataforma no futuro. A companhia não divulgou as taxas de serviço.
A confiança do grupo na nova abordagem é demonstrada em seus planos de expansão da força de trabalho: de acordo com Vargas, cerca de 500 novas contratações se juntarão aos 800 funcionários nos próximos meses para apoiar os vários aspectos do modelo.
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A tecnologia, segundo o executivo, terá um papel ainda mais crítico à medida que a empresa evoluir digitalmente seus negócios, com inovações como visitas em propriedades por meio da realidade virtual para aprimorar as buscas e outras inovações destinadas a simplificar a fase transacional do processo.
No entanto, as funções de dados existentes da empresa impulsionarão as ambições digitais da Zap. Segundo Vargas, tecnologias como aprendizado de máquina serão fundamentais para a aquisição, avaliação e venda de ativos. A análise de dados também desempenha um papel fundamental na mitigação de certos riscos inerentes ao novo modelo.
“Queremos garantir que o processo de identificação de oportunidades seja o mais preciso possível. Nos EUA, por exemplo, vemos uma preocupação real em eliminar ativos ociosos. Portanto, para evitar falsos positivos, precisamos de um algoritmo muito robusto para identificar [propriedades] que façam sentido para nós.”
Um risco relacionado que também pode ser enfrentado pela análise de dados é a manutenção de dezenas de casas que valem menos do que quando foram compradas – algo particularmente relevante em uma situação de desaceleração.
“Vamos nos basear em nossa capacidade analítica para entender e prever as tendências de mercado, assim como nosso acesso a toda a cadeia de valor imobiliário e a velocidade inerente ao modelo para reduzir nossa exposição a quaisquer oscilações de mercado”, acrescenta Vargas.
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Até o Natal deste ano, o executivo espera que a oferta de i-buyer da Zap cubra cinco cidades fora de São Paulo e dobre esse número até meados de 2020, quando o modelo deve estar pronto para replicação em todo o país. “À medida que começarmos a adquirir propriedades, investiremos muito em transformá-las rapidamente ao divulgar um grande número de informações sobre elas, de uma maneira que seja muito fácil para os usuários as encontrarem”, diz ele.
“É fácil associar a inovação à transformação, mas queremos ir além disso. Sabemos que comprar e vender imóveis no Brasil é um processo repleto de dor e complexidade, e temos o objetivo de mudar completamente isso por meio da simplificação.”
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