Resumo:
- A casa de leilões Phillips investe em talento, espaço e expertise e espera ultrapassar a marca do US$ 1 bilhão em vendas neste ano;
- Casa de leilões pode se tornar a terceira mais importante do mundo;
- Cheyenne Westphal assumiu a presidência da Phillips em 2015, depois de 25 anos na Sotheby’s;
- Atual presidente da Phillips comandou todas as vendas de arte contemporânea da Europa desde 1999;
- Experiência e relacionamento com colecionadores levaram Cheyenne a proporcionar números expressivos para a Phillips nos últimos dois anos;
- Todo-poderosa das artes estabeleceu 19 recordes de leilão, muitos para o movimento ZERO, grupo de Düsseldorf fundado no final da década de 1950 por Heinz Mack e Otto Piene.
Cheyenne Westphal fala abertamente e com firmeza sobre o futuro da Phillips – em especial, sobre a expectativa de a casa de leilões bater a marca do bilhão neste ano, um avanço significativo e um feito inabalável para a arte contemporânea, seu principal ativo. “Temos a missão clara de atingir a marca de US$ 1 bilhão e queremos que isso aconteça em 2019”, diz a presidente da Phillips. “O crescimento financeiro é importante para nós. Estamos investindo em talento, espaço e expertise. Estamos acabando com o duopólio”, afirma, referindo-se às duas principais rivais no mundo, a Christie’s e a Sotheby’s, onde passou 25 anos.
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Depois de duas décadas e meia como chefe global de arte contemporânea de uma das maiores casas de leilão, Cheyenne deu um salto corajoso para a Phillips. E levando consigo um super currículo. Seu legado inclui recordes mundiais de obras-primas como “Abstraktes Bild” (1994), de Gerhard Richter (US$ 46,3 milhões), “Jungle” (1967), de Sigmar Polke (US$ 27,1 milhões), “Achrome” (da série dos anos 1950-1960), de Piero Manzoni (US$ 20,2 milhões), e “Sacco e Rosso” (1954), de Alberto Burri (US$ 13,2 milhões). Ela também presidiu todas as vendas contemporâneas na Europa desde 1999, incluindo o leilão global de US$ 204,7 milhões em julho de 2015.
Ao lado de Edward Dolman, ex-presidente da Christie’s, Cheyenne alcançou o sucesso em duas das maiores casas de leilões do mundo.
“Em seus dois anos na Phillips, Cheyenne teve um efeito transformador na empresa”, diz Dolman, CEO da casa. “Ela tem sido parceira na direção da empresa. Sua experiência incomparável e relacionamentos profundos com colecionadores resultaram em algumas de nossas remessas mais significativas.”
Em curso está o leilão da Coleção Miles and Shirley Fiterman – que a Phillips antecipa como um grande sucesso do ano – em todos os seus salões em Nova York Londres e Hong Kong. O casal desenvolveu suas obras notáveis ao longo de suas vidas em Minnesota, Palm Beach, Flórida e Nova York. “A Coleção Fiterman é uma conquista realmente maravilhosa. Precisamos do êxito para manter nosso ímpeto. Quando Ed Dolman assumiu, em 2014, tivemos US$ 400 milhões em leilões totais e vendas privadas, volume que aumentou 129% ao final de 2018”, diz Cheyenne.
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Impulsionadas pela comercialização de “La Dormeuse” (1932), de Pablo Picasso, por £ 41,9 milhões (US$ 57,8 milhões), as vendas de 2018 subiram 29%, para US$ 916,5 milhões, contra US$ 708,8 milhões em 2017 – um recorde para a casa, focada na arte e no design dos séculos 20 e 21.
“Branding é fundamental”, afirma Cheyenne. “Ao andar por nossas galerias, o ambiente é limpo e arejado. Nós colocamos grande ênfase na exibição de arte de maneira contemporânea e fresca para deixar a obra brilhar. Isso ressoa junto aos clientes. Escolhemos fazer catálogos que destaquem a peça, em vez de abafá-la. Temos capacidade de realmente pesquisar cada trabalho e dar uma história clara e detalhada a respeito, já que valorizamos o conhecimento.”
A arte é a paixão de uma vida para Cheyenne.
Criada na cidade alemã de Baden-Baden, perto da Floresta Negra, foi durante uma viagem com a mãe a Florença e Roma que ela despertou para a arte. Estudou em St. Andrews, na Escócia, e a paixão floresceu com a apreciação da história da arte clássica, mas o divisor de águas na sua formação foi a temporada na Universidade da Califórnia, em Berkeley, quando mergulhou na arte do século 20. Estudiosa e aplicada, Cheyenne credita à professora emérita Anne Wagner, de Berkeley, a epifania que a motivou a dedicar a vida à arte contemporânea.
Na Sotheby’s, Cheyenne levou ao mercado algumas coleções de proprietário único, incluindo “Beautiful Inside My Head Forever”, de Damien Hirst, que gerou US$ 200,7 milhões em Londres em setembro de 2008. Ela estabeleceu 19 recordes em leilões, muitos deles para a arte do movimento ZERO, Grupo de Düsseldorf fundado no final da década de 1950 por Heinz Mack e Otto Piene, que o descreveu como “uma zona de silêncio e de possibilidades puras para um novo começo”.
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Desde que Cheyenne ingressou na Phillips, a casa de leilões tem tido um retorno fenomenal, e está se preparando para bater US$ 1 bilhão em vendas anuais, um marco importante que posicionará a casa como a terceira mais importante no mundo dos leilões de arte.
“Eu trabalhei com Cheyenne quando ela estava na Sotheby’s, e sempre escutei seus conselhos. Ao contrário de muitos colecionadores, eu costumo me concentrar em uma parcela de artistas e ir fundo. Cheyenne estava sempre lá para oferecer orientação”, conta J. Tomilson Hill, que, juntamente com sua esposa, Janine, fundou, em fevereiro, a Hill Art Foundation, um espaço público gratuito de exibição e educação no bairro de Chelsea, em Nova York. “Acredito que Cheyenne é inspiradora para outras mulheres que trabalham no mundo das artes, mostrando que se você tem experiência e trabalha muito, coisas boas acontecem. Ela é um exemplo perfeito de como relacionamentos fortes baseados em confiança agregam valor a uma casa de leilões. É um prazer vê-la prosperar na Phillips.”
E acrescenta: “A Phillips sempre teve um nicho no mercado de leilões e agora está ganhando estatura. Eu arrematei as pinturas de borboletas de Mark Grotjahn em um leilão lá anos atrás, porque eles tinham visão e perícia para entender a importância dessas pinturas”.
Cheyenne diz que não é fácil quebrar um duopólio de 200 anos, porque as concorrentes são muito boas no que fazem. “Mas foi uma oportunidade vir para a Phillips como presidente e ter uma estratégia muito clara que foca na arte do século 20, e assim transformar a casa em uma força disruptiva no mercado”, diz. “Demos alguns passos gigantescos nessa direção e estamos apenas começando. Temos ambições muito claras e muito conhecimento por trás disso. É interessante e extremamente diferente (da Sotheby’s).”
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