A Petrobras deverá anunciar processo para a venda de mais quatro refinarias até o início de agosto, como parte de um plano bilionário para o desinvestimento de metade do seu parque de refino em até 24 meses, afirmou hoje (1) o presidente da estatal, Roberto Castello Branco.
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No total, a empresa – responsável por quase 100% da capacidade de refino do Brasil – planeja vender 8 das suas 13 refinarias, das quais quatro foram colocadas à venda na semana passada. A ideia é que apenas as refinarias no Rio e em São Paulo permaneçam sob a gestão da Petrobras.
“Existem interessados potenciais, mas vamos saber isso logo… Nós lançamos os ‘teasers’ de quatro refinarias e vamos ter uma primeira fase de ofertas não vinculantes, vamos ter empresas manifestando desejo”, disse Castello Branco, ao participar de evento do grupo Lide no Rio de Janeiro.
O executivo evitou fazer estimativas sobre os valores que podem ser levantados com o negócio, mas disse avaliar que as grandes petroleiras globais devem ficar de fora da disputa.
“Nós sabemos disso até por que elas (as petroleiras) reduziram, de 2005 a 2017, em 30% a capacidade de refino e venderam 89 refinarias no mundo, então isso não é novidade nenhuma”, afirmou o executivo.
“Mas existem outros ‘players’ que já demonstraram interesse superficial e agora vamos ver o interesse efetivo de compradores.”
Ele reforçou que o modelo de venda proposto visa evitar a criação de um monopólio privado no refino, com restrições para a compra de ativos por um mesmo grupo.
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O plano para a venda de refinarias faz parte de um amplo pacote de desinvestimentos da Petrobras. Apesar de ter sido lançado há alguns anos, o programa tem ganho intensidade desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro, que nomeou Castello Branco para o comando da petroleira.
A empresa busca focar cada vez mais seus esforços de investimentos em seus ativos essenciais, em águas profundas e ultra profundas, onde está o pré-sal.
Em meio a essa visão, a empresa pretende devolver concessões de gás no Uruguai, uma vez que os ativos têm exigido recorrentes aportes de capital, segundo o CEO.
Castello Branco disse também que a empresa mantém o interesse em vender sua participação na petroquímica Braskem, que segundo ele “é um investimento financeiro que não faz nenhum sentido” para a petroleira estatal.
Apesar das amplas vendas de ativos, o executivo reiterou que uma privatização da Petrobras como um todo “não está em discussão”.
A afirmação, feita a jornalistas, veio após um relatório de analistas do banco suíço UBS nesta segunda-feira que especula a possibilidade de privatização da Petrobras em meio a um esforço da equipe econômica para estabilizar a trajetória fiscal do país após a aprovação da reforma da Previdência.
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“Nós acreditamos que o governo poderia anunciar um pacote significativo de privatizações para apoiar a estabilidade fiscal do país, o que poderia incluir a Petrobras”, escreveram os analistas.
LAVA JATO
Durante o evento no Rio de Janeiro, Castello Branco ainda aproveitou para defender a operação Lava Jato, em que autoridades investigam um esquema bilionário de corrupção envolvendo contratos da Petrobras e outras estatais, além de políticos e grandes empreiteiras.
A operação tem sofrido algumas críticas desde a divulgação nas últimas semanas pelo site “The Intercept Brasil” de supostas conversas entre o então juiz Sérgio Moro e procuradores da Força-Tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal, que apontariam uma proximidade de atuação entre as duas partes.
Tanto Moro quanto os procuradores têm negado qualquer irregularidade.
“Vejo hoje algumas pessoas com inclinação criminosa tentando denegrir as imagens desses profissionais que devem ser considerados heróis”, disse Castello Branco.
“O que se viu foi a divulgação de informações em cima de um crime cibernético”, acrescentou ele.
No domingo (30), diversas cidades brasileiras registraram manifestações em apoio a Moro, atual ministro da Justiça, e à operação Lava Jato, em passeatas que também levantaram bandeiras a favor da reforma da Previdência e do governo do presidente Jair Bolsonaro.
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