Numa quarta-feira de forte volatilidade, o dólar saltou e superou a marca de R$ 3,80 reais, na esteira do expressivo ajuste nos mercados externos após o Federal Reserve indicar que poderá ser conservador em eventuais novas quedas de juros.
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“As mudanças no comunicado do Fed vieram mistas, mas levemente ‘hawkish’ na margem”, disseram profissionais do Goldman Sachs. No atual contexto, o termo “hawkish” indica menos disposição do banco central em cortar os juros.
“O Fed pegou o mercado ‘de calças curtas'”, disse Roberto Motta, responsável pela mesa institucional de futuros da Genial Investimentos. Investidores correram para corrigir posições, e o resultado foi um dia de disparada no volume de negócios.
O somatório de contratos negociados nos vencimentos de dólar futuro da B3 já superava 761 mil, o que torna esta sessão a mais agitada desde 27 de novembro de 2015, quando 833.037 contratos trocaram de mãos. O giro desta quarta era quase 2,5 vezes o da véspera (310.730 contratos).
O dólar futuro de maior liquidez teve alta de 0,63%, para R$ 3,8245. Já o dólar à vista fechou com valorização de 0,70%, para R$ 3,8173 reais na venda. É o maior nível para um fechamento desde o último dia 5 (R$ 3,8200).
Na máxima, alcançada após o Fed, a cotação spot bateu R$ 3,8244 (+0,88%), uma visível reversão ante a queda de 1,11% (para R$ 3,749 reais) da mínima do dia, atingida antes da decisão de juros dos EUA.
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O volume de negócios foi turbinado ainda pela definição da Ptax de fim de mês, evento que tradicionalmente adiciona volatilidade ao mercado. Mas, sem dúvida, o principal “driver” do mercado foi a sinalização menos “dovish” do Fed.
O chairman do BC dos EUA, Jerome Powell, chegou a dizer que o corte de juros desta quarta se tratava apenas de um “ajuste” de meio de ciclo econômico, indicando que poderia ser um movimento isolado. Posteriormente, Powell ponderou que não disse que a redução representaria um ciclo de “apenas” um corte de juros. No exterior, um índice do dólar bateu o maior patamar desde 2017.
Para Motta, da Genial Investimentos, o mercado de câmbio brasileiro passa neste momento por mudanças estruturais, com saídas persistentes de dólares. Mas no médio prazo poderá ter alívio conforme ingressarem ao país fluxos para investimento direto decorrentes da maior confiança na economia local, na esteira da agenda de reformas. “No médio prazo, acho possível pensarmos num dólar abaixo de R$ 3,70”, afirmou.
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