O Fundo Monetário Internacional (FMI) realizou hoje (23) um forte corte nas estimativas de crescimento econômico da América Latina, dada uma desaceleração mais profunda no Brasil e no México, exacerbada por disputas comerciais globais e uma deterioração na confiança de investidores e analistas.
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Em seu relatório Perspectiva Econômica Global, o FMI disse que agora espera que a região como um todo registre expansão de 0,6% este ano, um corte de 0,8 ponto percentual em relação ao último cálculo de abril. Para 2020, a previsão também foi ajustada ligeiramente para baixo, para 2,3%.
Globalmente, o FMI espera que o PIB cresça 3,2% este ano, cerca de 0,1% abaixo de sua estimativa anterior.
No Brasil, onde a confiança está diminuindo após as reduções no rating de crédito e dúvidas sobre a viabilidade da reforma previdenciária, a estimativa do FMI é de que a economia tenha expansão de 0,8% neste ano, 1,3 ponto percentual a menos do que em abril. Para 2020, o crescimento seria de 2,4%, queda de 0,1 ponto em relação à projeção anterior.
A estimativa ficou em linha com as projeções do governo brasileiro e do Banco Central.
A redução expressiva da estimativa para o Brasil está relacionada, principalmente, às incertezas relacionadas ao futuro da reforma da Previdência.
O primeiro turno da votação da reforma no plenário da Câmara dos Deputados, no entanto, ajudou a interromper as 20 semanas consecutivas de redução da previsão do crescimento por economistas na pesquisa Focus do banco central.
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“Claramente, a aprovação (da reforma previdenciária) no primeiro turno é um sinal positivo. Assumimos que a reforma vai passar e teremos um aumento considerável no crescimento em 2020 em comparação com este ano”, afirmou Gian Maria Milesi-Ferretti, diretor do departamento de pesquisa do FMI, à Reuters.
“Mas é principalmente nos próximos trimestres, enquanto a revisão reflete o que temos visto até agora.”
O Fundo também apontou para uma desaceleração do PIB no México, que atualmente espera finalizar um novo acordo comercial com os Estados Unidos e o Canadá. A segunda maior economia regional crescerá 0,9% neste ano e aumentará para 1,9% no ano que vem, com uma redução de 0,7 ponto percentual na estimativa de 2019.
A América Latina tem vivido uma desaceleração econômica nos últimos anos e em 2018 cresceu apenas 1%, segundo o FMI, prejudicada por fatores geopolíticos, declínio nos investimentos, dados mais moderados na China e, mais recentemente, por um cenário comercial mais tenso.
Em seu relatório divulgado nesta terça-feira, o Fundo reduziu suas projeções de crescimento global para este ano e o próximo ano em 0,1 ponto percentual, para 3,2% e 3,5%, respectivamente, com riscos de queda em grande parte das estimativas.
As ameaças incluem “uma intensificação das questões sobre comércio e das tensões tecnológicas” que podem gerar um período prolongado de aversão ao risco, deixando as vulnerabilidades das economias emergentes ainda mais expostas.
O FMI também ressaltou que a economia argentina contraiu no primeiro trimestre, mas em um ritmo mais lento do que em 2018, por isso reduziu ligeiramente sua estimativa para este ano para o país sul-americano.
O relatório também chamou a atenção para a crise humanitária e o “efeito devastador” da crise venezuelana, onde a economia irá contrair em torno de 35% este ano.
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