Após vencer licitação da Petrobras e levar o campo de Baúna, a australiana Karoon planeja novos investimentos no Brasil para incrementar a produção de petróleo e trabalhar para a sinergia da nova área com outros ativos próximos, disse o diretor-geral da empresa para América do Sul à Reuters.
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A operação da compra de Baúna, localizado em águas rasas da Bacia de Santos, foi anunciada na noite de ontem (24), por US$ 665 milhões.
Tim Hosking afirmou em uma entrevista por telefone que a expectativa é de que o negócio seja totalmente concluído e a empresa se torne operadora do campo, com 100% de participação, em até dez meses a partir de agora.
“A compra de Baúna é um grande passo para o nosso crescimento no Brasil”, comemorou o executivo. “Assim que nos tornarmos operadores, planejamos intervenções em poços e também desenvolver a descoberta de Patola na área, para crescer a produção para 33 mil barris de petróleo por dia em 2022.”
Baúna, que iniciou a produção em 2013, produz atualmente cerca de 20 mil barris de petróleo por dia, segundo dados da Petrobras.
Para a aquisição, a Karoon usará US$ 228 milhões em recursos próprios e tem um crédito aprovado de até US$ 250 milhões com a ING. Alguns ajustes no valor total a ser pago podem ocorrer até o fechamento da operação, e a empresa também poderá levantar capital com acionistas existentes ou novos investidores.
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O campo de Baúna é composto por dois reservatórios produtores de petróleo, Baúna e Piracaba, ambos ligados à unidade flutuante de produção, armazenamento e descarregamento (FPSO) Cidade de Itajaí, e a descoberta de Patola, feita em 2011.
Segundo Hosking, a aquisição irá fornecer ainda sinergias operacionais e logísticas relevantes para o potencial desenvolvimento dos seus ativos Neon e Goiá.
Próximos passos
A empresa planeja entregar até agosto o Plano de Desenvolvimento para a área de Neon à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), disse Hosking.
As reservas de Neon serão acessadas por dois poços horizontais produtores de óleo e um poço de injeção de gás, que deverão produzir entre 25 mil e 28 mil barris diários a partir de 2023, explicou o executivo.
Ao todo, a Karoon tem reservas contingentes estimadas em 82 milhões de barris de petróleo, sendo 52 milhões em Neon e 23 milhões em Goiá.
A empresa possui ainda um terceiro contrato de exploração ao sul Bacia de Santos, em águas de Santa Catarina, cujo bloco foi arrematado pela empresa em leilão da ANP em 2017. O ativo, que também poderá trazer sinergias com os demais, tem como trabalho inicial a realização de levantamentos sísmicos e estudos geológicos.
A Karoon chegou ao Brasil em 2008 e, desde então, investiu US$ 600 milhões, sem incluir o novo acordo com a Petrobras. A empresa também tem projetos no Peru e na Austrália.
Hosking enfatizou que o Brasil é um país chave para o crescimento da empresa, sem detalhar o montante que está previsto para o país nos próximos anos. Ele também não descarta a possibilidade de buscar novas aquisições da Petrobras ou outras colocadas no mercado brasileiro.
A petroleira brasileira tem um ambicioso plano de desinvestimentos de ativos considerados não essenciais, enquanto busca focar seus esforços na exploração e produção de águas profundas e ultraprofundas.
“Certamente o Brasil é um país chave para o crescimento, nós vamos avaliar as oportunidades colocadas, se acharmos oportunidades interessantes para a companhia, vamos atrás delas”, afirmou.