Resumo:
- A libra vem enfrentando críticas do governo dos Estados Unidos, com barreiras em regulamentos legais;
- Essas ameaças já fazem com que muitos economistas considerem como seria o mercado da libra sem empresas norte-americanas;
- O resultado é uma criptoeconomia trilionária, que, mesmo sem esses parceiros, conecta países pelo mundo.
Com crítica e ceticismo logo de saída, o plano de Mark Zuckerberg de lançar uma moeda digital se viu em xeque. Mas Robert Frazier, gerente da Marketrocracy, empresa de gerenciamento de investimentos, vê um potencial imenso na libra: ela pode atrair bilhões de pessoas de países do terceiro mundo e criar um mercado trilionário para o futuro do Facebook.
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Forbes, Ken Kam: O Facebook se tornou muito lucrativo para você nos últimos sete anos. O que pensa da libra e da sua mudança estratégica?
Robert Frazier: Acredito que, no futuro, a libra se tornará a operação mais importante do Facebook. Assim como o PayPal fez do eBay um grande sucesso, ou como a AWS resgatou a Amazon, a libra será a surpreendente inovação surgida da necessidade de uma marca global de alcançar o primeiro, o segundo e o terceiro mundos.
F. K. K.: Criptomoedas não são novidade. Qual o diferencial e a vantagem da libra?
Frazier: Ainda existem muitos pontos que pesam contra o bitcoin e outras criptomoedas. Os custos transacionais são astronômicos. O impacto ambiental do “mining” e das “server farms” — técnica e locais utilizados na autenticação de bitcoins — é imoral. As formas com que a cripto permitiu lavagem de dinheiro, tráfico humano, de drogas e hacks no mercado negro é criminoso. Como ser humano, sou contra a cripto pois permite que o mal entre no mercado. Também não sou fã da negociação especulativa de commodities porque comprar commodities é basicamente desperdiçar capital ativo nas esperanças da especulação.
A libra como conceito — não se sabe ainda de todos os detalhes — lida com muitos desses pontos negativos e promove a negociação internacional com transparência.
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F. K. K.: Acredita que a libra será lucrativa para o Facebook?
Frazier: O Facebook está mirando um problema, uma demanda específica: a má gerência monetária em países do terceiro mundo. Zuckerberg e seus parceiros têm nas mãos um grande negócio por poder atrair para a economia global 3 bilhões de pessoas e seus aparelhos celulares, pelos quais já têm uma conexão com o mundo.
F. K. K.: Como se viu no Senado e no Congresso norte-americanos, a libra tem vários empecilhos para o seu lançamento.
Frazier: Com todo o respeito aos legisladores dos Estados Unidos, bloquear a libra no país significaria bloquear a participação de empresas norte-americanas nesse novo negócio. A libra é uma plataforma para construir um mercado trilionário, que resolverá o problema de bilhões de pessoas. Seria uma vergonha se as empresas dos EUA não tomassem parte.
F. K. K.: Você está satisfeito com a forma pela qual o Facebook lidou como os problemas do bitcoin e outras criptomoedas?
Frazier: Eu gosto do fato de que o valor da libra seja fixado a uma variedade de moedas soberanas. Isso elimina a especulação de commodities, que leva a ciclos de inflação ou deflação. Gosto que eles se comprometam a lutar contra a lavagem de dinheiro com o limite de transferências. E gosto que estejam construindo isso com várias companhias, não só a deles — isso cria responsabilidade. Gosto também que estejam construindo uma rede de parceiros de negócios que conecta as regiões mais pobres do mundo a serviços financeiros.
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F. K. K.: Você está aumentando sua posição no Facebook com o desenvolvimento desse novo modelo de negócios?
Frazier: Quando o mercado sobe e aquece dessa forma, eu tendo a ter minhas posições em dinheiro para me preparar para qualquer correção que venha quando tem início o lucro. Estou tentado a aumentar minha posição no Facebook em 20% enquanto o preço cair nos próximos meses.
Minha opinião: Robert tem um bom ponto ao dizer que a libra pode ter sucesso mesmo que as empresas norte-americanas não participem do negócio. É prematuro comprar ações do Facebook por causa da libra. Mas existem várias razões para comprar ações da empresa em uma baixa no mercado, assim como Robert planeja fazer.
Robert Frazier é o gerente da Marketocracy que tem dado os melhores conselhos sobre o Facebook nos últimos anos.
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