Resumo:
- O preço do ouro vem subindo significativamente desde o começo de junho;
- Conflitos no Oriente Médio entre Estados Unidos e Irã estão entre os motivos para essa alta;
- Analistas acreditam que o ouro pode subir significativamente já nos próximos meses.
O brilho do metal precioso voltou, e ele está sendo negociado com aumento de 11,4% no acumulado do ano. A maior parte desse ganho foi recente – mais precisamente em 30 de maio. Desde então, o preço subiu aproximadamente 12,87%. É provável que o ganho mensal chegue a 9,49% – o melhor desde 2016.
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Isso vem acontecendo, principalmente, por conta de três fatores:
- Crescimento econômico global fraco;
- Incertezas causadas por motivos geopolíticos;
- Uma mudança enorme na postura política e monetária do Fed.
Vamos começar com a política monetária. O índice do dólar (DXY) terá sua maior perda mensal desde 2018. Só esse mês, a queda foi de 1,85%, uma fraqueza que provocou uma corrida pelo ouro. Investidores estão muito preocupados que a economia dos Estados Unidos entre em recessão, e os dados econômicos vêm apoiando esse argumento até certo ponto. Recentemente, o Fed admitiu que a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China começou a pesar na saúde econômica do país. Como resultado, o Fed decidiu que precisava mudar sua política monetária.
O que é valorizado justamente no mercado (a respeito do índice do dólar e do preço do ouro) é que o Fed cortará as taxas de juros em 0,25%. No entanto, os especuladores não querem acreditar nisso. Na opinião deles, o banco central norte-americano vai cortar as taxas de juros em pelo menos 0,50%. Há pouco tempo, quando o preço estava menor do que US$ 1.350, eu discuti o fato de que ele provavelmente passaria a marca dos US$ 1,4 mil por causa das mudanças nas políticas monetárias do Fed. Desde então, o preço subiu mais de 7,29% e agora é negociado a US$ 1.430.
Outra razão para o valor do ouro ter subido é a crescente incerteza geopolítica no Oriente Médio. O recente conflito envolvendo a destruição de um drone norte-americano pelos iranianos aumentou a tensão entre os dois países. Pela primeira vez, o governo de Donald Trump teve uma abordagem mais sensível e adotou sanções ao invés de ações militares no Irã. Mesmo assim, não podemos dizer que isso não tornou a situação mais complicada em uma das áreas mais sensíveis do mundo. O Irã disse que a porta está fechada para caminhos diplomáticos, o que significa que as incertezas continuarão surgindo. Isso provavelmente vai fazer com que o preço do ouro continue aumentando – e não é difícil que ele ultrapasse os US$ 1,5 mil.
Um fator importante no qual investidores deveriam estar prestando atenção é a relação entre o preço do ouro e o tamanho das dívidas de rendimento negativo. O gráfico abaixo mostra que existe uma forte correlação, o que significa que o preço do ouro sobe enquanto o tamanho das dívidas de rendimento negativo aumenta. Isso faz todo sentido, claro, afinal não são muitas as pessoas que gostam de ter dívidas de rendimento negativo. A aposta mais segura é o metal precioso. Dada a atual política monetária adotada pelo Banco Central Europeu e pelo Fed, é provável que o preço do ouro alcance a marca dos US$ 1.550 nos próximos meses.
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No entanto, é importante lembrar que os números padrão ainda estão sob controle, ou, em outras palavras, em baixa, o que significa que a situação econômica não é tão desastrosa assim. Além disso, a temporada de ganhos está chegando e qualquer fraqueza substancial no índice do dólar ajudaria os lucros corporativos, a não ser que uma visão geral dos fatos torne o mercado “dull” – com pouco volume e movimentação de preços.
Como conclusão, a reunião dos G-20 que está por vir, a política monetária do Fed, a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e a crescente incerteza geopolítica no Oriente Médio podem continuar ajudando na subida do preço do ouro.
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