Resumo:
- Biobancos são redes de armazenamento de amostras biológicas e espécimes, e também são o potencial futuro da medicina;
- A disponibilidade e o fácil acesso desses materiais é crucial para pesquisas científicas e para o desenvolvimento de novas drogas e tratamentos;
- No entanto, essa conveniência levanta debates sobre privacidade, confidencialidade e as barreiras éticas da medicina.
A evolução dos biobancos rapidamente possibilitou a criação de enormes coleções de material biológico e informações associadas. Como esses terabytes de dados coletados estão transformando nações?
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Introdução
Biobancos estão aqui. Automação baseada em inteligência artificial, análise de dados, robótica e a internet, entre outros avanços tecnológicos, estão movendo a revolução dos biobancos, biorrepositórios e ciência de bio-espécimes. Com a evolução de biobancos de uma coleção simples de espécimes congelados a biobancos virtuais e a biociência atual, seu crescimento traz à cada nação e seu respectivo sistema de saúde um potencial transformador.
O foco imediato em biobancos ainda em formação parece se dar por conta do entendimento de doenças, descoberta de novas drogas e seu desenvolvimento. Além disso, pesquisadores dos biobancos oferecem uma nova visão sobre componentes genéticos de doenças humanas. Outro foco é a criação de uma abordagem mais personalizada e automatizada ao sistema de saúde.
O maior objetivo, no entanto, parece não se limitar à revolução do sistema de saúde humano. Biobancos focados em animais, plantas e micróbios também estão evoluindo rapidamente. Existem diversos projetos específicos de entidades públicas e privadas em diferentes países, como biobancos genéticos, de DNA e RNA, bancos de sangue, de tecidos, virtuais, de microbiomas e de células tronco, entre outros.
A evolução dos biobancos
A evolução dos biobancos rapidamente permitiu o armazenamento de materiais biológicos e informações associadas, assim como de materiais não-humanos: plantas, animais e micróbios, entre outros, coletados para uso na agricultura, ecologia, pesquisas médicas e desenvolvimento de drogas. Existe uma esperança de que a evolução de biobancos diversos e o compartilhamento de seus dados revolucione pesquisas e leve a uma medicina mais personalizada.
Agora que dados não são mais posse de um único laboratório e cientistas podem guardar grandes quantidades de informação biológica e genética em locais comunitários de pesquisa, o potencial de evolução cresce enormemente. Além disso, os avanços tecnológicos permitem o compartilhamento de informações, e muitos cientistas de diversos laboratórios trabalhando em pesquisas parecidas podem ter acesso aos dados dos biobancos. Além da coleta de dados genotípicos, dados fenotípicos também são coletados, armazenados e disponibilizados para diversos pesquisadores.
A plataforma de análise de riscos Risk Group conversou com o Dr. K. Stephen Suh, expert em medicina de precisão baseado nos Estados Unidos, sobre biobancos no podcast Risk Roundup.
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Em direção à medicina personalizada
A medicina personalizada e o desenvolvimento de novas drogas provavelmente terão um papel muito importante na saúde humana, então, o acesso a bio-espécimes de alta qualidade em biobancos se torna fundamental. Biobancos estão se tornando cruciais no avanço da biomedicina e de pesquisas translacionais.
Um dos objetivos dos biobancos inclui a promoção da saúde humana e o bem-estar da comunidade. Diagnósticos e tratamentos atuais exigem uma identificação dos biomercados que seria útil para detecção, prevenção e tratamento de doenças associadas a condições médicas específicas, como câncer e doenças cardiovasculares e neurológicas, entre outras.
A habilidade de determinar biomarcadores específicos para diagnósticos e prognósticos de respostas terapêuticas terá um impacto significativo na medicina personalizada. Ela está rapidamente mudando a conduta de clínicas no presente e no futuro, em diversos lugares. Biobancos estão a caminho de um papel essencial nos avanços da medicina personalizada, já que a disponibilidade de um grande número de amostras humanas (saudáveis ou não) é crucial.
Preparação
Todos os países do mundo possuem biobancos e a tecnologia que eles exigem? Diversos biobancos são bem estabelecidos e geralmente tem apoio e fundos, inclusive em países em desenvolvimento também. No entanto, a questão permanece.
Uma boa infraestrutura é necessária, já que, se um país não possuir apoio público, acesso à internet, água potável, eletricidade estável, políticas e regulamentos efetivos e investimentos nacionais, os biobancos provavelmente não terão sucesso. É essencial que as condições ideais sejam mantidas para os biobancos. Isso nos traz a uma questão importante: existem guias e normas para biobancos? Individualmente e coletivamente, estamos criando lugares seguros e confiáveis para armazenar materiais humanos ou não que podem ser usados para salvar vidas?
Desafios complexos
Da coleta de amostras à documentação de espécimes e doadores, surgem questões sobre posse e consentimento. Além do mais, como armazenar e proteger terabytes de dados coletados diariamente?
Sistemas eletrônicos de histórico médico são implementados mundialmente, e dados clínicos ligados a bio espécimes são disponibilizados prontamente, mas para que biobancos movam o sistema de saúde do futuro, muitos desafios complexos ainda devem ser superados. Desde a participação proativa da população à infraestrutura moderna e o patamar mundial que precisa ser alcançado por órgão regulamentares, diversas áreas se beneficiariam do potencial revolucionário dos biobancos.
Já que o papel principal dos biobancos é coletar, catalogar e armazenar amostras biológicas e dados associados a elas, eles agem como guardiões, responsáveis por garantir a privacidade dos pacientes e de suas informações. Também existe a necessidade de proteger a integridade das amostras, garantido que elas sejam usadas apenas para os propósitos corretos. Biobancos já desencadearam debates graças a preocupações éticas, legais e sociais sobre o uso desses dados. Então, como a segurança e privacidade de dados é reforçada nos biobancos? Como é mantida a integridade das amostras?
Biobancos são identificados como uma área crucial para o desenvolvimento infraestrutural e criação de novas drogas, mas é vital entender o processo tecnológico, político, legal e ético para compreender os desafios dos biobancos.
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O crescimento do trabalho clínico
Em qualquer discussão sobre biobancos, o aumento de trabalho clínico deve ser abordado. Trabalho clínico se refere aos indivíduos que pagam para participar de testes genéticos por motivos de saúde ou ancestralidade. Para pesquisa do genoma, existe um incentivo econômico estrutural para a coleta sistêmica de amostras.
Além do teste genético de consumo direto que centraliza o debate, tecidos e outros materiais biológicos coletados da população também entram em jogo. A questão que aflora é se os participantes humanos participando deveriam se beneficiar financeiramente de seus dados clínicos, por serem a força por trás de avanços na área da saúde. Muitos perguntam se indivíduos deveriam lucrar de seus dados online, os quais companhias vêm usando há anos sem consentimento, e ter posse de suas próprias genéticas.
Qual é o próximo passo?
É esperado que biobancos mudem o mundo e se tornem uma área crucial de desenvolvimento estrutural, e existe a esperança de que investimentos crescentes possibilitem progresso científico que moldará economias, influenciando o conhecimento da saúde humana, doenças, drogas, medicina personalizada e mais. O momento é propício para focar nos biobancos e entender seus riscos e recompensas.
Nota de transparência: o autor é CEO da empresa Risk Group.
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