Resumo:
- Nos Estados Unidos, a Uber e a Lyft (que não opera no Brasil) dominam o mercado de aplicativos de transporte pessoal;
- Diferentemente das concorrentes, na Nomad, os motoristas recebem todo o dinheiro das corridas, mas devem arcar com o seguro e pagar uma assinatura mensal de US$ 25;
- A empresa fez um teste neste ano em que registrou 5.700 corridas em 61 dias do serviço em uma cidade universitária.
A Uber e a norte-americana Lyft (que não opera no Brasil) não enfrentam muita competição nos dias de hoje. Juntas, as duas gigantes de transporte têm mais de 98% do mercado dos EUA, segundo a empresa de análises Second Measure.
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As comissões de cada viagem compreendem um fluxo de receita significativo para ambas as empresas, mas angustiam alguns motoristas. A Uber diz que leva 25% de cada viagem, e enquanto Lyft não revelou. No entanto, fatores como a distância percorrida podem fazer com que a comissão suba acima de 40%, uma das principais razões pelas quais os motoristas de ambas as empresas organizaram uma greve em maio. Quando perguntado em 2015 por que a Uber estava elevando suas taxas de comissão, um executivo então teria dito: “Porque nós podemos.”
Uma startup, com apoio da aceleradora Y Combinator, do Vale do Silício, quer desafiar o duopólio norte-americano, eliminando a comissão. A Nomad Rides diz que sua plataforma cobra aos passageiros 20% menos, enquanto os motoristas ganham 20% a mais, pagando à empresa uma assinatura mensal fixa. A taxa, atualmente, é de US$ 25 por mês. A startup lançou seu aplicativo na Universidade de Indiana, em Bloomington, em fevereiro.
“Os resultados foram absolutamente loucos”, disse o cofundador e CEO, Daniel Jones, aos investidores durante um discurso de dois minutos no Y Combinator Demo Day. “Em apenas 61 dias, completamos mais de 5.700 viagens. Nós tínhamos muita demanda, tivemos mais de 9.400 pedidos.”
Jones e o cofundador Michael McHugh, diretor financeiro da empresa, têm grandes ambições. Usando camisas polo cor de menta, eles concluíram o discurso perguntando se o público estava “interessado em nos ajudar a matar Uber e Lyft”, e todos riram.
McHugh disse à Forbes que ele e Jones veem a Nomad Rides como uma empresa de software, em vez de um aplicativo de transporte. O objetivo imediato da startup, segundo ele, é provar, por meio de seus mercados-piloto, que ela pode ser “uma empresa de software que lucra com as assinaturas”.
“Nosso maior problema agora é que temos demanda demais”, disse McHugh. Durante o teste no início deste ano, alguns motoristas não se sentiam confortáveis usando o aplicativo porque ele não oferecia seguro ou possuía uma licença de empresa de rede de transporte, acrescentou. De fato, a startup parou seu serviço depois de dois meses porque estava operando ilegalmente na época. Desde então, a Nomad obteve uma licença.
Ao contrário de Uber e Lyft, que fornecem seguro de carro suplementar quando os motoristas estão nos aplicativos, o Nomad exige que os motoristas paguem pelo próprio seguro. Os condutores podem adquirir uma apólice comercial pela empresapor um preço mais barato. “Basicamente, estamos aproveitando a quantidade de motoristas que temos para conseguir que elestenham preços realmente acessíveis”, disse McHugh. “Agora, podemos abrir a [Nomad] para novos colaboradores.”
Para os motoristas, o apelo da Nomad é como o de uma academia, disse Mike Ramsey, diretor sênior da Gartner, que analisa a indústria automotiva. Um motorista pouco frequente, como alguém que vai pouco à academia, tem menos incentivo para se inscrever. Isso representa um desafio para uma empresa como a Nomad, que depende de uma economia que por natureza atrai pessoas que querem flexibilidade. A Nomad quer construir “comunidades unidas para os trabalhadores que realmente gostem de seus empregos”, disse McHugh. Durante a avaliação do aplicativo, o app colocou os motoristas em um bate-papo em grupo e ofereceu eventos mensais para fomentar a comunidade. A startup foca em segurança e liberdade para os motoristas, permitindo que eles escolham os passageiros e até mesmo construam uma lista de clientes.
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Ride Austin -serviço sem fins lucrativos que surgiu em meio a uma disputa em 2016 que derrubou temporariamente Uber e Lyft em Austin, no Texas- cobra uma taxa fixa de 99 centavos por viagem para o motorista. O CEO e cofundador, Andy Tryba, disse à Forbes que aprendeu que conseguir passageiros é um desafio muito maior do motoristas. A Nomad tem pela frente uma longa e cara saída do anonimato, concordou Ramsey.
“Uber e Lyft têm um orçamento ilimitado para ganhar qualquer batalha de preços, exceto um contra o outro”, disse Tryba. “Qualquer um que esteja tentando competir precisa criar planos diferente e atraentes para motoristas.” A Nomad prioriza as medidas de segurança e espera crescer como uma rede social, disse McHugh. Começar nas cidades universitárias é fundamental, ele acrescentou, porque os passageiros e motoristas veem a plataforma como uma espécie de “movimento político” que fortalece os usuários.
McHugh disse que voltará para Indiana antes do relançamento da Nomad. A startup retomou as operações na Universidade de Indiana na segunda-feira (26) e será lançada em breve em outras faculdades da Big Ten Conference, como a Purdue University e a University of Illinois Urbana-Champaign.
“As coisas vão explodir quando retornarmos a uma base de usuários que nos imploraram para voltar”, disse Jones.
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