Resumo:
- Margaret Nyamumbo viveu na pele os problemas das plantações de café quenianas e, depois de se formar em Harvard, resolveu encontrar uma solução;
- Por isso, ela criou a Kahawa 1893, uma empresa que usa o blockchain para distribuir o café produzido no Quênia e sua renda de forma justa e igualitária;
- Com a tecnologia, ela direciona o faturamento para empoderar mulheres, além de permitir que consumidores deem gorjetas aos agricultores.
Na primeira onda do café, a marca Folgers foi a grande vencedora. Pessoas mais velhas ainda se lembram da época em que o café vinha em lata. Na segunda onda do café, a Starbucks levou a melhor. O império de Howard Schultz, fundador da rede de cafeterias, não só atingiu ubiquidade, também mudou o papel do café na sociedade. Ainda não se sabe quem ganhará a terceira onda. Muitos dizem que será a companhia Blue Bottle. Quando a Nestlé comprou uma fatia majoritária da empresa em 2017, ela valia US$ 700 milhões. Ainda sem saber vencedor, a empresária Margaret Nyamumbo se esforça para que fazendeiros possam dividir sua produção.
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As experiências de Margaret são únicas quando comparadas às de outros estudantes da Harvard Business School. Ela é a terceira geração de uma família de produtores de café no oeste do Quênia. Ela se lembra de quando colhia sementes de café com a mãe durante sua infância. Sua vivência lhe deu a oportunidade de entender as cadeias de produção e simultaneamente saber como é fazer parte de sua base. “Eu presenciei o esforço dos fazendeiros para conseguir sobreviver, mesmo plantando o que é conhecido como o melhor café do mundo,” ela disse.
A renda média anual dos fazendeiros quenianos é de US$ 1.120. Mesmo com a linha de pobreza tendo sido ajustada para acompanhar o poder de compra (o que pode ser comprado com um dólar em cada país), os quenianos ainda estão abaixo do piso, que é de US$ 1692. A força de trabalho feminina é particularmente injustiçada. De acordo com Margaret, as “mulheres fazem 90% do trabalho, têm posse de 1% da terra e são mal pagas.”
Com seus laços familiares e sua educação norte-americana, Margaret queria consertar a situação. Ela fundou a Kahawa 1893 para distribuir “café queniano autêntico e construir uma cadeia de produção melhor, que permite que fazendeiros ganham uma renda justa.” A empresa remove intermediários e trabalha diretamente com os fazendeiros. Isso ajuda a reduzir as desigualdades na cadeia de produção, mas não auxila as mulheres particularmente. Por isso que a Kawaha 1893 também usa 25% de seus lucros para oferecer acesso a crédito para mulheres, para que elas “participem dos negócios e se empoderem financeiramente.”
A empresa leva no nome o ano em que o café começou a ser plantado no Quênia, mas foca na criação de um novo futuro, em que a produção do café honre o status do passado. Em 2019, a Kahawa 1893 traz o blockchain ao seu processo, entregando aos consumidores café queniano rastreável. Melhor ainda, a companhia usa blockchain para que consumidores consigam dar gorjetas aos fazendeiros. Quando alguém compra o café no mercado ou na cafeteria, pode escanear o QR code e mandar o dinheiro para a carteira virtual do agricultor. Com a ajuda da Mpesa, o fornecedor de dinheiro virtual do Quênia, o agricultor recebe o valor instantaneamente.
Isso pode mudar a vida de um agricultor. “Se você paga US$ 0,05 de gorjeta por copo de café, a renda do fazendeiro dobra. Por vendas tradicionais, a cada US$ 1 pago, US$ 0,05 vão para o agricultor e o resto se perde na cadeia de produção”, disse Margaret.
Até agora, a Blue Bottle Coffee foi a mais valorizada na terceira onda do café. No entanto,por trabalhar diretamente com mulheres, empoderá-las e se comprometer a manter a transparência, Margaret espera poder compartilhar dessa riqueza.
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