O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou o Irã de estar por trás dos ataques a instalações de petróleo na Arábia Saudita no final de semana que aumentaram as preocupações com a possibilidade de um conflito no Oriente Médio, mas acrescentou que não queria guerra com ninguém. O Irã nega a autoria dos ataques que destruíram parte da maior usina de processamento de petróleo bruto na Arábia Saudita e alavancaram a maior alta da commodity nas últimas décadas. Diversas autoridades do gabinete presidencial dos Estados Unidos, incluindo o Secretário de Estado, Mike Pompeo, e o Secretário de Energia, Rick Perry, acusaram o Irã pelos ataques, que levaram a uma redução de 5% na produção mundial de petróleo.
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O presidente iraniano, Hassan Rouhani, disse que a agressão foi conduzida pelo “povo iemenita” em retaliação a ataques da coalizão liderada pelos sauditas na guerra do Iêmen, que já dura quatro anos.
Perguntado por um jornalista na Casa Branca se o Irã estava por trás dos ataques, Trump disse: “Certamente parece que sim nesse momento, e avisaremos. Assim que descobrirmos com certeza, avisaremos, mas parece que sim.” O líder norte-americano disse que não queria agir de maneira precipitada. “Temos muitas opções, mas não estou considerando opções no momento, queremos descobrir de maneira definitiva quem fez isso. Estamos lidando com a Arábia Saudita. Estamos tratando com o príncipe herdeiro e alguns de seus vizinhos. E estamos conversando sobre isso juntos. Vamos ver o que acontece”, disse. “Eu sou alguém que gostaria que não houvesse guerra”, disse Trump. “Não, eu não quero guerra com ninguém, mas estamos preparados mais do que qualquer um.”
A Arábia Saudita é o maior exportador de petróleo do mundo, embarcando cerca de 7 milhões de barris de petróleo por dia para todo o mundo. Os Estados Unidos produzem cerca de 12 milhões de barris por dia, mas consomem 20 milhões de barris por dia, o que significa que devem importar o restante.
Trump nega crise de abastecimento
Trump também refutou uma crise nos EUA pela queda na produção de petróleo causada pelo ataque à Arábia Saudita. Ele disse que os Estados Unidos se tornaram um produtor tão grande que não precisam mais do Oriente Médio, após os ataques perpetrados no fim de semana a instalações de petróleo na Arábia Saudita. Os dados do governo dos EUA, no entanto, contam uma história diferente: o boom de perfuração nos EUA, impulsionado pela tecnologia e iniciado há mais de uma década, transformou os EUA em um grande produtor, mas as importações de petróleo e derivados da região do Golfo no ano passado ainda foram abundantes.
“De maneira geral, ainda estamos importando um pouco e não estamos totalmente imunes ao mercado mundial”, disse Jean-François Seznec, membro do Centro Global de Energia do Conselho Atlântico, durante conversa por telefone com repórteres ontem (16).
Grande parte do déficit dos EUA é coberto pelo Canadá, mas alguns ainda vêm da Arábia Saudita, Iraque e outras nações do Golfo, porque várias refinarias norte-americanas preferem seu petróleo. Como exemplo, a maior refinaria dos EUA — Motiva Enterprises em Port Arthur, Texas — é de propriedade da empresa estatal de energia da Arábia Saudita, a Saudi Aramco. Outras refinarias — especialmente na Califórnia — estão isoladas dos grandes campos de petróleo dos EUA e também devem depender de carregamentos.
A incompatibilidade entre o que as refinarias dos EUA querem e o que o país produz significa que, em 2018, os Estados Unidos importaram uma média de 48 milhões de barris por mês de petróleo e derivados da região do Golfo, segundo a Administração de Informação sobre Energia dos EUA. Esse volume caiu cerca de um terço em relação a uma década atrás, à medida que a produção doméstica de petróleo e gás disparou, segundo os dados.
Sarah Emerson, presidente da ESAI Energy, disse que a interrupção da produção na Arábia Saudita, se for prolongada, pode propiciar uma oportunidade para os produtores de petróleo dos EUA expandirem seus mercados no exterior.
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