Nos últimos seis meses, o investidor Robert Gibbins vem rodando o mundo atrás de conferências científicas, tendo viajado de sua casa em Genebra, na Suíça, para os EUA, a Espanha e a Áustria. Os eventos tinham um tema comum – a mudança climática – e contaram com um grande público formado por acadêmicos, burocratas e políticos. Mas a ausência de um grupo foi gritante. “Eu não vi outros investidores lá”, comenta. Isso o deixa estarrecido. “A mudança climática é algo que devemos incluir em todas as análises, em todos os investimentos.” A maioria das pessoas acha – ou espera – que o aquecimento global seja algo que seus filhos ou netos terão de enfrentar. Gibbins discorda. O fundador da Autonomy Capital (US$ 5,5 bilhões em ativos), de 49 anos, acredita que a mudança climática vai acontecer em breve e de forma repentina.
Cada aposta que seu fundo de hedge faz é estruturada em torno de sua crença de que o mundo está seguindo em direção a um futuro superaquecido e submerso – e que o carbono será tratado como um resíduo caro que precisa ser capturado e armazenado. Gibbins já ganhou um bom dinheiro apostando nos contratos futuros de carbono da Europa e prevê que jogadas mais altas ainda estão por vir.
Ele tem um histórico impressionante de tomada de decisões importantes. Seu fundo, que faz grandes apostas em macrotendências econômicas e políticas, é destaque no setor, tendo dado um retorno anualizado de 12,85% líquidos desde sua criação, em 2003, em comparação com os 8,9% do índice S&P 500.
Filho de um corretor de imóveis de Vancouver, praticante de esqui e apreciador da vida ao ar livre, Gibbins passou pela Universidade da Pensilvânia e pelas mesas de negociação do JPMorgan e do Lehman Brothers antes de abrir a Autonomy. Em muitos países, ele presume, a mudança climática colocará a estabilidade econômica sob forte pressão. Se um país está uma pilha de nervos agora, isso só vai piorar com a elevação do nível dos mares e a chegada de outras mudanças rápidas.
Pensando nisso, vendeu a descoberto a dívida e as moedas da Turquia e da África do Sul. Ele vê os governos de ambos os países – liderados por Recep Erdogan na Turquia e pelo partido Congresso Nacional Africano na África do Sul – como totalmente ineptos. “Você pode escolher entre ser governado pelo CNA ou Erdogan ou ser uma economia industrial
moderna”, diz ele. “Não dá para ser as duas coisas.”
Em viagens recentes à Argentina, descobriu que as pessoas estavam exaustas depois de uma década de dificuldades econômicas e de políticas fracassadas, o que o convenceu de que o país não levaria a populista Cristina Kirchner de volta ao poder (a última presidência dela terminou em dezembro de 2015). A dívida do país está precificada para o desastre. “Na Argentina, a sociedade já deu um basta. Não quer mais políticas voltadas aos próximos três dias.”
Ele viaja 150 dias por ano para se manter informado – e espera que os 24 economistas e profissionais de investimento que trabalham para ele façam o mesmo. Reúne-se com executivos, jornalistas e burocratas locais para avaliar em que medida as instituições estão funcionando – e se são capazes de lidar com grandes desafios, como o clima.
E quanto às ações de empresas específicas? Uma ideia óbvia é evitar as seguradoras patrimoniais, que provavelmente serão fustigadas pelos danos climáticos. Gibbins não acredita nisso – acha que as seguradoras podem se sair bem, já que grande parte de seus negócios consiste em coberturas por períodos curtos, o que dá a elas a oportunidade de alterar os preços de seus produtos. Já os fundos de investimento imobiliário apresentam riscos bem maiores.
Apesar da decisão de Donald Trump de sair do Acordo de Paris, Gibbins prevê que os EUA acabarão por assumir a liderança, junto com a Europa, de um acordo mundial para limitar as emissões de carbono e punir os países que não o cumpram. Acredita que as ações de grandes empresas de petróleo, como a Exxon, e as moedas de países viciados em petróleo, como a Nigéria, estão vulneráveis.
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