Resumo:
- O Google anunciou hoje (23) resultados promissores de seu experimento com computação quântica;
- De acordo com a empresa, o novo sistema resolve em menos de quatro minutos um problema que um computador normal levaria 10.000 anos para terminar;
- No entanto, a IBM, que representa um dos maiores rivais do Google nesse setor, negou a declaração surpreendente.
A edição desta semana do jornal científico “Nature” contém uma dissertação chamada “Supremacia quântica usando um processador supercondutor programável”. Isso representa um grande feito não só para a indústria da computação quântica, mas também para o Google. O texto demonstra um computador quântico resolvendo um problema, pela primeira vez, significativamente mais rápido que um computador normal.
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Em uma postagem no blog do Google hoje (23), o CEO da empresa, Sundar Pichai, diz esse momento pode ser comparado “ao primeiro foguete que saiu da atmosfera da Terra com sucesso e chegou ao espaço” e que “é isso que esse marco representa para o mundo da computação quântica: um momento de possibilidade”.
O Google atingiu esse marco com um novo chip quântico chamado Sycamore. Esse chip de 54 bits quânticos, ou qubits, foi construído com arquitetura supercondutora. O computador quântico usa o princípio de mecânica quântica chamado “entrelaçamento.” Isso significa que, enquanto um bit de um computador normal é binário (“zeros” e “uns), um qubit consegue produzir sobreposições quânticas. Um qubit não existe com zeros e uns, mas como uma combinação linear complexa dos dois, que permite que um computador quântico (em teoria) resolva algumas classes de problemas mais rapidamente que computadores tradicionais.
O problema é que esse entrelaçamento é um processo muito delicado. Pequenas mudanças no ambiente podem afetá-lo, criando erros na computação quântica. É por isso que Google, IBM e outros fizeram chips quânticos que operam usando supercondutores a quase zero para preservar esses entrelaçamentos frágeis.
Nesse experimento específico, os pesquisadores do Google conectaram 53 dos qubits Sycamore e os usaram para detectar padrões em números altos e aparentemente aleatórios. O computador conseguiu resolver o problema em 3 minutos e 20 segundos, e os pesquisadores calcularam que um computador tradicional demoraria 10.000 anos para encontrar a solução para o mesmo problema.
No entanto, a IBM contestou a experiência, publicando em seu blog que seu próprio time estima que “uma simulação ideal da mesma tarefa pode ser feita por um sistema clássico em 2 dias e meio e com muito mais fidelidade”.
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A grande corrida do mercado
As notícias do Google vêm em um momento em que muita energia (e dinheiro) estão sendo gastos no desenvolvimento de computadores quânticos. No entanto, essa alta confiável de investimentos em poder computacional é limitada pela física, e a desaceleração das capacidades de hardware têm o potencial de entravar a inovação dos softwares.
É aí que entram os computadores quânticos. Eles têm a vantagens em relação aos clássicos em três áreas: otimização de logística (por exemplo, rotas de delivery ideais), simulações químicas (que podem acelerar o desenvolvimento da indústria farmacêutica) e algumas aplicações de machine learning.
Enquanto o relatório do Google pode representar um grande feito tecnológico, ele enfrenta alta competição para levar essa tecnologia ao consumidor. No começo da semana, a empresa IonQ especializada em hardware quântico anunciou que levantou US$ 55 milhões de empresas como Samsung para desenvolver seu sistema quântico, que funcionaria em temperatura ambiente e pode ter margens de erro menores.
O Google ainda lidera a produção de chips com certo número de qubits, mas o CEO da IonQ, Peter Chapman, disse que a empresa planeja “dobrar o número todo ano” e oferecerá serviço quântico de armazenamento na nuvem para seus hardwares ainda no primeiro trimestre de 2020.
Uma rival ainda maior é a IBM, que anunciou em setembro seu novo centro de computação quântica no estado de Nova York para apoiar a “Q Network”, um serviço quântico de armazenamento na nuvem que já está sendo usado por consumidores da empresa e por donos de softwares que se preparam para o dia em que a computação quântica atingir seu potencial.
Pichai preferiu não falar da concorrência e focar em continuar desenvolvendo a tecnologia. “Estou animado com o que a computação quântica significa para o futuro do Google e do mundo”, ele escreveu no blog. “Parte deste otimismo vem da própria natureza da tecnologia. Você pode comparar isso ao progresso dos mega-computadores de 1950 aos avanços da inteligência artificial de hoje em dia, que ajudam a rotina das pessoas.”
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