A mineradora Vale informou ontem (2) que prevê produzir de 340 milhões a 355 milhões de toneladas de minério de ferro em 2020, à medida que recupera parte de sua capacidade paralisada após o desastre de Brumadinho (MG), no início de 2019.
A companhia não divulgou uma previsão de produção para 2019, após o rompimento da barragem em Minas Gerais, que matou mais de 250 pessoas em janeiro. Em 2018, a companhia produziu 384,6 milhões de toneladas.
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Uma meta de 400 milhões de toneladas para 2019, projetada antes do desmoronamento da barragem, só deverá ser atingida possivelmente em 2022.
“A Vale deu guidance de produção de 340-355 mi tons para 2020, e provavelmente vai vender um pouco menos do que isso para recuperar os estoques para blendagem de BRBF”, comentou o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA.
Em fato relevante divulgado ao mercado nesta segunda-feira, a Vale manteve seu guidance de vendas de minério de ferro e pelotas para 2019 entre 307 milhões e 312 milhões de toneladas, ante vendas de cerca de 365,5 milhões de toneladas em 2018.
Em evento em Nova York, no chamado Vale Day, o diretor de ferrosos da mineradora, Marcelo Spinelli, disse que a companhia prevê retomar 15 milhões de toneladas de capacidade de produção de minério de ferro em 2020.
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Uma capacidade adicional de 25 milhões de toneladas deverá voltar a operar em 2021, acrescentou o diretor.
Em outro fato relevante, divulgado quase que simultaneamente à fala do diretor, a companhia disse que prevê produzir entre 375 milhões e 395 milhões de toneladas de minério de ferro em 2021.
Na projeção mais pessimista, o volume de 2021 ainda pode ficar abaixo da produção da empresa realizada em 2018 – antes do desastre de Brumadinho –, que atingiu 384,6 milhões de toneladas.
Para 2022, a companhia projeta produzir entre 390 milhões e 400 milhões de toneladas de minério de ferro, volume que deve se repetir em 2023.
A companhia ainda divulgou projeção de investimento de US$ 5 bilhões em 2020 e o mesmo valor de aportes para 2021, sendo uma parte menor do total em execução de projetos (US$ 900 milhões).
Isso se compara a um capex de entre US$ 3,6 bilhões e US$ 3,8 bilhões projetado para 2019 em apresentação divulgada no início de outubro.
DESEMBOLSOS POR BRUMADINHO
A empresa disse ainda que 75% dos desembolsos relativos a Brumadinho deverão ocorrer até 2022, colocando provisões de até US$ 1,4 bilhão em 2020 e até US$ 1,45 bilhão no ano seguinte, além de US$ 500 milhões a US$ 900 milhões em 2023.
Para 2019, a companhia estimou entre US$ 1 bilhão e US$ 1,1 bilhão em provisões.
No fato relevante, a Vale informou que alterou suas projeções e desembolsos relacionados a Brumadinho, mas não detalhou o que mudou.
No primeiro semestre, a empresa reconheceu provisões de US$ 5,65 bilhões para indenizações e doações.
A companhia citou ainda despesas de até US$ 750 milhões por Brumadinho em 2019; até US$ 600 milhões até 2020; até US$ 450 milhões em 2021 e até US$ 350 milhões em 2022.
“A empresa deu maior visibilidade em relação à evolução dos acordos de compensação/reparação por Brumadinho. Já assinaram 25 acordos, sendo três ‘framework agremeents’ (com autoridades regionais) – US$ 1,6 bilhão em indenizações e despesas incorridas em 2019”, comentou o analista do Itaú BBA.
Ele também destacou que o foco operacional da empresa “é fazer com que volumes e custo-caixa voltem aos patamares anteriores aos de Brumadinho”.
Em apresentação, a Vale disse que a sua competitividade em minério de ferro retornará aos patamares de 2018, com o chamado “Ebitda breakeven” estimado entre US$ 28 a US$ 30 por tonelada nos próximos anos, ante US$ 37 por tonelada em 2019 e US$ 28,5 em 2018.
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A empresa disse que o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) vai variar de US$ 15,5 bilhões a US$ 23,5 bilhões em 2022, dependendo de premissas como preço dos seus principais produtos e da taxa de câmbio.
As ações da empresa operavam em alta de 2,84% por volta das 17h30, enquanto o Ibovespa subia 0,77%.
SUSTENTABILIDADE
A Vale informou que revisou seus objetivos de sustentabilidade para 2030 “para metas mais ambiciosas”: 100% de autoprodução de energia limpa globalmente; recuperar e proteger 500 mil hectares de área degradada além de suas fronteiras; e reduzir emissões de gás de efeito estufa em linha com o Acordo de Paris e se tornar “carbono neutro” até 2050.
Antes, a meta de autoprodução de energia limpa incluía apenas o Brasil, além de recuperação de apenas 100 mil hectares de áreas degradadas.
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