O empresário chinês Chen Rui volta ao ranking dos mais ricos do mundo, já que sua plataforma de anime e entretenimento Bilibili continua a produzir conteúdo exclusivo e gratuito que atrai cada vez mais a geração Z. Sua fortuna bateu a casa dos bilhões pela primeira vez em fevereiro do ano passado, quando as ações decolaram depois que as titãs chineses da internet Alibaba e Tencent investiram na plataforma.
A companhia, que tem sede em Xangai, viveu uma semana de êxtase depois que seus papéis subiram 12,5% em 2 de janeiro de 2020 e 5,4% no dia seguinte – no ano passado todo, a Bilibili registrou 3% de valorização. Aos 42 anos, Rui é o maior acionista da empresa (16,2%) e tem fortuna de US$ 1,1 bilhão, segundo estimativas da Forbes.
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A capacidade da plataforma de produzir conteúdo especial ganhou os holofotes na última quinta-feira (1), quando organizou pela primeira vez um evento de gala para a contagem regressiva para 2020. A transmissão foi um show à parte e contra a maré da tradição chinesa de exibir apresentações de estrelas locais e performances extravagantes de grupos. Em vez disso, o site apostou em temas que impactam a geração mais jovem, atraindo 44,3 milhões de visualizações no dia seguinte à transmissão ao vivo e superando os 33,1 milhões de views do evento promovido pelo canal estatal da província de Zhejiang. Tudo isso graças a shows como o do ídolo virtual Luo Tianyi, de dançarinos em trajes que faziam referência ao popular jogo online “World of Warcraft” e do pianista francês Richard Clayderman reproduzindo músicas da saga “Harry Potter”.
“A companhia possui uma base de usuários muito jovens e uma forma singular de produzir conteúdo”, diz Shawn Young, diretor administrativo da empresa de pesquisa Blue Lotus Capital Advisors, com sede em Shenzhen, na China. “Entre as empresas de internet do país, a Bilibili é uma das poucas que consegue manter o rápido crescimento.”
Em setembro de 2019, a plataforma aumentou seu número de usuários ativos mensais em 38%, para 127,9 milhões – 78% deles com idades entre 18 e 35 anos. Os analistas da Jefferies Thomas Chong, Ken Chong e Mavis Lam dizem que a receita total deve aumentar 48% e atingir 10 bilhões de yuans (US$ 1,4 bilhão) este ano, à medida que mais conteúdos personalizados online forem sendo produzidos para essa geração, aumentando os gastos de seus integrantes com jogos, assinaturas de anime e vendas de produtos.
A Bilibili assinou neste mês, por exemplo, uma parceria com o serviço de streaming QQ Music, da Tencent, para promover músicos independentes e criadores de conteúdo. Em dezembro, a empresa pagou US$ 113,7 milhões e ganhou o direito exclusivo de transmitir o Campeonato Mundial anual de League of Legends na China entre 2020 e 2022.
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Chen Rui, membro fundador da empresa chinesa de aplicativos móveis Cheetah Mobile, listada em Nova York, ingressou na Bilibili em 2014 como diretor executivo. Após bater a marca de US$ 1 bilhão em fevereiro de 2019, sua fortuna caiu em consequência da desaceleração da economia chinesa e a escalada da guerra comercial com os EUA, que prejudicou a confiança dos investidores. No entanto, as ações da Bilibili permaneceram em alta desde o segundo semestre de 2019.
A empresa foi fundada inicialmente em 2009 por Xu Yi, atualmente com 30 anos, que desenvolveu o protótipo da plataforma e depois concordou em passar o controle para Rui. Xu permaneceu como presidente da companhia e, agora, é responsável pela cultura da comunidade. Sua participação atual de 9,3% vale cerca de US$ 640 milhões.
Mas Bilibili não é à prova de desafios. Pela expansão agressiva e aumento do investimento em conteúdo, a companhia ainda não obteve lucro – pelo contrário, registrou perdas de US$ 56,8 milhões no terceiro trimestre. “A monetização dessas iniciativas ainda está em estágio inicial”, diz Yang da Blue Lotus. “Mas se a empresa conseguir aumentar ainda mais a base de usuários, poderá gerar capital com vendas de jogos, anúncios e produtos.”
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