As fintechs estão discutindo formas para obter linhas alternativas de funding, depois que tensões relacionadas ao coronavírus fizeram com que os canais habituais de financiamento das startups financeiras secassem, disse uma entidade do setor.
As conversas mostram que poucas partes do sistema financeiro ficaram imunes à ampla aversão ao risco dos investidores provocada pela pandemia, que temem uma onda de calotes.
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“Estamos discutindo alguns planos alternativos, como ter o BNDES ou outros bancos fornecendo recursos para que as fintechs continuem a emprestar durante a crise”, disse Rafael Pereira, chefe do ABCD, em entrevista.
A Creditas, que tem o conglomerado japonês SoftBank Group como um de seus investidores, a empresa de pagamentos Stone e a unidade financeira do Mercado Livre, Mercado Pago, estão entre os membros da ABCD.
As conversas também incluem pedir para que o Banco Central crie incentivos para que bancos privados também forneçam funding para as fintechs, por meio da compra de cotas de fundo de direitos creditórios.
As fintechs brasileiras financiam seus negócios principalmente vendendo os créditos aos investidores por meio de securitização no mercado de capitais, nos chamados FIDCs.
“Agora é difícil usar esse veículo para levantar recursos porque o mercado de capitais está fechado em meio ao coronavírus”, disse Pereira.
Ele acrescentou que novas rodadas de financiamento com fundos de capital de risco também são muito improváveis nos próximos meses.
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Entre outros pontos em discussão está a possibilidade de as fintechs distribuírem linhas de crédito do BNDES para pequenas empresas, usando canais digitais como forma de evitar possíveis contágios do vírus.
“As fintechs conseguem alcançar famílias e pequenas empresas sem contato físico”, disse Pereira.
Outra fonte também confirmou as conversas com o BNDES para linhas de funding e acordos de distribuição de empréstimos, mas pediu para permanecer anônimo porque as discussões ainda são privadas.
O Banco Central disse que analisa todos os pedidos que recebe, mas se recusou a comentar o assunto específico. O BNDES não se pronunciou imediatamente sobre o assunto.
O revés para as fintechs ocorre em um momento em que o Banco Central trabalha para promover mais concorrência no setor financeiro do país, no qual os cinco principais bancos detêm 82% do total de ativos bancários. Em junho de 2019, havia mais de 600 fintechs no Brasil, de acordo com um estudo da Fintechlab.
Na segunda-feira (23), o Banco Central disse que planejava injetar R$ 1,2 trilhão no sistema financeiro do país – principalmente bancos – para combater os efeitos da pandemia na economia.
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