A atividade econômica brasileira ainda apresentou recuperação em fevereiro e acima do esperado, antes do esperado baque devido aos impactos da crise de coronavírus que vem mantendo empresas fechadas e pessoas em isolamento no país.
Considerado sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve alta de 0,35% na comparação com janeiro, em dados dessazonalizados informados pelo BC hoje (14).
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A leitura positiva em fevereiro ocorreu após três taxas negativas, inclusive a forte revisão do dado de janeiro a uma queda de 0,007% após o BC após divulgar anteriormente avanço de 0,24%.
Também foi melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,20% na mediana das projeções.
Na comparação com fevereiro de 2019, o IBC-Br apresentou alta de 0,60% e, no acumulado em 12 meses, teve avanço de 0,66%, segundo números observados.
“Esse resultado se soma a outros que sugerem que a atividade econômica crescia em ritmo moderado antes da adoção de medidas de distanciamento social em março. No entanto, …a parada abrupta da economia no mês passado interrompeu essa tendência de retomada que estávamos observando”, destacou o Bradesco em nota, avaliando que o PIB deve registrar uma retração na margem entre 3% e 4% neste segundo trimestre.
Em fevereiro, a produção industrial subiu pelo segundo mês seguido, um ganho de 0,5% sobre janeiro, mas alguns segmentos já deram os primeiros sinais das consequências da pandemia de coronavírus.
O setor de varejo por sua vez surpreendeu e registrou alta de 1,2% das vendas em fevereiro, no melhor resultado para o mês em quatro anos.
Por outro lado, o volume de serviços do Brasil apresentou no mês a queda mais acentuada em mais de um ano, de 1,0%.
Os efeitos das paralisações e interrupções de cadeias devido à pandemia do coronavírus no Brasil devem aparecer com ainda mais força nos indicadores de atividade de março, em meio à suspensão de funcionamento de várias empresas, cancelamentos de eventos e restrição de circulação de pessoas devido ao vírus.
Analistas de bancos afirmam que dados recentemente divulgados mostram que a economia brasileira já começa a sentir os primeiros sinais de impacto da propagação do coronavírus, com algumas casas prevendo retração superior a 3% este ano.
A pesquisa Focus mais recente do Banco Central mostra que o mercado prevê contração de 1,96% este ano, indo a um crescimento de 2,70% em 2021.
O Fundo Monetário Internacional projetou hoje, em seu relatório Perspectiva Econômica Global, que a economia brasileira deve contrair 5,3% este ano, um pouco mais pessimista do que a do Banco Mundial de recuo de 5% do Produto Interno Bruto (PIB).
A previsão do governo é de crescimento virtualmente zero (+0,02%) para o PIB neste ano, mas autoridades da equipe econômica – como o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto – já admitem que o desempenho deverá ser negativo.
“Os dados de atividade de janeiro-fevereiro foram fracos, mas ainda não representam a perspectiva para a economia já que ainda não capturam o impacto da pandemia de Covid-19… Além disso, a atividade também será impactada negativamente pelo forte aperto das condições financeiras domésticas, rápido enfraquecimento da demanda externa e deterioração dos termos de comércio”, disse o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos. (Com Reuters)
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