A mineradora Vale registrou lucro líquido de US$ 239 milhões no primeiro trimestre, ante prejuízo de US$ 1,64 bilhão no mesmo período do ano passado, informou a companhia ontem (28) em seu balanço financeiro.
O resultado também melhorou ante o último trimestre de 2019, quando a empresa registrou um prejuízo de US$ 1,56 bilhão, ao ser impactada por baixas contábeis em ativos de níquel e carvão e provisões relacionadas ao rompimento de barragem em Brumadinho (MG).
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A empresa destacou que o resultado financeiro do primeiro trimestre foi fortemente impactado pela desvalorização do real frente ao dólar, principalmente através do decréscimo no valor dos derivativos utilizados como hedge dos compromissos denominados em reais.
A Vale lembrou que protege parte de seus compromissos denominados em reais, tais como dívidas e futuros desembolsos relacionados à tragédia de Brumadinho, que já demandaram US$ 3,6 bilhões, entre acordos de indenização e pagamentos emergenciais.
Neste contexto, o resultado financeiro líquido foi negativo em US$ 2,285 bilhões entre janeiro e março, contra um resultado negativo de US$ 706 milhões no mesmo período de 2019 e de US$ 840 milhões no quarto trimestre.
Enquanto se recupera do desastre de Brumadinho, que matou mais de 250 pessoas no início do ano passado, a companhia ainda lida para conseguir retomar unidades produtivas, o que tem impactado negativamente sua produção e vendas, conforme informou em meados do mês.
Uma das maiores produtoras globais de minério de ferro, a empresa teve um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de US$ 2,88 bilhões no primeiro trimestre, ante um Ebitda negativo de US$ 652 milhões no mesmo período do ano passado e de US$ 3,536 bilhões no quarto trimestre.
O Ebitda ajustado de minerais ferrosos da companhia somou US$ 2,8 bilhões no primeiro trimestre, queda de 21% ante o mesmo período do ano passado e recuo de 37% na comparação com o quarto trimestre.
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“Os volumes de venda reduziram-se 34% no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre, como resultado, principalmente, da sazonalidade de menores volumes no primeiro trimestre, da interrupção parcial da planta de Brucutu e de manutenções programadas e não programadas realizadas no período”, disse a empresa.
A Vale gerou US$ 380 milhões em fluxo de caixa livre nas operações no primeiro trimestre, ficando US$ 947 milhões inferior ao do quarto trimestre, principalmente devido ao menor Ebitda ajustado pró-forma no trimestre, que foi parcialmente compensado pelo investimento sazonalmente menor e por menores despesas relacionadas a Brumadinho.
Apesar da geração de fluxo de caixa livre e da redução de US$ 549 milhões no valor em dólar norte-americano da dívida denominada em reais devido à desvalorização da moeda, a dívida líquida permaneceu relativamente estável em US$ 4,808 bilhões, devido ao efeito compensatório da desvalorização cambial sobre o saldo de caixa mantido em reais.
NAVIOS
Em seu relatório financeiro, a empresa também informou ter decidido pela eliminação ou substituição de 25 navios convertidos (de VLCCs para VLOCs3) de sua frota, seja por rescisão antecipada ou alteração de contratos.
A medida ocorre após um navio construído em 2016 de propriedade e operado pela companhia sul-coreana Polaris Shippings ter sofrido em fevereiro uma avaria e encalhado após deixar o terminal marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão, carregado com aproximadamente 295 mil toneladas de minério de ferro produzido pela Vale.
“A Vale está apoiando o armador com medidas técnico-operacionais e preventivas, de forma a remover de forma segura o combustível (operação concluída de forma bem-sucedida em 27 de março de 2020) e a carga de minério de ferro do navio”, disse a empresa.
INVESTIMENTOS
A mineradora decidiu revisar seu investimento previsto para 2020 para US$ 4,6 bilhões, contra US$ 5 bilhões previstos anteriormente, devido a decisões relacionadas ao novo coronavírus.
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A pandemia teve até agora um impacto limitado em suas operações. Mas medidas de prevenção a expansão do vírus deverão atrasar a retomada da produção de algumas minas e levaram a empresa a revisar para baixo suas perspectivas de extração para este ano.
A empresa decidiu suspender ou postergar trabalhos em projetos não essenciais, a fim de limitar o contingente de pessoas nas instalações da Vale àquelas com funções operacionais críticas.
“A continuidade dos investimentos dependerá, em grande parte, dos desdobramentos da pandemia da Covid-19. Por esse motivo e pela depreciação cambial ocorrida, a Vale revisou suas estimativas para investimentos”, afirmou a empresa.
“No entanto, essa redução não deve ser considerada uma economia real, pois é possível que essas despesas sejam incorridas em 2021, com custos extras para remobilização.” (Com Reuters)
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