Roupas masculinas e funcionais, com foco em um público jovem que preza por qualidade, seria uma definição simplista para a marca Insider Store. A fashion tech (termo que classifica empresas que atuam no mercado da moda se apoiando no uso de tecnologia) vai bem além disso. A marca é pioneira na aplicação de tecnologia em tecidos no país, o que resulta em peças de roupas com propriedades antibacterianas e, mais recentemente – com um “empurrão” da pandemia -, antivirais. Sim, o novo coronavírus está entre a gama de vírus contra os quais a roupa promete prevenir.
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Como se não bastasse, a Insider Store também é alinhada às demandas do consumidor atual e nasceu preocupada com sustentabilidade, o que é confirmado em vários estágios da cadeia de produção, que passa pela escolha de matérias primas como a fibra de modal (em sua lavagem gasta quatro vezes menos água do que na lavagem do algodão), os tingimentos feito com água de reuso e o selo “eureciclo”, que certifica a logística reversa das embalagens.
A marca opera no modelo D2C (direct-to-consumer, verticalizado e sem intermediários) e foi fundada em 2017 com investimentos próprios de R$ 100 mil do casal Carolina Matsuse, engenheira, e Yuri Gricheno, formado em relações internacionais, atualmente com 28 e 29 anos. Em apenas três anos, o faturamento da Insider cresceu mais de 10 vezes: R$ 700 mil em 2017, R$ 4 milhões em 2018 e R$ 8 milhões no último ano. No e-commerce, o único canal de vendas, já foram comercializadas 160 mil peças, e a base de clientes atual é de 60 mil usuários.
O ponto inicial foi uma “dor” de Gricheno, na época empregado na consultoria Falconi: “O nosso primeiro produto foi a undershirt [peça comumente usada por homens que trabalham de camisa social]. Buscamos levar funcionalidade à peça, que não era facilmente encontrada no mercado brasileiro, por meio de uma tecnologia que evitasse problemas como a proliferação de bactérias, suor, odor e calor”.
Atualmente o portfólio possui mais dois segmentos: a “cueca tech”, feita de poliamida biodegradável, e a linha de camisetas, subdividida em três produtos. A tech t-shirt, mais durável, com tecnologia têxtil que não esquenta, evita a proliferação de bactérias que causam odor e evapora o suor do tecido; a performance t-shirt, com uso da tecnologia Outlast, desenvolvida pela Nasa para proteger astronautas das variações de temperatura do corpo, ultraleve e com rápida evaporação do suor; e a antiviral, atual menina dos olhos dos empreendedores e dos clientes.
“Foi algo motivado pelo contexto atual, desenvolvido em apenas um mês. O nosso parceiro [a Insider opta por não revelar o nome] já tinha o aditivo antibacteriano, que demorou dois anos para ser desenvolvido, e o antiviral foi um upgrade. É aplicado por meio da nanotecnologia”, explica Gricheno. A cofundadora Carolina aborda os detalhes técnicos: “O aditivo que aplicamos age desativando o vírus em duas etapas. Existem dois tipos de vírus, os envelopados e os não envelopados. O novo coronavírus é envelopado. O nosso aditivo funciona da seguinte maneira: primeiro quebra a película lipídica, expõe o material genético ao ambiente e, em 15 minutos, o desativa. A substância funciona para impedir que o vírus permaneça em uma célula hospedeira e se replique”.
Pode até parecer utopia, mas, acredite, o futuro chegou. O tecido é certificado pela norma global ISO 18184, que confere a eficácia de produtos têxteis com propriedades antivirais e passou por análise na Universidade Federal de Santa Catarina, que comprovou 99,9% de eficiência contra as cepas testadas. Gricheno explica o objetivo de lançar a camiseta: “É justamente evitar a transmissão cruzada. A pessoa pode transportar o vírus ao esbarrar em outra contaminada, ao sentar em uma cadeira ou por outras ações, o que pode carregar o vírus para outros ambientes”.
O número seguro de duração do aditivo antiviral é de 20 lavagens – se forem agressivas, com uso de secadora e bastante atrito – mas a média real é de 50 lavagens: “É a mesma tecnologia utilizada em produtos de uso hospitalar, como roupas de cama, que são lavadas em temperaturas altas e com produtos agressivos”, exemplifica Carolina.
A Insider saiu na frente por ser a primeira marca de varejo de moda a trabalhar com essa tecnologia no país, porém, não quer manter algo tão benéfico, principalmente no contexto atual, apenas para ela, como explica Gricheno: “Optamos por não assinar um contrato de exclusividade, pois além de não conseguirmos atender o mercado inteiro faz muito sentido ela também ser usada por outras marcas”. E completa: “A tecnologia funciona em outros tecidos, sintéticos e naturais. O nosso objetivo é ampliar a linha de produtos com a ativação”.
A máscara, acessório que deverá ser obrigatório por um bom tempo, é o próximo item a ser lançado pela dupla, que no momento aguarda a validação do modelo. A expectativa é que chegue ao e-commerce na segunda semana de maio. Antes de a pandemia existir, já estava previsto o lançamento de camisas sociais para o mês de junho, data que será mantida. O time fixo de colaboradores possui cerca de 15 pessoas, e a empresa está com vagas abertas (que podem ser consultadas no LinkedIn). O casal é alinhado sobre aonde quer chegar. “A visão é ser top of mind e heart em tecnologia têxtil no Brasil e – quem sabe? – até no mundo. A nossa missão é facilitar a vida das pessoas”, conclui Carolina.
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