O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje (29) que o Brasil segue resistente, resiliente e com sinais vitais diante da pandemia de Covid-19 e deve surpreender positivamente, mas alertou que a retomada da economia vai depender das medidas e ações que serão tomadas daqui para frente.
Em uma exposição em seminário do BNDES sobre o mercado de gás, o ministro afirmou que o desenho dessa retomada pode ser em forma de um V “meio torto”.
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“Caímos rápido, e a volta depende de nós mesmos. Falo em (retomada em) V porque os sinais vitais da economia brasileira estão mantidos, mas evidentemente, dependendo de nossa reação por ser um U ou vira um L”, disse Guedes. “Prefiro trabalhar com V, pode ser meio torto, com subida um pouco mais devagar”, acrescentou.
Segundo o ministro, essa retomada depende da aprovação de reformas, de novos marcos regulatórios e de medidas para atrair investimentos e abrir a economia.
Ao comentar os dados do PIB do primeiro trimestre, divulgados nesta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Guedes disse que quer examinar os números desagregados para avaliar se, conforme é sua impressão, a economia brasileira estava decolando nos primeiros dois meses do ano, antes de ser abatida pela crise da pandemia da Covid-19.
“A impressão que eu tinha –com as exportações 6% acima do ano passado, investimentos diretos acima do ano passado, impostos no primeiro bimestre 20% acima do ano passado– as indicações é de que nós estávamos começando a andar”, afirmou Guedes em evento virtual do BNDES sobre gás.
“Aparentemente, com o impacto do terceiro mês, a crise chegou aqui”, acrescentou.
O PIB brasileiro encolheu 1,5% no primeiro trimestre deste ano sobre os três meses anteriores, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística hoje, maior tombo desde o segundo trimestre de 2015 (-2,1%).
O ministro frisou que a economia está agora hibernando, mas não pode perder os sinais vitais e que o governo já examina protocolos adotados em todo o mundo para a retomada da atividade.
“Eu imagino que o retorno ao trabalho será segmentado, não vai ser todo mundo ao mesmo tempo, será por unidades geográficas, há regiões onde o contágio está sendo menor”, afirmou Guedes.
“Todo mundo já está examinando e adotando esses protocolos para o retorno seguro ao trabalho ali à frente, quando a saúde der o sinal de que está na hora de avançar.”
Ele citou a construção civil como exemplo de setor que está tendo sucesso na retomada segura, com a indústria trabalhando com 93% da capacidade produtiva.
“CRETINO”
Guedes fez referências às tensões políticas no país, dizendo considerar normal embates entre os poderes em uma democracia. Mas afirmou considerar “cretino” ataques ao governo em momentos de uma crise gerada por um vírus que veio de fora.
“É cretino atacar o governo de seu país em vez de ajudar num momento desse”, disse o ministro. “Ninguém quer apoio a erros, mas também no meio de uma luta para salvar vidas ser apedrejado enquanto ajuda, a mim não me derruba, mas acho crime contra população”, acrescentou.
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Sem citar diretamente os embates mais recentes entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal, que lidera investigações que envolvem aliados do governo, Guedes disse ver como uma “virtude da democracia” a demarcação de território.
“Quando um poder pisa no pé do outro, o outro dá um empurrrão de volta; isso é natural e não é para dizer que o Brasil vai acabar por causa disso e que vai parar, que é um golpe, não tem nada disso”, afirmou.
Para o ministro, o país precisa de “cooperação, colaboração, compreensão, solidariedade , fraternidade”. “Todo mundo remando para chegar na margem, porque se briga a bordo do barco ele naufraga”, disse. (Com Reuters)
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