Com o negócio de software de design crescendo com o trabalho em casa durante a pandemia, o Canva levantou novos investimentos que avaliam a startup em US$ 6 bilhões.
O Canva anunciou nesta semana que levantou US$ 60 milhões em novos financiamentos pelos investidores Blackbird e Sequoia China, com participação também de investidores anteriores, como Bond, Felicis e General Catalyst. O investimento avalia o Canva em US$ 6 bilhões, quase o dobro da avaliação anterior de US$ 3,2 bilhões, estabelecida em outubro de 2019.
Em uma entrevista, o cofundador Cliff Obrecht disse que o investimento permitiria ao Canva continuar expandindo suas ferramentas de colaboração, abrir um escritório em Austin, no Texas, para servir como seu centro empresarial nos EUA, e também para considerar possíveis outras aquisições. O financiamento também visa fornecer ao Canva mais reservas de caixa em meio à incerteza da pandemia de Covid-19.
Sediado em Sydney, na Austrália, o Canva optou aumentar os fundos por meio dos antigos investidores devido à confiança construída com a empresa, disse Obrecht, e não porque o unicórnio teria enfrentado algum problema se tivesse procurado novos. “Com a quantidade de capital que geramos, estávamos com mais de dez vezes em excesso a nossa quantidade subscrição”, diz Obrecht. “Poderíamos ter arrecadado US$ 2 bilhões, mas acho que teria sido uma coisa realmente estúpida de se fazer.”
A empresa afirma que continua tendo lucros e está dobrando sua base de usuários pagos, que alcançou 500 mil companhias e 1,5 milhão de assinantes que usam a versão paga Canva Pro. Mais de 30 milhões de pessoas todos os meses usam o Canva, que opera em um modelo “freemium” que permite que os usuários acessem seu software gratuitamente. O Canva diz que também é usado hoje por 90 mil escolas e universidades, 55 mil organizações sem fins lucrativos além de contas de maior porte, incluindo American Airlines, Hubspot e Warner Music.
As origens do Canva datam de 2007, quando a CEO Melanie Perkins e seu namorado (agora noivo), Obrecht, começaram um negócio de design de livros de graduação anual em sua terra natal, Perth, na costa oeste da Austrália. Um terceiro cofundador, Cameron Adams, juntou-se ao casal em 2012, quando mudaram o foco para um novo negócio focado no uso de software para tornar as ferramentas de design gráfico e digital acessíveis a não designers e empresários, fornecendo modelos para a produção de produtos físicos como menus e folhetos, mas também para fins digitais, como Instagram, Facebook e outras campanhas de mídia social.
O Canva continua investindo em produtos de design físico –anunciou recentemente uma parceria com a FedEx–, mas Obrecht disse que a empresa viu uma mudança na criação de ativos de designs digitais, que continuam crescendo devido à disseminação do coronavírus. A criação e o compartilhamento de designs no Canva aumentaram mais de 50% desde o início do Covid-19, diz a companhia.
À medida que a pandemia se espalhou globalmente e os escritórios foram fechados no início de 2020, o Canva não tinha certeza inicial se seu software sofreria impactos positivos ou negativos. “Para usar uma analogia de navio, não tínhamos ideia de que tempestade estava chegando”, disse Obrecht. A empresa fechou seus escritórios, mas continuou a pagar fornecedores e equipe de limpeza, e começou também a entregar almoços embalados nas casas de sua equipe. Embora tenha diminuído as contratações, não demitiu ninguém. Alguns clientes pediram descontos ou pausaram suas assinaturas, afirma Obrecht, e as vendas de produtos impressos caíram temporariamente em 75%.
Mas os negócios gerais do Canva se mantiveram com o ambiente do home office, principalmente à medida que o uso de suas ferramentas de colaboração e vídeo disparou, e as pequenas empresas começaram a fazer projetos para alcançar clientes através das mídias sociais. “Isso nos levou a dizer: ‘Ei, colaboração é uma coisa real'”, diz Obrecht. “Devemos nos aprofundar um pouco nisso.”
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Com US$ 6 bilhões, o Canva tem uma avaliação quase duas vezes maior que a capitalização de mercado da Box e similar à do Dropbox, embora ainda haja um longo caminho a ser comparado com a líder de mercado do software de design, Adobe. Tudo isso com relação à receita esperada de US$ 200 milhões em 2019 e o dobro em 2020. Obrecht diz que, dados os números de crescimento e a lucratividade da empresa, a nova avaliação do Canva é modesta em comparação aos múltiplos atualmente desfrutados pelas empresas de computação em cloud nos mercados públicos. “É uma avaliação que provavelmente já superamos”, diz ele. “Eu ficaria mais preocupado em ser subestimado economicamente.”
Os fundadores do Canva provavelmente não estão muito preocupados. Em dezembro, a Forbes estimou que Perkins possuía 15% da Canva e Obrecht um pouco menos. Supondo uma leve diluição dessa nova captação de recursos, a participação de Perkins no Canva valeria mais de US$ 800 milhões, e as participações de Perkins e de Obrecht no Canva juntos valem pelo menos US$ 1,5 bilhão. O casal ficou noivo no ano passado com um anel que custou incríveis US$ 30.
“Nunca sentimos que estamos onde deveríamos estar”, disse Obrecht. “A conquista libera mais ambição e sempre há muito mais que você pode fazer. Acho que nunca deixaremos de tentar oferecer o máximo de valor possível aos nossos clientes.”
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