Os super-ricos podem ter de suspender seus pedidos de iates de luxo com a crise de coronavírus, que deve reduzir em US$ 3,1 trilhões o alto patrimônio líquido do mundo em 2020.
O impacto financeiro da Covid-19 fará com que as fortunas de pessoas ricas caiam 4% neste ano, encerrando uma década de crescimento anual consistente, de acordo com um novo relatório escrito em parceria pelas empresas financeiras Morgan Stanley e Oliver Wyman. O relatório diz que os efeitos serão duradouros, fazendo com que futuras taxas de crescimento sejam lentas em cada um dos três cenários futuros previstos pelas empresas.
Seu caso base de “recessão e recuperação” vê uma contenção dos estímulos pandêmico e fiscal, que sustentarão uma recuperação econômica em curva de U. Nesse cenário, o total de ativos mundiais de patrimônio líquido de riqueza cairia de US$ 79 trilhões para US$ 76 trilhões. Mas, devido à persistente incerteza econômica, o crescimento anual previsto dos ativos desse patrimônio nos próximos cinco anos seria reduzido da previsão pré-Covid-19 da Oliver Wyman de 6% para 5,1%.
No caso mais otimista, uma recuperação mais forte de curto prazo nos preços dos ativos levaria essa riqueza a fechar 2020 com um aumento
de 0,9%, para US$ 80 trilhões. No entanto, o crescimento anualizado nos próximos cinco anos “vê apenas uma modesta vantagem de nosso caso base” em 5,4% nesse cenário.
Já o caso pessimista, baseia-se em uma “queda significativa” adicional, esta riqueza cairia 10,2%, ou US$ 8 trilhões, para US$ 71 trilhões. Isso sugere que os riscos seriam mais fortemente inclinados para o lado negativo e os seus efeitos também seriam mais duradouros. O crescimento anual projetado de ativos para 2024 é em média de apenas 1% nesse cenário. “Isso implicaria um horizonte de quatro anos antes que a riqueza global dos mais ricos retornasse aos níveis de 2019”, afirmou o relatório.
Foi uma semana de grandes previsões. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) afirmou que na melhor das hipóteses, para a economia mundial, sem uma segunda onda do Covid-19, a atividade econômica global cairá 6% em 2020. Se houver uma segunda onda, isso pode aumentar para 7,6%
Ambos os cenários são preocupantes, pois a atividade econômica não vai e nem pode voltar ao normal nessas circunstâncias”, disse o economista-chefe da OCDE, Laurence Boone. “Até o final de 2021, a perda de renda excede a de qualquer recessão anterior nos últimos cem anos sem contar guerras, com consequências terríveis e duradouras para pessoas, empresas e governos”.
Recuperação em duas velocidades
Essa taxa de recuperação, no entanto será diferente na economia de cada país e deve variar bastante, com a China e os mercados emergentes a liderar o caminho.
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A OCDE prevê que o PIB da China cairá 2,7% em 2020 se o país evitar um segundo surto de Covid-19, depois se recuperará 4,5% no próximo ano. A Coreia do Sul, amplamente considerada como um dos países que contiveram o vírus de maneira mais eficaz, deve encolher apenas 1,2%, antes de crescer 3,1% em 2021.
Isso contrasta fortemente com o Ocidente. Os EUA devem contrair 7,3%, antes de recuperar 4,1% no próximo ano, com a zona do euro caindo 9,1%, seguida de um crescimento de 6,5%. A OCDE acredita que o Reino Unido será o pior atingido de todos, encolhendo 11,5% este ano, com aumento de 9% em 2021.
A Morgan Stanley e a Oliver Wyman esperam que isso se reflita nos fluxos globais de riqueza nos próximos cinco anos. Eles antecipam que esses ativos sob gestão dos gerentes de riqueza crescerão muito mais rapidamente fora dos mercados tradicionais desenvolvidos.
“À medida que a riqueza global se recuperar desse ano perdido, esperamos que as perspectivas de crescimento desses gerentes se afastem ainda mais dos mercados desenvolvidos. Embora a indústria deles ainda cresça 7% anualmente nos mercados desenvolvidos nos cinco anos anteriores à Covid-19, esperamos um crescimento lento de 3% a 4% ao ano nesses mercados”, disse Kai Upadek, sócio da Oliver Wyman e coautor do relatório.
A China, porém, será o destaque, com a Oliver Wyman prevendo um crescimento de 12% de patrimônio de riqueza nos próximos cinco anos. Prevê-se que a América Latina tenha o segundo patrimônio em crescimento mais rápido, em 8%; à frente dos países da Ásia-Pacífico não pertencentes à China, em 7%. Isso se compara a apenas 4% nos EUA e 3% na Europa Ocidental e no Japão, reforçando a crença de que um novo normal deve chegar.
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