Enquanto grande parte do mundo dos negócios experimentava retrações com o surto da pandemia de Covid-19, o homem mais rico da Ásia, Mukesh Ambani, estava ocupado escrevendo o que só pode ser descrito como o novo anormal. Em pouco menos de dois meses (58 dias para ser mais preciso) a empresa de Ambani, Reliance Industries, arrecadou mais de US$ 22 bilhões, em meio a um estrito bloqueio nacional na Índia. Tudo isso ao mudar o foco de seus negócios do petróleo para as telecomunicações.
O feito impulsionou a confiança dos investidores e as ações da Reliance, levando Ambani de volta ao grupo dos 10 maiores bilionários mais ricos do mundo após um período de nove anos. Agora no 10º lugar, com um patrimônio líquido de US$ 64,1 bilhões, Ambani adicionou US$ 27,3 bilhões à sua fortuna desde a lista de bilionários da Forbes divulgada em março, em que aparecia no número 21, com US$ 36,8 bilhões.
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Esta não é a primeira aparição de Ambani entre os 10 mais ricos do mundo. Ele entrou no grupo seleto pela primeira vez em 2008, no 5º lugar com US$ 43 bilhões e permaneceu no top 10 nos três anos seguintes. Em 2009, esteve na 7ª posição, mesmo com seu patrimônio líquido diminuindo para US$ 19,5 bilhões, após a crise financeira global de 2008. Em 2010, subiu para o quarto lugar com US$ 29 bilhões, caindo para o nono lugar no ano seguinte, com US$ 27 bilhões, em meio a uma recuperação global. A medida que outros o ultrapassaram, Ambani saiu do top 10 em 2012.
O ressurgimento de Ambani tem muito a ver com a forma como o magnata transformou sua gigante de petróleo e petroquímica em novos empreendimentos de rápido crescimento em telecomunicações e varejo. “Mukesh mudou a cara da Reliance de petroquímica para tecnologia”, diz o bilionário Harsh Goenka, presidente do RPG Group. “O fato de os investidores globais estarem lutando para ter participação na empresa durante uma pandemia global é absolutamente incrível.”
Mais de dois terços do financiamento de US$ 22 bilhões foram arrecadados ao ofertar uma participação de 25% na Jio Platforms, a unidade de telecomunicações e banda larga de rápido crescimento da Reliance, para alguns dos investidores mais espertos do mundo. Esse grupo inclui os bilionários Mark Zuckerberg, cujo Facebook comprou uma participação de 10% por US$ 5,7 bilhões, e o Vista Equity Partners, do titular de private equity Robert Smith, que pagou US$ 1,5 bilhão por uma participação de 2,3%.
No mês passado, Ambani também concluiu com êxito uma emissão de US$ 7 bilhões em ações da Reliance, a primeira da empresa em três décadas. O magnata adquiriu mais da metade dessa oferta, uma compra que lhe custará US$ 3,6 bilhões. Os investidores parecem concordar com o voto pessoal de confiança de Ambani no crescimento futuro da Reliance: as ações da empresa ganharam mais de 80% de valor nos últimos três meses. (A Reliance Industries é dona da Network18, que publica a Forbes India)
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Esse impulso, diz Sudeep Anand, chefe de pesquisa institucional do IDBI Capital Markets & Securities, deve-se, em parte, aos “investidores com pedigree que compraram a ideia e também porque a Reliance sempre entregou bons resultados”.
Em agosto passado, Ambani havia anunciado que a Reliance, que investiu US$ 46 bilhões para construir o Jio, teria dívida líquida zerada até março de 2021. Com dívida líquida de US$ 21,2 bilhões em março de 2020, a empresa deve atingir essa meta assim que todos os os fundos entrarem. O próximo passo do plano de Ambani é listar os negócios de varejo da Jio e da Reliance. Isso poderia dar a ele a chance de recuperar um lugar entre os 5 mais ricos do mundo.
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