Aqui está uma receita de sucesso do Pacífico. Comece com um imigrante de Pequim recém-chegado aos EUA –cujo visto foi rejeitado nas primeiras oito vezes que tentou. Faça com que o jovem consiga um emprego em uma startup da Califórnia com menos de 50 funcionários, cujos dois fundadores eram de Pequim e Mumbai. Próximo passo: faça com que a gigante do Vale do Silício, Cisco, compre a jovem empresa WebEx, cujo serviço é focado em videoconferência.
Mas em uma história tristemente familiar, a Cisco, então grande e bem-sucedida, mas distraída por muitas aquisições, não compreende a força central da WebEx. E, então, o imigrante de Pequim, agora na casa dos 40 anos, fica frustrado. Ele decide abrir sua própria empresa. Os capitalistas de risco dizem que ele está louco. Sua esposa se desespera. O mundo não precisa de outra empresa de videoconferência, dizem a ele. Mas o jovem de Pequim, Eric Yuan, está convencido de que a oportunidade no campo de videoconferência está apenas começando.
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E assim nasceu o Zoom, com sua surpreendente multiplicação global que está apenas começando. Recusado pela maioria dos investidores americanos, Yuan convence um par estranho a apostar forte nele. Um deles, Doug Leone, da Sequoia Capital, nasceu em Gênova, Itália, e chegou aos EUA com sua família aos 11 anos. O outro, Santi Subotvsky, nasceu e foi criado na Argentina. Hoje, Subotvsky dirige a Capital Emergence. Esses dois heterodoxos viram no Zoom e em Yuan uma oportunidade incrível de crescimento global.
No início de setembro, entrevistei Yuan, cujas ações pessoais no Zoom valiam US$ 16,8 bilhões no dia. A ocasião foi a conferência anual TiEcon, iniciada por expatriados indianos que viviam no Vale do Silício e agora um dos principais encontros de empresários do mundo.
O que mais impressiona em Yuan é a clareza de sua mensagem. Solicitado a descrever a cultura de sua empresa, ele responde em uma palavra: “felicidade”. Ao elaborar mais a resposta, ele diz que a oportunidade móvel foi um motivo secundário pelo qual ele pensou que o Zoom poderia ultrapassar os operadores de videoconferência da empresa em que trabalhava. Na realidade, o maior motivo é o fato de que “os produtos da outra companhia não deixavam os clientes felizes”. Yuan explica: “Ao construir o Zoom, decidi que ‘o vídeo seria a nova voz’. E que essa seria nossa visão. Nosso objetivo seria entregar felicidade desde o primeiro dia.”
“É por isso que entregar felicidade é importante. Digamos que todos os dias, quando os funcionários vêm ao escritório para trabalhar, eles não se sentem felizes, adivinhe? Ao interagir com outros companheiros de equipe, eles terão um impacto negativo. Imagine com os clientes. Como CEO da Zoom, meu objetivo número um é garantir que todos os funcionários estejam felizes”, revela.
A estratégia de felicidade do Zoom é a chave para conquistar clientes de grandes empresas, como Wells Fargo e a Universidade de Sydney. Os funcionários de grandes clientes aprendem frequentemente sobre o Zoom, usando-o gratuitamente em casa ou na escola. De volta ao trabalho, o serviço de videoconferência corporativo parece complicado. Eventualmente, os colaboradores satisfeitos com suas contas gratuitas do Zoom começam a pressionar a TI corporativa para uma mudança. A felicidade como estratégia de “pousar e expandir” pode parecer banal, mas fez com que o Zoom valha de US$ 90 bilhões a US$ 110 bilhões, dependendo do dia em que você verificar o preço das ações.
É apenas uma teoria pessoal, mas acho que a maneira simples e clara de Eric Yuan de gerenciar seu negócio é um resultado direto da diversidade global de seus mentores, financiadores e gestão. O lema “o vídeo é a nova voz” reconhece a necessidade universal de conexão. A felicidade é um sentimento desejado por todas as pessoas, e o valor central do Zoom é simples e emocionalmente poderoso. Não é nenhuma surpresa que o mercado de maior e mais rápido crescimento do Zoom fora dos EUA seja a Índia. O número três é o Japão. O Zoom realmente nasceu para o mundo digital.
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