A Harmless Harvest foi criada com uma missão: “Produzir a água de coco mais incrível da forma mais ética possível.” Mas o que acontece quando a única fonte de água de coco, o próprio coco, está em risco?
“No início deste ano, a produção de coco enfrentou problemas”, explica o CEO, Ben Mand. “Nós tivemos uma produção 12% menor com 30% a menos de água e sabíamos que precisávamos fazer algo.”
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A Tailândia, onde a Harmless Harvest compra os cocos, vive uma seca neste ano. Essa condição impactou a produção de recursos básicos como arroz e milho e, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, e isso pode gerar US$ 840 milhões em perdas para o país. Baixos níveis de água combinados ao fato de que 90% dos coqueiros na Ásia estão no final de seu ciclo produtivo, são sinais de que o fornecimento de coco pode ser um problema em um futuro próximo.
A indústria de água de coco teve grande crescimento na última década e agora é um mercado global avaliado em US$ 4 bilhões, com uma taxa de crescimento anual composta prevista em 16,1% nos próximos anos. A Harmless Harvest surgiu como líder na produção de água de coco orgânica menos processada.
A indústria tem problemas relacionados a direitos humanos e meio ambiente. Cerca de 95% dos cocos são produzidos por agricultores familiares na região da Ásia-Pacífico, com pouca segurança social. Segundo o “The Guardian”, “sem surpresas, os números de auxílios financeiros para produção de coco não tendem a aumentar.” Estima-se que cerca de metade dos produtores de coco das Filipinas vivam em condições de extrema pobreza, ganhando menos de US$ 1 por dia.
A Harmless Harvest reconhece que esse sempre foi um fator de risco para o negócio. Segundo Mand, “condições de mercado mudam constantemente. Não é incomum que os preços aumentem em 50% em questão de semanas. Trabalhamos junto a ‘Fair For Life’ para garantir preços estáveis aos produtores. Normalmente, a extração de cocos não tem preço mínimo”.
Essa estratégia chamou atenção dos investidores. Laurent Marcel, CEO da Danone Manifesto Ventures, disse: “Investimos na Harmless Harvest, porque acreditamos que eles têm os dois principais elementos de sucesso para marcas a longo prazo: um produto orgânico gostoso e uma cadeia de produção que cuida de pessoas e do meio ambiente. A empresa continua a crescer e aquilo que a torna ‘inofensiva’ é ainda mais relevante para os consumidores que estão cada vez mais preocupados em consumir marcas cuidadosas e transparentes.” Em 2018, a Danone investiu US$ 30 milhões na Harvest.
A empresa se comprometeu publicamente em extrair 50% de cocos de terras regenerativas e orgânicas certificadas até 2023. Isso significa que a Harvest investirá na recuperação da saúde dos solos e irá diversificar a renda de produtores parceiros. Segundo a companhia, essa estratégia irá garantir uma produção de cocos orgânicos e de qualidade. Os rendimentos anuais chegaram a US$ 100 milhões em vendas no varejo.
“Usaremos todos os recursos disponíveis nos ecossistemas nas fazendas: camarões e peixes em canais, leguminosas fixadoras de nitrogênio para o solo, abelhas que viabilizam a polinização, uso de pimentas contras pestes nos troncos de árvores. Todos esses esforços visam maximizar a saúde das plantas, captura de carbono, saúde do solo e diversificar as fontes de recursos, o que ajuda a aumentar o rendimento e resiliência financeira dos produtores”, afirma Mand.
Mand cresceu em uma fazenda convencional em Wisconsin e conhece esse modo de vida. “Meus avós eram agricultores e eu morei com meus pais na fazenda. Alguns anos atrás, meu pai morreu por conta de uma doença neurodegenerativa que pode ter sido desencadeada pelo uso de agrotóxicos. Para mim, essa missão é profundamente pessoal.”
A empresa afirma que aposta em agricultura regenerativa, porque no longo prazo a produção e a disponibilidade de cocos são essenciais para a sobrevivência do negócio. Mand espera que outros atores dessa indústria possam se juntar a ele. “Esperamos que nossos competidores se inspirem, juntem-se ao movimento e trabalhem na recuperação do solo. Todo o material de treinamento do nosso programa estará disponível para qualquer pessoa. Se todas as terras com atividade agrícola utilizassem prática regenerativas, nós poderíamos ter carbono suficiente no solo para reverter o aquecimento global em cinco anos.”
A Harmless Harvest planeja publicar um relatório anual sobre responsabilização de impactos.
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