O conceito de chatbank ainda é novo para muitos brasileiros, mesmo para aqueles que acompanham de perto as novidades do mercado, criadas com o objetivo de transformar a relação das pessoas com o dinheiro. A possibilidade de enviar remessas via chats on-line é a aposta de plataformas como o WhatsApp, que desde o ano passado iniciou a oferta do serviço no Brasil, mas produtos 100% nacionais também já investem na facilidade de se fazer transferências de dinheiro em uma conversa, como é o caso do Zro Bank, um dos primeiros chatbanks a operar na América Latina.
A ferramenta do Zro funciona por meio do aplicativo de mensagens Telegram, permitindo pagamentos e transferências dentro do chat, além de integrar moedas fiduciárias, como o real, a criptomoedas, como o bitcoin, que apenas em 2020 valorizou mais de 400%. A proposta, embora pareça futurista, é orientada pela força que move outras fintechs e bancos digitais presentes no país: simplificar o uso do dinheiro – seja ele em qualquer forma – e a gestão financeira de centenas milhares de pessoas, tudo na palma da mão.
A aposta na integração de moedas tradicionais com as criptomoedas do Zro Bank acompanha o crescimento na adoção dos ativos digitais no Brasil e no mundo. Em relatório divulgado em dezembro, a Chainalysis, empresa de análises do mercado cripto, revelou que o Brasil ocupa a 5º posição em valor nas negociações de criptomoedas on-chain (inferiores a US$ 10 mil), destacando a forte adesão popular das moedas digitais como meio de pagamento entre os brasileiros. Ainda segundo o levantamento, o Brasil é líder na América Latina em volume negociado, com o montante das transações somando US$ 9 bilhões no período de julho de 2019 a junho de 2020.
“Não cabe às pessoas aprender a mexer com criptomoedas, mas sim às empresas oferecerem algo simples para as pessoas realizarem suas transações. Ninguém quer aprender o que é uma wallet, elas querem confiar numa empresa transparente para assumir esses riscos”, explica Edisio Pereira Neto, CEO do Zro Bank. Além de criptos, a plataforma trabalha para oferecer ainda neste ano operações em euro, dólar e ouro, permitindo transações internacionais e liquidação em diferentes moedas com um modelo baseado em spread na conversão, sem taxas ou tarifas adicionais aos usuários.
O Zro foi criado em 2020 com capital próprio, acompanhando o crescimento dos bancos digitais no Brasil que, segundo dados apurados pelo UBS Evidence Lab, já superam as instituições tradicionais em números de downloads de aplicativos, com 52% de participação no mercado nacional em 2020. Com mais de 100 mil downloads, o Zro Bank negocia com fundos de investimentos a primeira rodada de captação séria A.
“A rodada de captação tem o objetivo de internacionalizar nossas opções, abrindo o Zro Bank para mercados como os EUA e Europa. A nossa grande meta é tornar possível realizar pagamentos internacionais em 10 segundos, como o WeChat faz na China via Telegram. Esse é o nosso desafio”, explica Pereira Neto sobre os planos da empresa.
Com sede no Recife e um dos primeiros bancos digitais nascidos no Nordeste, as barreiras de entrada do Zro Bank foram suavizadas pela pandemia, que impactou profundamente a relação dos brasileiros com o ambiente on-line. Para o CEO da fintech, no entanto, o avanço da digitalização dos serviços financeiros não é fruto do acaso, destacando que, além de uma tendência global, as iniciativas do Banco Central para a promoção da inovação têm impulsionado o mercado nacional.
“Eu trabalho há 16 anos no mercado de câmbio e, por muito tempo, vi a instituição (Bacen) como um obstáculo aos negócios, mas nos últimos anos ela se converteu num celeiro de oportunidades. Eles ligam e fazem consultas com o intuito de se aproximar e entender como é que as coisas funcionam. Eu tenho certeza absoluta que é uma questão de pouco tempo para que o Brasil tenha a sua própria criptomoeda”, finaliza.
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