A pandemia do coronavírus mudou a forma como os fundos de hedge fazem negócios, desde a arrecadação de recursos e muito mais. Algumas tendências vieram para ficar, enquanto outras mudam à medida que a pandemia chega ao fim.
Craig Bergstrom, diretor de investimentos da Corbin Capital Partners, disse em um e-mail que a gestão ativa havia retornado em 2020, fazendo com que a seleção de ativos se tornasse fundamental. Bergstrom disse que os resultados em toda a indústria são mistos, mas a dispersão significa que a construção cuidadosa de uma carteira tem sido preciosa.
“O amplo desempenho dos fundos de hedge certamente foi decepcionante nos últimos anos“, disse o diretor. “As taxas de juros muito baixas são uma grande parte desse problema, porém outro fator chave são as taxas dos próprios fundos, que caíram, mas não rápido o suficiente, consumindo muito do retorno bruto.”
LEIA MAIS: Tudo sobre finanças e o mercado de ações
Ele acrescenta que não é justo comparar os retornos dos fundos de hedge com o mercado de ações, em função das diferenças na volatilidade. No entanto, nos últimos meses, os gestores de investimentos finalmente começaram a ter mais facilidade para gerar um sólido alfa (qualquer título que, quando adicionado a uma carteira de ativos existente, gera retornos excedentes ou superiores a um benchmark pré-selecionado).
“O portfólio certo de fundos de hedge, entretanto, tem sido capaz de entregar alfa sólido e retornos atraentes a riscos ajustados, o que acreditamos permanecer muito agradável em um mundo onde a perspectiva de retornos em renda fixa são muito baixos”, disse Bergstrom. “Os investidores estão muito focados no desempenho, mas isso significa que perseguem o retorno. Eles estão tirando dinheiro dos retardatários e dando dinheiro para empresas de forte desempenho, de modo que os retornos ponderados em dólares costumam ser muito piores do que o relatado.”
A capacidade de arrecadação de fundos é uma “questão pedigree”
Um dos problemas que alguns fundos tiveram no último ano foi a captação de recursos. Bergstrom disse que as grandes empresas continuaram a crescer, enquanto as pequenas empresas enfrentam mais desafios para levantar dinheiro. Jason Meklinsky, do Apex Group, chamou o sucesso dos fundos de hedge em levantar recursos de uma “questão de pedigree”.
“Há um abismo exagerado entre o sucesso na arrecadação de fundos de administradores com bom histórico e seus pares menos estabelecidos”, disse Meklinsky em uma entrevista por e-mail. “Esses fundos têm uma chance média melhor do que a massiva parte dos fundos. Como resultado, estamos vendo entradas de fundos tanto nas blue-chips quanto nas boutiques do mercado, com fundos de capitalização média e aqueles sem um forte pedigree lutando para atrair investidores”.
O Apex Group observou uma desaceleração na quantidade de fundos sendo lançados e que o tamanho médio geral desses novos fundos caiu ano após ano. Meklinsky disse que o sentimento geral sobre a alocação para fundos de hedge é positivo para o próximo ano, mas também é ofuscado pelo desempenho decepcionante do setor nos últimos 12 meses.
O trabalho remoto é um desafio que veio para ficar
Bergstrom e Meklinsky falam sobre os desafios que as empresas enfrentam com a pandemia e fechamento dos escritórios. Bergstrom disse que desenvolver relacionamentos de forma remota impactou a captação dos fundos menores.
“Desenvolver novos relacionamentos neste ambiente é difícil, embora pareça que há um conforto crescente em reuniões e interações remotas ou por vídeo”, disse ele. “Do lado operacional, os fundos de hedge estão enfrentando o desafio de equilibrar o trabalho remoto e o pessoalmente. Trabalhar virtualmente não é perfeito, mas definitivamente está funcionando, então provavelmente haverá uma parte maior da indústria no futuro. Por outro lado, muitos dos investidores estão focados em voltar ao escritório, então haverá um equilíbrio para administrar”.
Meklinsky disse que a pandemia atrasou o processo de diligência dos fundos. Enquanto isso, muitos gestores buscam controlar os custos.
“Exacerbados com o trabalho remoto, os fundos expressam o desejo de mover a maioria das atividades de não investimento para ‘fora dos escritórios’ devido aos benefícios que veem em cortes de despesas gerais para os gestores, além da flexibilidade de aumentar ou diminuir a estrutura em qualquer momento do ciclo de vida dos fundos”, diz ele.
Olhando para 2021
A pandemia provavelmente mudou a indústria de fundos para sempre e Bergstrom acredita que o trabalho remoto veio para ficar.
“Parece provável que teremos um trabalho mais remoto, considerando o quão eficaz pode ser, embora eu ainda esteja ansioso para ter minha equipe reunida pessoalmente”, disse ele. “Também suspeito que as reuniões on-line irão substituir pelo menos algumas viagens. Se estivermos vendo menos clientes pessoalmente, vamos nos concentrar em melhorar nossas comunicações digitais e ser mais criativos sobre como compartilhamos ideias e conteúdo.”
“Estamos esperançosos que a contínua alta volatilidade e dispersão criem oportunidades para os gestores de boa performance e geração de alfa, embora passemos muito mais tempo pensando sobre como posicionar nossas carteiras para fornecer retornos ajustados ao risco agradáveis, mesmo se os fundos de hedge não forem atraentes”, afirma Bergstrom.
ESG em 2021
Outra tendência que pode continuar para os fundos de hedge em 2021 é a busca por questões ambientais, sociais e de governança (ESG, em inglês).
“Estamos extremamente focados no ESG e em como os gestores com os quais trabalhamos estão abordando isso”, disse Bergstrom. “Os fundos de hedge ficaram atrás de outras partes da gestão de ativos quando se trata de ESG, mas acreditamos que eles se tornarão mais integrados ao negócio de HF em 2021.”
Ele acrescenta que a mudança climática é uma preocupação central, tanto como risco quanto como oportunidade, mas a valorização de vidas pretas e diversidade, equidade e inclusão também são importantes.
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.