O Ibovespa terminou o dia em queda de 3,21% aos 115.067 pontos, no maior recuo diário desde outubro, encerrando a sequência de fechamentos mensais positivos. Na sessão, o movimento de aversão aos riscos ganhou fôlego com a promessa de greve dos caminhoneiros na próxima segunda-feira e incertezas políticas e fiscais às vésperas da eleição para as presidências do Congresso Nacional. No mês, o índice brasileiro acumulou variação negativa de 3,32%.
O chamado de greve, feito já há algumas semanas por entidades menores de caminhoneiros, ganhou adesão da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), uma das principais entidades da categoria no país. Em 2018, a greve de caminhoneiros contou com apoio de empresários do setor de transportes e paralisou o país por 11 dias em maio, gerando impactos na economia que perduraram ao longo de todo aquele ano.
“A sexta-feira, especialmente, é um dia em que investidores se protegem de eventuais surpresas que possam surgir no fim de semana com a bolsa fechada e sem poder pra agir. Aliado ao rumor de uma possível greve dos caminhoneiros, foi natural o movimento de proteção e saída da bolsa para evitar surpresas nos próximos dois dias. Há ainda um trauma grande da última greve dos caminhoneiros que impactaram o mercado e geraram pressão de custos nos alimentos. Efeito que seria bastante prejudicial numa situação atual ainda mais delicada por conta da pandemia”, avalia João Beck, economista e sócio da BRA.
O ambiente de cautela ganhou força com a batalha em Wall Street entre investidores do varejo e fundos de hedge (entenda o caso), com as ações da GameStop subindo 400% na semana, enquanto o S&P 500 registrou a pior variação negativa semanal desde outubro, com queda acumulada de 3,31%. No pregão de hoje, o Dow Jones perdeu 2,03% aos 29.982 pontos, S&P 500 recuou de 1,93% aos 3.714 pontos e o Nasdaq terminou em baixa de 2,00% aos 13.070 pontos.
No Brasil, as ações do IRB Brasil (IRBR3) fecharam em queda de 6,13% a R$ 7,20, após avançarem quase 18% no pregão de ontem com investidores do varejo tentando replicar localmente o caso GameStop. A correção de hoje foi influenciada pela decisão da B3 de negociar o ativo e seus derivativos apenas via leilão com o objetivo de evitar distorções nos preços e pelo alerta de órgãos reguladores sobre os riscos e consequências da manipulação do mercado.
Os papéis da resseguradora acumulavam até quarta-feira queda de mais de 20% apenas em 2021. No ano passado, o tombo foi de quase 77%, o pior desempenho do Ibovespa, quando uma crise de confiança atingiu o mercado após uma série de problemas envolvendo empresa, entre elas fraude contábil.
“Em momentos de volatilidade, o mecanismo de leilão promove uma melhor formação de preços com base em todas as ofertas de compra e venda disponíveis no mercado, resultado em maior proteção aos investidores”, afirmou a bolsa.
Para Marina Braga, líder de alocação na BlueTrade, é muito difícil acontecer no Brasil algo na mesma magnitude como ocorreu nos EUA, no caso da GameStop. Ela citou a regulação mais restritiva no Brasil, acrescentando que a própria CVM já se pronunciou sobre o tema, alertando sobre penalidades.
A semana foi também marcada por volatilidade para o par dólar/real com vacinas, risco fiscal, ruídos políticos e ata do Copom colaborando para o sobe e desce no câmbio. No fechamento de hoje, a moeda norte-americana subiu 0,69%, negociada a R$ 5,47 na venda. Na semana, o dólar levou a pior, recuando 0,16%, embora tenha disparado 5,46% em janeiro.
A fraqueza da divisa brasileira está associada, entre outros motivos, aos juros baixos, que deixam a moeda mais vulnerável a apostas de venda, num contexto de ampla incerteza sobre os rumos da política fiscal. “Diante da perspectiva de menor crescimento e das incertezas fiscais, o real deve se manter pressionado neste início de ano”, disse o Bradesco em nota na qual rebaixou a perspectiva de expansão do PIB neste ano de 3,9%, para 3,6%, citando o agravamento da pandemia.
“Enquanto não for descartada a hipótese de um estímulo fiscal amplo em 2021, a moeda tende a se manter bastante descolada dos pares”, afirmou o banco. Considerando um cenário-base em que a regra do teto será mantida e eventuais estímulos não comprometerão de maneira relevante a trajetória esperada para a dívida pública, o Bradesco espera que o dólar esteja em R$ 5,00 no fim do ano. (Com Reuters)
DESTAQUES DO IBOVESPA
Maiores Altas
BRKM5: +1,64% a R$ 24,22
MRFG3: +0,08% a R$ 13,29
Maiores Baixas
CSNA3: -8,27% a R$ 30,40
IRBR3: -6,13% a R$ 7,20
ECOR3: -6,04% a R$ 12,13
HYPE3: -5,58% a R$ 32,29
BRAP4: -5,27% a R$ 62,51
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.