Os últimos 12 dias foram duros para Donald Trump. Em primeiro lugar, chegou a notícia de que o Shopify estava retirando da plataforma os negócios de e-commerce do presidente, mas o prejuízo não foi considerável, algo próximo de US$ 931 mil por ano. Em seguida, a Associação de Golfe Profissional (Professional Golfers Association, em inglês) anunciou a transferência do PGA Championship de 2022, o que poderia custar a Trump alguns milhões em vendas anuais. Por fim, a cidade de Nova York anunciou o cancelamento de contratos do presidente, que fornecem cerca de US$ 18 milhões em receita anual – não o suficiente para desestabilizar um império que movimenta cerca de US$ 600 milhões ao ano.
O dano pode ainda não estar completo. Na última semana, dois inquilinos de Trump, o TB Alliance e o Girl Scouts of Greater New York, disseram que estão procurando maneiras de deixar o arranha-céu do presidente em Wall Street. Se mais inquilinos seguirem seu exemplo, seja deixando os imóveis ou prometendo não renovar os contratos, os problemas podem piorar para Trump. Seus imóveis comerciais geram cerca de US$ 191 milhões em receitas anualmente. Como uma alta porcentagem desses aluguéis se transforma em lucro, os ativos representam cerca de 59% da fortuna de US$ 2,5 bilhões de Trump. Para entender o efeito do motim no Capitólio nas finanças de Trump é preciso saber o impacto em seus ativos imobiliários comerciais.
Com isso em mente, a Forbes falou com os inquilinos de Trump para verificar o que planejam para os edifícios do presidente. Poucos responderam. Dos 140 inquilinos consultados, aproximadamente 120 não responderam, seis concederam entrevistas, mas não detalharam seus planos, e outros 10 se recusaram a comentar.
Apenas três empresas, Neuberger Berman, Santander e a empresa japonesa KNT-CT Holdings, declararam oficialmente que não tinham planos de alterar seus contratos de aluguel. Essas três empresas alugam um espaço na Avenue of the Americas, onde Trump possui uma participação de 30% ao lado da Vornado Realty Trust, que administra a propriedade.
Mudar contratos de aluguel pode ser algo caro. Encerrar um contrato de locação em Wall Street antes do combinado pode gerar rescisões milionárias, como explicado por um prospecto da Walgreens Boots Alliance. Por isso não é de se admirar que algumas empresas tenham sido rápidas em condenar as ações do presidente, mas lentas em tomar medidas sobre os negócios e aluguéis com Trump. A imobiliária Cushman & Wakefield, por exemplo, disse ao Washington Post que “tomou a decisão de não mais fazer negócios com a Trump Organization”. Parece claro que eles não vão mais emprestar seus serviços imobiliários para a Trump Organization, mas a empresa permanecerá dentro do imóvel, onde atualmente paga cerca de US$ 16,2 milhões de aluguel por ano. Dos quais US$ 4,8 milhões provavelmente vão para o bolso de Trump.
A Hadassah, organização que apoia mulheres judias, emitiu uma forte declaração no dia do motim no Capitólio. “O comportamento criminoso e os eventos desta tarde são abomináveis, assim como as tentativas de perturbar a democracia com incitação à violência”, disse o documento. “Como judeus, conhecemos o poder das palavras e exigimos que nossos líderes eleitos elevem o nível do discurso e lidem com civilidade.” A mensagem era uma clara condenação a Trump, que mentiu sobre os resultados das eleições durante meses e que, por acaso, é dono do escritório onde está localizada a Hadassah. Os representantes da organização também não responderam a perguntas sobre o aluguel, que custa US$ 1,6 milhão por ano.
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Várias grandes empresas fizeram questão de reavaliar suas doações políticas após o ataque ao Capitólio, incluindo o Bank of America, Goldman Sachs, Microsoft, JPMorgan Chase, Morgan Stanley e Blue Cross Blue Shield. Todos eles são inquilinos de Trump, fornecendo ao presidente cerca de US$ 14 milhões por ano em aluguel. Nenhum deles afirmou planos em mudar seus contratos de aluguéis.
O silêncio deixa no ar grandes questões sobre o futuro dos negócios de Trump. Cerca de US$ 191 milhões em aluguéis de áreas comerciais estão ligados a contratos que vencem após 2023, quando os ânimos podem ter esfriado. Mas algumas das empresas que expressaram publicamente preocupação com os acontecimentos do último dia 6 em Washington DC têm contratos que expiram antes.
Em 2019, quando a Forbes obteve um documento detalhando os contratos de aluguel de Trump, os bancos Goldman Sachs e JPMorgan Chase tinham contratos programados para expirar em 2021, enquanto o Morgan Stanley e a Microsoft tinham alguns vencendo em 2023. O Bank of America e o Cushman & Wakefield estão amarrados em seus contratos até 2025.
Também há a questão de como o motim afetará a capacidade de Trump de atrair novos inquilinos. Um dos aluguéis mais importantes do presidente envolve a Nike, que paga cerca de US$ 13 milhões por ano por um espaço em Nova York. A empresa de varejo saiu do prédio há alguns anos e realizou a sublocação da área para a Tiffany, que provavelmente sairá em 2022. Isso significa que o presidente pode em breve estar procurando um novo varejista para assinar um contrato de aluguel multimilionário com ele e todas as complicações que viriam com isso.
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