Os arquitetos Paulo e Bernardo Jacobsen, pai e filho, compartilham bem mais do que o sotaque carioca e o jeito espontâneo de ser – o qual ficou claro após a conversa via Zoom, cada um de sua casa, ambas localizadas no Rio de Janeiro. A união profissional da dupla aconteceu há 15 anos, momento em que trabalhavam com o ex-sócio Thiago Bernardes. Desde 2010, eles comandam o dia a dia do escritório Jacobsen Arquitetura e as pontes aéreas semanais (a sede fica em São Paulo) apenas em família. “A gente não consegue separar trabalho e momentos de lazer, é uma mistura boa. Pelo menos, assunto é o que não falta. A gente nunca fica calado. E aí tem uma caipirinha, um passeio, um neto na história, é sempre assim”, conta Paulo.
No ano em que comemoram uma década de parceria, lançaram, em outubro, o livro “Casa Tropical”, do autor Philip Jodidio, reconhecido escritor de livros de arquitetura, com edição da inglesa Thames & Hudson. Entre fotos e textos, 25 belíssimas propriedades projetadas pela dupla são reveladas aos leitores (24 delas em solo nacional, em cidades como Angra dos Reis e Paraty, e uma no exterior: Melbourne, Austrália).
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Confira trechos da entrevista com Paulo e Bernardo Jacobsen:
Forbes: Como foram os dois anos que antecederam o lançamento do livro?
Paulo Jacobsen: O livro é bem voltado para o mercado de fora. São casas de alto padrão em lugares fantásticos. Foi uma coincidência o autor ter nos convidado para o livro, pois calhou com o nosso momento de atuar mais fora do país.
Bernardo Jacobsen: Eu fui até a Suíça, onde o Philip Jodidio mora, e ele queria muito mostrar as nossas casas, pois percebeu também o interesse do público por essas propriedades inseridas na natureza. Foi simultâneo ao momento em que também tivemos muito contato com clientes fora, muito devido às mídias sociais, que permitem que as distâncias fiquem mais curtas. A concepção do livro ficou muito nas mãos do escritor e da editora eles escolheram as casas e nós não alteramos nada nos textos. A escolha de fotos e diagramação também deixamos na mão da Thames & Hudson.
F: O que não pode faltar em um projeto de vocês?
PJ: Leveza e transparência. A gente joga muito com o impacto que a construção tenha, que ela se misture com o que está em volta, o objetivo é fazer que ela se insira na cidade ou na natureza. São construções de inserção.
F: Todos os projetos são feitos a quatro mãos?
BJ: Sim, pensamos juntos. Se a gente faz separado, acaba dando briga depois.
F: Qual foi a motivação individual para se tornarem arquitetos?
PJ: Eu acho a palavra “arquiteto” linda. Eu não tinha nenhum talento especial para nada e era muito jovem. Naquela época você tinha que escolher muito cedo, com 16, 17 anos. Escolhi algo em que era bom, sempre fui ótimo para matemática. Então, descobri que a matemática era abstrata e começou a aparecer que eu poderia ser arquiteto. Eu era bom aluno, não nerd, bem hippie e cabeludo. Também fiz cinema, larguei a arquitetura por um tempo, fui para Londres, e aí a vida foi me levando.
BJ: Eu não queria ser arquiteto, sempre quis ser músico. Fugi da arquitetura por uns anos, mas acho que eu já estava muito dentro daquilo e realmente gostava. Não queria me enfiar de cabeça em uma coisa que era meio óbvia, mas eu já estava ali. O meu teste vocacional dava arquitetura, e, então, comecei a trabalhar como arquiteto e ao mesmo tempo eu tocava em uma banda, mas vi que a vida que queria era mais como arquiteto do que músico. Eu tentei ir por um caminho de fazer iluminação de shows. E justamente respondendo à sua pergunta, me esclarece um pouco, que teve um iluminador que trabalha com a gente até hoje, que me deu uma chamada lá trás para eu aceitar a arquitetura, quando eu tinha 20 anos. Foi quando decidi morar fora. Trabalhei na França e no Japão, também tive um escritório pequeno meu, na época não queria trabalhar com o meu pai.
F: Quais são os próximos projetos?
BJ: Atualmente estamos com um projeto em Manhattan, é um prédio no Soho, que tem a sua fachada tombada, e por dentro mudamos tudo. Ficará pronto em 2021. Em Long Island, estamos fazendo uma casa, em um bairro bem tradicional, e para isso estamos incorporando características locais, com uma pegada mais tropical e móveis brasileiros. Também estão acontecendo alguns projetos no Caribe e um projeto imobiliário nas ilhas Turks e Caicos.
Veja, na galeria de fotos abaixo, os do livro “Casa Tropical”, do autor Philip Jodidio.
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Leonardo Finotti JN House, em Itaipava, RJ: A propriedade, construída em 2011, é a primeira com uso de MLC (madeira laminada colada), um material mais sustentável que o concreto e o metal
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FG+SG CA House, em Bragança Paulista, SP : apesar do desnível considerável no terreno, a residência se concentra em dois pavimentos: no nível superior estão as suítes, e o nível inferior abriga a área social e a piscina
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Leonardo Finotti AM HOUSE, no Guarujá, SP : a construção, inserida na Mata Atlântica, traz uma inversão das casas usuais, com espaços de convivência mais altos que a parte destinada aos quartos
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FG+SG CM HOUSE, Angra dos Reis, RJ : a residência privilegia a vista para o oceano, com quartos e deck voltados para ele
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Pedro Kok RT HOUSE, Paraty, RJ : os espaços internos são totalmente integrados com as áreas externas, o que traz a sensação da natureza e luz privilegiada dentro dos ambientes
JN House, em Itaipava, RJ: A propriedade, construída em 2011, é a primeira com uso de MLC (madeira laminada colada), um material mais sustentável que o concreto e o metal
Reportagem publicada na edição 82, lançada em dezembro de 2020
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