O Ibovespa opera em queda de 4,08%, a 106.207 pontos, às 15h25 de hoje (21), com a confirmação de que o governo federal pretende contornar o teto de gastos para acomodar o programa Auxílio Brasil. No mesmo horário, nenhum papel do índice registrava alta.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo avalia se o benefício temporário que irá vitaminar o novo Bolsa Família será pago fora do teto, o que demandaria uma licença para um gasto de cerca de R$ 30 bilhões, ou se haverá uma mudança na regra constitucional para acomodá-lo.
Após as declarações, agentes do mercado pioraram as projeções macroeconômicas para 2022, que já eram desanimadoras por causa da combinação de inflação e juros em alta. O JPMorgan passou a prever aumento de 1,25 ponto percentual da Selic, com a taxa básica de juros chegando a 9,75% ao ano em fevereiro de 2022.
A Vale (VALE3), que registra queda de 3,77% por conta da tendência de baixa da cotação do minério de ferro na China, também pressiona a Bolsa brasileira. O mesmo vale para a Petrobras (PETR4), que cai 4,29% com ruídos da política de preços dos combustíveis no Brasil; e os grandes bancos, como Itaú (2,09%) e Banco do Brasil (4,85%), que devolvem os ganhos de ontem.
Os preços dos títulos de renda fixa tinham forte queda nesta quinta-feira, com o valor dos prefixados descendo a uma mínima em um ano e meio, reflexo de uma onda tomadora de taxa que está nocauteando contratos de juros desde a B3 até os mercados secundário e primário de papel. Os DIs chegaram a subir 60 pontos-base mais cedo, impactando fortemente os preços dos títulos.
“O impacto é imediato, e inicialmente os juros futuros são os mais afetados, com as curvas chegando a patamares que, há três meses, nós jamais pensávamos que veríamos”, diz Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos.
Outra preocupação do mercado ligada ao cenário fiscal é a PEC (proposta de emenda à Constituição) dos precatórios, cujo parecer é votado nesta tarde pela comissão especial que analisa o projeto.
O noticiário de Brasília também impacta a cotação do dólar, que é negociado em alta de 2,21%, a R$ 5,6814 na venda. (Com Reuters)