Por Ricardo Brito e Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e um grupo de senadores se reunirão nos próximos dias com os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luiz Edson Fachin, após uma série de ataques do presidente Jair Bolsonaro e manifestações no fim de semana contra a cúpula do Poder Judiciário.
Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL) confirmaram a realização do encontro.
À Reuters, Renan disse que na semana passada o grupo de senadores já esteve com vários ministros do Supremo e também com Pacheco conversando sobre o atual momento político no país.
Uma fonte próxima a Pacheco disse que a intenção é buscar baixar a temperatura neste momento de ataques à democracia, com um Poder atacando o outro. Segundo essa fonte, a ideia é tentar fazer uma espécie de meio-de-campo, “magistrar” esse conflito.
Bolsonaro subiu o tom nos ataques ao STF após ter concedido um perdão presidencial ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ). O parlamentar havia sido condenado pelo tribunal a quase nove anos de prisão pelos crimes de coação e ameaça contra ministros do próprio Supremo.
O presidente também voltou a atacar o processo eleitoral e exigir que as Forças Armadas possam contar os votos das urnas eletrônicas nas eleições de outubro. Na manhã de domingo em Brasília, ele não discursou aos apoiadores, mas compareceu rapidamente à manifestação favorável ao seu governo e afirmou, em uma transmissão ao vivo em suas redes sociais, que o ato era “em defesa da Constituição, da democracia e da liberdade”.
Segundo Renan, a iniciativa do encontro decorre dos ataques de Bolsonaro ao STF e do perdão a Silveira. “É um grupo suprapartidário que vai defender o Estado Democrático de Direito e as instituições”, disse ele, que já foi presidente do Senado.
No próprio domingo, Pacheco chegou a se manifestar em favor do Poder Judiciário. Ele disse que manifestações “ilegítimas e antidemocráticas” que pedem intervenção militar e fechamento do STF são “anomalias graves que não cabem em tempo algum”.
“Manifestações populares são expressão da vitalidade da democracia. Um direito sagrado, que não pode ser frustrado, agrade ou não as instituições. O 1º de Maio sempre foi marcado por posições e reivindicações dos trabalhadores brasileiros”, afirmou ele, no Twitter.
“Isso serve ao Congresso, para a sua melhor reflexão e tomada de decisões. Mas manifestações ilegítimas e antidemocráticas, como as de intervenção militar e fechamento do STF, além de pretenderem ofuscar a essência da data, são anomalias graves que não cabem em tempo algum”, destacou o presidente do Senado e do Congresso Nacional.